Cinco dias haviam se passado, e a atmosfera na mansão se tornara sufocante. Erik e Lyle esperavam que José explodisse, jogando suas coisas na rua e expulsando-os à força. Mas, para sua surpresa, ele apenas os ignorava. José saía e chegava do trabalho sem dizer uma palavra.
Kitty, por sua vez, começara a beber com mais frequência, algo que antes era raro, mas agora se tornava um hábito evidente.
Erik e Lyle passavam quase todo o tempo no quarto, trancados, presos no medo do que poderia acontecer. O silêncio era quebrado apenas por sussurros entre eles, sempre tentando adivinhar o próximo movimento de José.
Erik estava deitado na cama, encarando o teto, o estômago revirado pela ansiedade.
— A gente devia ir embora — ele disse, a voz baixa, mas firme. — Pegar nossas coisas e sair daqui enquanto podemos.
— Ir embora? Pra onde, Erik? — Lyle respondeu, a voz cheia de frustração. — A gente não tem dinheiro. Tudo que eu tinha, gastei. Eu nunca pensei no amanhã, só... só gastei tudo.
— A gente dá um jeito! — Erik insistiu, a urgência transparecendo em sua voz. — Qualquer coisa é melhor do que ficar aqui, esperando ele explodir de novo. Não sei quanto mais aguento viver com essa tensão, como se estivéssemos pisando em ovos o tempo todo.
— Não temos nada, Erik. Nada. Ele sempre controlou nosso dinheiro, nossa vida... E agora estamos presos.
— Não estamos presos! — Erik rebateu, se sentando — Podemos sair, podemos recomeçar. Não sei como, mas vamos dar um jeito.
Lyle finalmente olhou para o irmão. Ele queria acreditar nisso, queria acreditar que poderiam simplesmente fugir e começar de novo. Mas a realidade era outra.
— E você acha que ele vai deixar? — Lyle perguntou, com um riso amargo. — Acha que José vai simplesmente nos deixar escapar? Não somos apenas filhos dele, somos a propriedade dele.
Erik respirou fundo.
— Então o que vamos fazer? — sussurrou, a voz vacilante. — Ficar aqui, presos nesse inferno?
Lyle se ajeitou e se sentou no meio da cama, de pernas cruzadas, e olhou diretamente para o irmão.
— A gente precisa de dinheiro, Erik. E agora. Sem isso, não vamos a lugar nenhum — disse, a voz firme. — Precisamos de dinheiro para comprar uma passagem, para bem longe daqui.
Erik sorriu levemente.
— Podemos pegar emprestado de algum tio e... bem, nunca devolver, né?
Lyle riu, mas logo seu sorriso desapareceu.
— O problema é que não confiamos em nenhum deles. Nenhum parente vai nos ajudar de verdade. Todos eles são um bando de puxa-sacos do nosso pai. O resto da família vê ele como uma espécie de deus intocável. Você acha que algum deles teria coragem de ir contra o nosso pai?
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Além das Aparências
DragosteNo coração da tumultuada família Menendez, Lyle e Erik se encontram em um romance proibido que desafia todas as normas. Adotado ainda bebê, Erik sempre se sentiu como um estranho, mas quando se apaixonou por Lyle, o filho biológico de seus pais adot...