"Nem Romeu e Julieta, jamais sentiram o que nós sentimos."

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Draco e eu descemos as escadas da minha torre discretamente, passando pelo dormitório das meninas, que estava deserto àquela hora. Conforme avançávamos pela comunal da Grifinória, os olhares cravados em nós eram impossíveis de ignorar, acompanhados de sussurros venenosos e risadinhas abafadas que me atingiam como pequenas agulhas.

"Granger e Malfoy... quem diria...”, murmurou alguém, antes de cair em outra onda de risos disfarçados. Outro, com um tom mais duro, comentou: “Olha só, a monitora da Grifinória se agarrando a uma serpente covarde.”

Draco, impassível à hostilidade, liderava o caminho, sem olhar para os lados, o aperto em minha mão firme, uma promessa silenciosa de que enfrentaríamos isso juntos, independentemente do que dissessem.

Os comentários maldosos foram se intensificando, mas um em particular atraiu a atenção de Draco.

Imagino o que seu pai diria, Malfoy, ao ver você de mãos dadas com uma Sangue-Ruim.”

Senti raiva borbulhar dentro de mim, mas antes que pudesse responder, Draco já havia soltado a minha mão e avançado sobre o provocador.

— Vai repetir isso? — desafiou Draco, a voz soando arrastada e fria, o rosto a milímetros de distância do garoto, que, agora com olhos arregalados, titubeava.

— Draco, — murmurei,  ele soltou o aluno.

— Deixem eles em paz! — Era a voz de Harry, firme como uma parede. — O que a Hermione faz ou deixa de fazer não é da conta de nenhum de vocês.

Eu suspirei aliviada, trocando um olhar de agradecimento com o Harry.

Draco entrelaçou a mão na minha novamente e nos afastamos do tumulto. Senti ele se enrijecer ao meu lado. Olhando para a  guardiã da torre da Grifinória, que parecia ofendida pela visão de um Sonserino em seu território. 

Não, eu não posso ver isso. A mulher gorda,cobriu o rosto com as mãos em um gesto teatral.

Uma risada escapou de meus lábios antes que eu pudesse contê-la. — Por favor, deixe nos passar. — Eu disse rindo.

Porém, ela continuou a brincar, abrindo ligeiramente os dedos para espiar.

Oh, céus! Parece que até mesmo as diferenças de casas não podem impedir o amor!'Ah, Romeu e Julieta de Hogwarts.” suspirou como uma velha senhora apaixonada, enquanto abria caminho para nós passarmos.

Assim que passamos além do retrato, Draco perguntou:

— Romeu e Julieta?

Apensar da pressa com que subíamos as escadas, tentei explicar para ele, sabendo que ele provavelmente desconhecia a história. — Bom, — comecei, ajustando o ritmo para falar enquanto andávamos, — é uma história romântica escrita por William Shakespeare, um famoso poeta e dramaturgo trouxa. Romeu e Julieta são dois jovens apaixonados que pertencem a famílias rivais na cidade de Verona. O amor deles é tão intenso que enfrentam todos os desafios possíveis para ficarem juntos. Mas... — fiz uma pausa, pesando as próximas palavras — a história não termina bem. Por causa de uma série de mal-entendidos e, eles acabam morrendo.

— Isso não te lembra algo? — Draco perguntou, enquanto me guiava pelos corredores.

Não pude evitar pensar na comparação que ele fazia; somos de casas diferentes, crescidos com valores opostos, éramos como duas forças tentando resistir a um mundo que nos dizia que o que sentíamos era errado.

Parei abruptamente, fazendo Draco se voltar para mim, confuso.  — Draco… e se acabar como tudo acabou entre Romeu e Julieta?

Em um movimento tão rápido quanto delicado, ele segurou meu rosto com firmeza, forçando-me a encarar seus olhos cinzentos. — o que estamos vivendo é real. O que eu sinto por você é mais forte do que qualquer coisa que já tentaram nos impor.

Meu coração disparou no peito. Todos os meus medos e inseguranças derretiam diante de suas palavras, e então, antes que eu pudesse reagir, senti seus lábios tocarem os meus.

— Romeu e Julieta de Hogwarts, é? — ele murmurou com desdém, ainda com os lábios bem próximo aos meus. — Aposto que eles jamais poderiam sentir o que sentimos.

Senti meu rosto esquentar, um sorriso tímido ameaçando escapar enquanto eu o puxava de volta para um segundo beijo. Mas, antes que nossas bocas se encontrassem novamente, fomos interrompidos por vozes ao longe.

Olhei adiante e vi uma aglomeração de alunos no corredor. Eu e Draco nos aproximamos com cautela, percebendo as expressões tensas e assustadas ao redor. No meio da confusão, a professora McGonagall conversava rapidamente com Snape, visivelmente preocupada. Quando meus olhos passaram pela multidão, avistei Gina chorando copiosamente nos braços de Harry, enquanto Rony, pálido, parecia em estado de choque.

Zabini notou nossa presença e se afastou da multidão, vindo em nossa direção. "

— E aí, cara...,  — ele disse, lançando um olhar discreto para as nossas mãos entrelaçadas. Sua expressão se tornou ainda mais confusa e espantada do que antes.

Draco não perdeu tempo e perguntou a Zabini:

— O que está acontecendo?

— Uma aluna foi encontrada morta... Ainda não deram detalhes… —  Zabini disse com a voz alta, por causa da agitação na multidão.  ele se aproximou mais, os olhos estremecidos, — Acho que foi uma Maldição Imperdoável, ele sussurrou, tão baixo que apenas nós dois pudemos ouvir.

Minhas pernas ficaram bambas, e por um momento, não consegui pensar. Minha mente girava. Isso não está acontecendo. Primeiro, a carta... agora isso?

— Ela era trouxa? — ouvi Draco perguntar, mas sua voz parecia distante, abafada.

— Não, mestiça — Zabini respondeu, mas as palavras repetiam-se incessantemente em minha mente, eu deveria dizer algo, reagir... mas não consegui. Fiquei estática, uma barreira invisível me prendendo. Sentia minha garganta fechar, mas nada saía. E se fosse eu? Se eu fosse a próxima? Tudo dentro de mim começava a desmoronar.

De repente, percebi o aperto firme de Draco na minha mão.

— Hermione… — Ele disse em voz baixa, inclinando-se um pouco mais perto, sua voz tentando me puxar de volta. —Você ouviu. Ela não é trouxa.

Eu o escutei, mas meu coração pesava ao ver o corpo da garotinha, coberto por um manto negro, sendo carregado por dois professores. A multidão se afastava, abrindo caminho para permitir que o corpo inerte da garota passasse.

— Muito bem, alunos! Voltem para seus dormitórios!  — a voz de McGonagall dominou o ar —  As devidas medidas de segurança serão tomadas! Amanhã tudo ficará esclarecido!

De repente, Gina apontou para algo no chão. "Professora, olhe!" Todos olharam ao mesmo tempo. Ali, brilhando no chão, estava um pequeno emblema, perto de onde o corpo estivera.

— Accio! — McGonagall agiu rápido e
o objeto voou até as mãos dela, e à medida que ela o erguia à altura dos olhos, a tensão no ar praticamente se solidificou. O brilho prateado e esverdeado logo ficou evidente. Um emblema da Sonserina. Então, o olhar desconfiado de McGonagall pousou imediatamente sobre Draco, e eu me obriguei a respirar.

— Isso aqui não pertence ao senhor, Draco Malfoy?

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⏰ Última atualização: Nov 11 ⏰

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