012- Lewis Hamilton

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O ruído dos motores ainda ressoava na minha cabeça, mesmo horas depois do fim da corrida

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O ruído dos motores ainda ressoava na minha cabeça, mesmo horas depois do fim da corrida. O cheiro de borracha queimada, o rugido das arquibancadas e a vibração da pista continuavam gravados em minha memória. Mesmo sem entender de Fórmula 1 no começo, eu havia aprendido rápido: Lewis não era apenas um piloto. Ele era um mestre no asfalto, dançando entre curvas perigosas e retas velozes com confiança hipnotizante. Oito títulos. E eu havia acabado de testemunhar o oitavo com meus próprios olhos, lá em Abu Dhabi.

Agora, no entanto, o som das comemorações se transformava em silêncio, um tipo de silêncio pesado, incômodo. Eu esperava sozinha na suíte do hotel, sentada no sofá de couro macio, enrolando os dedos nervosamente. O quarto estava mergulhado em penumbra, iluminado apenas pelas luzes tênues da cidade que invadiam pelas janelas. Por mais que tentasse me concentrar na vitória, uma sensação de vazio crescia dentro de mim. A pergunta que me atormentava há semanas era inevitável: Será que nós conseguimos seguir juntos depois disso?

Eu sempre soube que a vida com Lewis seria complicada. Ele era um campeão, um dos maiores que o mundo já viu, e eu o admirava por isso. Mas a admiração não bastava para preencher a distância entre nós. As viagens, os compromissos intermináveis e a sensação de estar vivendo na periferia da vida dele foram, aos poucos, me desgastando. Eu não queria ser apenas mais uma pessoa esperando por ele. Eu queria estar ao lado dele.

Um clique suave na porta me fez erguer a cabeça. O coração disparou no peito. Ele estava aqui.

Lewis entrou no quarto com passos silenciosos, ainda vestindo a camiseta preta justa que usava por baixo do macacão de corrida. Segurava o boné amassado na mão e me lançou um sorriso, mas seus olhos carregavam um cansaço profundo. Ele estava feliz, mas havia algo mais ali — uma inquietação que reconheci de imediato. Ele também estava com medo.

— Ei — disse ele, fechando a porta atrás de si e se aproximando devagar. — Você veio.

— Claro que vim. Não perderia essa corrida por nada.

Ele largou o boné em uma poltrona e sentou-se ao meu lado no sofá. Por alguns segundos, não dissemos nada. Era estranho ter esse momento de tranquilidade depois de tanta euforia, como se ainda estivéssemos tentando entender o que fazer com o silêncio.

— Eu... Nem sei por onde começar — murmurou ele, esfregando o rosto com as mãos.

— Começa pelo começo — sugeri, tentando manter a voz suave. — Ou pelo fim. Tanto faz.

Ele riu, uma risada curta e sem alegria.

— Eu pensei em você durante toda a corrida. A cada volta, tudo o que eu conseguia pensar era: E se ela não quiser ficar? E se não for suficiente?

Meu coração apertou com aquelas palavras. Mesmo com tudo o que ele tinha conquistado, Lewis ainda se sentia vulnerável.

— Lewis, não é sobre ser suficiente ou não. — Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. — É sobre nós. Sobre como tem sido difícil encontrar espaço entre a sua vida e a minha.

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