Capítulo 1 - O que é o amor?

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Alguns momentos mudam sua vida para sempre. Erik Menendez viveu muitos deles, e cada um deixou marcas que nunca iriam embora.

Desde criança, Erik acreditava que sua vida estava destinada a ser como era. Ele tinha tudo: mansões, roupas caras, e viagens que pareciam saídas de filmes. Não sabia quem eram seus pais biológicos, mas isso nunca o incomodou. José Menendez, seu pai adotivo, era um empresário poderoso, o chefe da City Sounds, uma das maiores gravadoras do país.

Erik cresceu cercado de privilégios. A pobreza era algo que ele só conhecia por ouvir falar. Mas às vezes, ao olhar para seu irmão, Lyle, percebia algo estranho. Havia um vazio nos olhos dele, como se alguma coisa estivesse errada na vida perfeita que tinham. Eles nunca falaram sobre isso. Ser filhos de José e Kitty Menendez parecia algo a ser celebrado, não questionado.

Então, dois anos atrás, tudo mudou.

A família Menendez estava indo para a cabana em Aspen, Colorado, para as férias de inverno. Erik, com 16 anos, e Lyle, com 18, estavam no banco de trás, trocando olhares irritados enquanto o carro deslizava pela neve. José dirigia em silêncio, concentrado na estrada, e Kitty, ao lado dele, folheava uma revista de moda.

— Por que eu tenho que participar dessa viagem idiota? — Lyle explodiu, cruzando os braços com força e encostando-se ao banco, como se cada minuto dentro daquele carro fosse uma tortura insuportável.

— Porque somos uma família, droga! — respondeu Kitty, virando-se bruscamente para encará-lo. Seus olhos estavam carregados de raiva, mas também de frustração. — Você acha que é fácil tentar manter todo mundo junto como uma boa família?

— Uma boa Família? — Lyle zombou, balançando a cabeça. — Uma boa família me deixaria ir para a Europa com a Elena, mas não, vocês dois têm que controlar cada maldita coisa na minha vida.

José apertou o volante com mais força, os nós dos dedos ficando brancos.

— Você não vai para a Europa com aquela garota. Ponto final. Elena só quer seu dinheiro.

— Vocês nem a conhecem! — Lyle gritou, sua voz aumentando ainda mais o volume. — Ela me ama, e eu amo ela! Só porque somos ricos, acham que todo mundo está tentando dar um golpe. Vocês não confiam em ninguém!

Erik olhou para o lado, tentando desaparecer no banco de trás, como sempre fazia quando as discussões ficavam acaloradas. Ele sabia que esse tipo de briga nunca terminava bem.

— Ela não é boa para você — José respondeu, sem desviar os olhos da estrada. — Você acha que é o primeiro garoto que ela namora? Que coincidência que você é o mais rico entre eles?

— Você sempre faz isso — Lyle disparou, inclinando-se para a frente, entre os bancos da frente. — Sempre faz tudo ser sobre o maldito dinheiro! Que droga de vida é essa? Não posso tomar nenhuma decisão sem vocês quererem controlar!

— Não é sobre controle, Lyle — Kitty rebateu, a voz mais baixa, mas ainda cheia de raiva contida. — É sobre o que é melhor para você, e essa garota não é.

— Melhor para mim? Vocês nem sabem o que é melhor para mim!

Erik mordeu os lábios, querendo dizer algo, mas sabendo que, se abrisse a boca, seria imediatamente puxado para dentro da tempestade.

Lyle voltou a se encostar no banco com um suspiro exagerado.

— Isso é ridículo. Eu deveria estar na Europa agora, com Elena, aproveitando as férias... Não aqui, preso nessa porcaria de cabana que vocês insistem em chamar de "férias em família".

Kitty riu de forma sarcástica, um som seco que quebrou o silêncio no carro.

— É engraçado você falar que tudo é sobre dinheiro, Lyle, sendo que é você quem mais gasta aqui.

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