Ao sair da biblioteca, o ar parecia denso. Erik subiu as escadas e entrou no quarto, sentindo-se atordoado. Jogou-se na cama e ficou ali, deitado, olhando para o teto.
Raiva, tristeza, medo... Tudo misturado. Ele e Lyle nunca teriam uma vida normal, não importava o quanto tentassem. A sociedade em que viviam jamais aceitaria algo como o que eles tinham. Um romance gay, ainda mais entre dois irmãos, mesmo sem laços de sangue... Seria sempre um segredo, algo para ser escondido, sufocado.
Depois de algum tempo, uma sensação de sufocamento o tomou. O ar parecia faltar. Com pressa, ele tirou as roupas e foi para o banheiro. Ligou o chuveiro e deixou que a água quente corresse, esperando que aquilo o acalmasse.
O som da porta se abrindo chamou sua atenção. Lyle entrou com um sorriso.
— Posso me juntar a você? — Lyle perguntou, já começando a desabotoar a camisa, sem esperar resposta.
Erik, no entanto, não sorriu. Seu rosto estava tenso, com uma expressão de tristeza que Lyle logo percebeu.
— O que foi? — Lyle parou, franzindo o cenho, seus olhos fixos no irmão.
Erik olhou para ele, sem coragem de dizer a verdade. Como ele poderia admitir que achava que os dias deles juntos estavam contados? Que todo aquele segredo, toda aquela tensão, estava prestes a esmagá-los?
— Não é nada — Erik mentiu, desviando o olhar.
Lyle sentiu a raiva crescendo dentro dele ao ouvir as palavras de Erik. Ele odiava quando Erik mentia para ele.
— Você pode me contar tudo, Erik. Eu não sou um estranho — disse, a voz um pouco mais dura do que pretendia, mas havia preocupação genuína ali também.
Erik baixou o olhar, hesitante. Ficou em silêncio por alguns segundos, o som da água do chuveiro ecoando pelo banheiro. Finalmente, ele se levantou, as palavras parecendo mais pesadas a cada sílaba.
— A nossa mãe... ela já sabe — Erik admitiu, com a voz baixa, quase um sussurro. — Ela sabe que está acontecendo algo entre nós.
Erik esperou o pior. Achou que Lyle iria explodir, talvez soltasse alguns palavrões, socasse o espelho do banheiro em um acesso de raiva. Mas, para sua surpresa, Lyle não fez nada disso. Em vez disso, ele simplesmente tirou a roupa em silêncio e entrou no chuveiro, abraçando Erik por trás, envolvendo-o em um abraço apertado, como se quisesse protegê-lo.
— Eu sabia que um segredo como o nosso não ia durar para sempre — Lyle disse — A mamãe sabe, e mais cedo ou mais tarde, o papai também vai saber.
Erik fechou os olhos por um instante, sentindo o peito de Lyle pressionado contra suas costas. Lentamente, ele se virou e abraçou o irmão de volta, sentindo a água escorrer sobre eles.
— E o que vai acontecer com a gente? — Erik perguntou, a voz saindo quase como um sussurro, cheia de incerteza.
Lyle acariciou o rosto dele com o polegar e olhou nos olhos.
— Dessa vez vai ser diferente, Erik. A gente não vai ser separado. Eu prometo.
Erik sorriu, sentindo um calor subir pelo rosto. Sem pensar duas vezes, ele se inclinou e o beijou suavemente. Quando se afastaram, ambos sorriram um para o outro.
Lyle pegou o sabonete líquido
— Ei, você quer fazer "aquela experiência"? A gente pode descobrir se arde embaixo.
Erik riu dando um tapa leve no braço de Lyle.
— Você é um idiota! Como você consegue pensar em uma coisa dessas agora?
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Além das Aparências
RomanceNo coração da tumultuada família Menendez, Lyle e Erik se encontram em um romance proibido que desafia todas as normas. Adotado ainda bebê, Erik sempre se sentiu como um estranho, mas quando se apaixonou por Lyle, o filho biológico de seus pais adot...