Era uma tarde ensolarada de maio, o tipo de dia em que a cidade de Barcelona parecia exalar vida. O clima estava quente, mas não opressivo, e as ruas estavam cheias de turistas encantados com a arquitetura de Gaudí. Para mim, contudo, aquele sábado estava reservado para algo completamente diferente. Eu estava prestes a fazer uma cobertura especial para meu canal, acompanhando a final da Liga Feminina de Futebol entre Barcelona e Atlético de Madrid. Na verdade, nem sempre me interessei por esportes, mas desde que comecei a misturar temas de empoderamento feminino com moda e lifestyle, algo dentro de mim dizia que o futebol feminino era um território a ser explorado.Eu tinha ouvido falar de Alexia Putellas, claro. Quem nunca? No meu feed do Instagram, volta e meia surgiam vídeos dela: golaços, dribles incríveis, imagens dela erguendo troféus com a confiança de uma guerreira invicta. Ela parecia intocável, quase sobre-humana. Para mim, Alexia era uma dessas figuras tão distantes da realidade comum que era quase como um mito. Mas agora, eu teria a chance de vê-la de perto. Não só de vê-la, mas de contar sua história para o meu público. Fui convidada para gravar conteúdos nos bastidores do jogo e, se a sorte estivesse do meu lado, até entrevistar algumas jogadoras. E claro, Alexia era o meu alvo principal.
Cheguei ao estádio Camp Nou com meu equipamento de filmagem e uma sensação nervosa no estômago. Eu já havia coberto muitos eventos importantes antes, mas este era diferente. Havia uma energia no ar, algo vibrante e palpável. O estádio estava lotado de fãs entusiasmados, a maioria vestindo as cores azul e grená do Barcelona. Eu não conseguia deixar de me perguntar o que havia de tão especial no futebol feminino que atraía essa multidão.
Caminhei pelos bastidores com meu celular em mãos, registrando cada detalhe para meus stories. As jogadoras do Barcelona estavam concentradas, trocando poucas palavras. A tensão era palpável. Quando passei pela área de aquecimento, meus olhos imediatamente encontraram Alexia. Ela estava ali, de costas, ajeitando as meias e os cadarços das chuteiras, completamente alheia ao burburinho ao redor.
Aproximei-me devagar, incerta sobre o que dizer
— Oi, Alexia, sou Aurora Vergara, da mídia digital...— não consegui terminar a frase antes de perceber que ela estava tão concentrada que nem havia notado minha presença. Seu foco era absoluto, o tipo de concentração que raramente vejo no meu mundo, onde as distrações são constantes. Eu não sabia se ficava impressionada ou desapontada.
Resolvi dar espaço. Talvez não fosse o melhor momento para abordá-la. Continuei capturando imagens do ambiente enquanto refletia sobre essa dualidade: no mundo digital, eu estava acostumada a que tudo fosse rápido, espontâneo, no momento. Mas ali, no campo, era uma questão de foco extremo, disciplina e paciência.
O jogo começou, e o estádio vibrou. Sentada na área reservada para a mídia, pude sentir a energia das torcedoras ao meu redor. Os primeiros minutos foram eletrizantes, com o Barcelona dominando a posse de bola. Toda vez que Alexia tocava na bola, a arquibancada explodia. Sua presença era magnética, e não era só pelo seu talento. Havia algo nela, uma aura de liderança, como se cada jogadora em campo olhasse para ela em busca de orientação.
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Parabólica| Imagine Athletes
Hayran Kurguparabólica; - última curva do circuito de Monza, Itália, um setor ícone. - parabolica agora é um setor moderno. - onde eu escrevo imagines com seus atletas favoritos.