"Está com medo, perereca de fogo?"

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Draco e eu saímos do banheiro cobertos por toalhas macias. O quarto estava banhado pelos primeiros raios de sol, criando uma atmosfera dourada. Entre brincadeiras e risadas, começamos a nos vestir. Enquanto penteio meu cabelo em frente ao espelho, sinto o olhar intenso de Draco sobre mim.

— O que foi? — pergunto, notando-o franzindo os lábios, segurando uma risada.

— Nada demais — ele responde, erguendo as mãos em sinal de inocência.

— É o meu cabelo, não é? — Suspiro em tom de brincadeira, enquanto ele ri e balança a cabeça. — Eu sei que ele fica meio enrolado quando está molhado. É ridículo.

— Não acho ridículo — diz, sorrindo. Ele se aproxima e envolve minha cintura com um braço. Pressiona o rosto contra o meu pescoço e solta um gemido suave, que reverbera pelo meu corpo, fazendo-me tremer. O cheiro de sabonete e shampoo — uma mistura tentadora — me preenche os sentidos.

— Você cheira tão bem — solto em um suspiro, antes de lançar um olhar travesso em sua direção. — Cheira como meu sabonete.

— É que eu uso o seu sabonete quando tomo banho — ele admite, suas bochechas ficando ligeiramente coradas.

— O que você disse no banho é verdade? — pergunto, com a voz baixa. — Você realmente quer casar comigo?

— Sim — Draco responde, com firmeza.

— Mentiroso — acuso, rindo.

— Eu realmente quero! — Ele argumenta, corando ainda mais.

— Então, eu gostaria de ter uma casa com aquecimento trouxa — resmungo, sabendo bem que ele não curte coisas trouxas.

— Então você não precisa de mim para aquecê-la — ele provoca, segurando meu rosto, arrastando o polegar pelo meu nariz.

— Bem, você não estará em casa o tempo todo, não é? — levanto uma sobrancelha.

— Claro que estarei — ele sorri, encantador. — Sou herdeiro dos Malfoys. E o único trabalho que terei será entre suas pernas.

— Idiota — repreendo, revirando os olhos.

— Estou brincando, mas eu adoraria — ele insiste, com sinceridade em seu olhar. — Conte-me mais sobre a casa dos seus sonhos, Granger.

Fecho os olhos por um momento, imaginando:

— O exterior poderia ser rodeado de livros. Uma vez vi uma casa assim, e era tão reconfortante de se olhar. É como olhar para o céu.

— Eu não me importaria com isso. Ele cantarola, pensativo.

— Haveria uma marquise e uma grande varanda nos fundos. Uma cozinha com uma pia enorme. E eu manteria um jardim no quintal, também.

— Quantos quartos? — ele pergunta, curioso.

Hesito:

— Só um para nós.

— Você não quer filhos? — Draco suaviza a pergunta, seu polegar traçando a maçã do meu rosto. Ele não parece surpreso nem chateado, apenas curioso.

— Ainda não sei — dou de ombros. — Realmente não sei.

— Eu acho que gostaria de um bebê. Acho que seria um bom pai. Tentaria, pelo menos. — Eu vejo aquele brilho em seus olhos enquanto ele imagina, por um momento, ele mesmo cuidando de uma criança. Um pequeno sorriso aparece em seus lábios enquanto ele contempla a ideia. — Eu poderia fazer isso com você — ele diz, olhando para cima com os olhos cinzentos brilhando.

Eu sorrio, mais para mim do que para ele.

— Só se você quiser, claro — Draco corrige, parecendo um pouco ansioso.

— Certo — murmuro, deitando-me em seu peito. Escuto seu coração, rápido e forte, subo e desço com o ritmo de sua respiração.

— Se você não quer filhos, eu não quero filhos — ele suspira, deixando a cabeça cair para trás no sofá. — Estou levando essa conversa ao chão, não estou?

— Você pode tentar de novo, se quiser.

— Eu gostaria de ter filhos. Se você quiser filhos. Eu amo você — diz ele com simplicidade.

Não consigo segurar o riso.

— Eu te amo — retribuo.

Ele me beija,  me beija para se comunicar, para dizer que é meu.

Em algum recanto sombrio do castelo de Hogwarts.

— Ela recebeu o bilhete? — a voz cortante, cheia de impaciência, ecoou pelo corredor estreito. Era uma voz fina, porém firme, usada para manipular.

— Sim — respondeu a outra, sua boca se curvando em um sorriso dissimulado.

— Ótimo. Time de agir. Você está pronta, certo? — a pergunta veio carregada de expectativa.

— Já? — Uma hesitação momentânea atravessou o ar.

— Está recuando agora? — A garota de cabelos escuros inclinou a cabeça, olhos semicerrados, atentos a cada detalhe da hesitação de sua "aliada".

— Jamais. Ela vai pagar caro por se envolver com ele — A segunda garota apertou os lábios, o ciúme a corroía por dentro.

— Então esteja pronta. Quando eu chamar… — o restante da frase ficou no ar…

Um ruído abafado à espreita chamou ambas à atenção. No fim do corredor mal iluminado, uma menininha loira, com não mais do que treze anos, olhava petrificada para a dupla. O cachecol da Grifinória envolvia seu pequeno pescoço, e o pavor em seus olhos não deixava dúvidas — havia escutado algo que não deveria.

— Ora, o que temos aqui? Uma espiã intrometida? — aquela de cabelos negros, numa rápida passada da mão por trás da orelha, deu um passo à frente. Sua varinha já estava na mão, erguida com precisão. A crueldade que brotava de seus olhos deixou claro que ela encarava isso como mais um jogo, e ela sempre jogava para vencer. — Parece que vamos ter que ensinar alguns bons modos... — disse ela, seu sorriso torcendo seus lábios com uma satisfação sádica. Era como se a chance de causar dor trouxesse mais prazer do que qualquer outra coisa.

— Eu... eu realmente não ouvi nada! Foi sem querer, eu juro... — a garotinha gaguejou, mal conseguindo segurar as lágrimas que estavam por vir.

Aquela que estava ao lado, a garota enciumada, fora pega de surpresa. Uma parte sombria dela também desejava uma vingança, algo que alimentava seu ressentimento interno por Hermione. Mas... não desse jeito. Não contra crianças indefesas que não tinha nada a ver com a situação.

— Espera! — ela interrompeu, sua voz tremendo ligeiramente. Seus dedos formigaram, denunciando a ansiedade que crescia. — Não precisa disso. Ela não ouviu tanto assim... Apenas apague a memória dela. Ninguém vai ficar sabendo...

A tensão engrossou o ar. E a figura alta apenas arqueou uma sobrancelha enquanto observava. Um riso baixo, cínico, emergiu dos lábios.

— Está com medo, perereca de fogo? — A pergunta sibilada escorreu em tom de zombaria.  — Você já está envolvida demais para tentar retroceder.

Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, uma luz verde ofuscante rasgou o ar.

Trepando com Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora