O ar da noite em Mônaco era morno, mas eu ainda me sentia fria, como se não pertencesse àquele lugar. A festa acontecia em uma cobertura luxuosa, com suas luzes extravagantes e conversas rápidas entre milionários e estrelas que pareciam feitos de outro mundo. Meu vestido vermelho colava na pele de um jeito desconfortável, como se eu fosse uma criança forçada a vestir algo que não queria. Era um traje para impressionar, uma ferramenta, assim como o sorriso que eu exibia para os fotógrafos no início da noite. Agora, sozinha na varanda, podia finalmente abaixar a guarda e respirar.
A taça de champagne gelada estava na minha mão, mas eu não tinha coragem de beber mais do que um gole. Olhar para o mar era como um pequeno alívio, uma lembrança de que existia um mundo real fora dali. A luz alaranjada do pôr do sol refletia nas águas, criando uma cena que parecia uma pintura. Eu me perdi na imensidão por um instante, imaginando o silêncio que seria estar em um barco no meio daquele mar, longe de tudo isso. Longe das expectativas e dos flashes.
Foi então que ouvi uma voz atrás de mim, baixa e com um leve toque de humor:
— Não é o tipo de festa que você gosta, é?
Virei-me devagar e, por um segundo, não consegui disfarçar a surpresa. Carlos Sainz. Ele estava ali, a poucos passos de mim, com um sorriso leve nos lábios e as mãos nos bolsos. O terno preto se ajustava perfeitamente ao corpo dele, mas o que mais me chamou a atenção foi a tranquilidade em seu olhar. Havia algo fascinante naquele contraste: um dos pilotos mais rápidos do mundo, conhecido por arriscar tudo em cada curva, agora ali, me observando como se não tivesse pressa nenhuma.
Eu sorri, tentando manter o tom casual.
— Estou sendo tão óbvia assim?
Ele inclinou a cabeça, como se analisasse cada detalhe meu, mas sem nenhuma malícia. Era apenas uma observação curiosa, quase gentil.
— Acho que reconheço a expressão — disse ele. — Já estive em muitas festas onde preferia estar em outro lugar.
Carlos Sainz falando de festas com um desdém sutil era uma imagem engraçada. Mas, de alguma forma, fazia sentido. Ele parecia deslocado ali tanto quanto eu. Por um instante, fiquei imaginando como seria para ele: meses viajando pelo mundo, dormindo em hotéis diferentes a cada semana, sendo pressionado a vencer sempre. Ele e eu não éramos tão diferentes. Cada um de nós interpretava um papel — ele, o piloto incansável; eu, a atriz sempre sorridente. Mas a verdade é que, às vezes, tudo isso era exaustivo.
— Você não parece do tipo que gosta de multidões — comentei.
— E você? — Ele arqueou uma sobrancelha, o olhar curioso. — Atriz famosa, festas, tapetes vermelhos... Pensei que isso fosse rotina.
Soltei uma risada curta, mais um reflexo do que uma resposta genuína.
— Faz parte do trabalho. Não é a mesma coisa.
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Parabólica| Imagine Athletes
Fanfictionparabólica; - última curva do circuito de Monza, Itália, um setor ícone. - parabolica agora é um setor moderno. - onde eu escrevo imagines com seus atletas favoritos.