Capítulo 18 - Eu só quero sair daqui

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Na sala fria e cheia de tensão, Erik se sentou em frente ao detetive, que folheava alguns papéis com um sorriso no rosto.

— Parece que você e seu irmão se divertiram bastante nos últimos meses, hein? Gastando uma verdadeira fortuna.

Erik se endireitou na cadeira, tentando manter a calma.

— A fortuna é minha. Posso gastar como eu quiser.

O detetive soltou uma risada curta, inclinando-se um pouco para frente enquanto deslizava os papéis sobre a mesa, como se estivesse provocando.

— Claro, claro... — Ele balançou a cabeça, ainda sorrindo. — Mas, Erik... Vocês estão encrencados. Nós temos provas concretas de que você e seu irmão mataram seus pais.

Erik sentiu o estômago afundar, mas não deixou isso transparecer. Seu olhar se fixou no detetive, tentando medir a gravidade do que acabara de ouvir.

— Que provas? — Erik finalmente perguntou, com a voz firme, mas uma pontada de nervosismo.

O detetive deixou o silêncio se arrastar por um momento, saboreando a tensão, antes de responder:

— As gravações do doutor Oziel. Ele gravou tudo.

Erik arregalou os olhos, e um misto de choque e raiva começou a subir pelo seu corpo. Seu coração acelerou, mas ele tentou manter a compostura.

— Isso é impossível! Ele não podia gravar nada sem a minha permissão! — ele fez uma pausa — Eu quero fazer uma ligação. Agora.

O detetive continuou sorrindo, recostando-se na cadeira como se já esperasse essa reação.

— Claro, Erik. Você pode ligar para quem quiser... Mas não se esqueça, essas gravações podem ser a ruína de vocês.

O pânico começou a crescer no peito de Erik. Ele sabia que falar com Dr. Oziel tinha sido um erro, mas nunca imaginou que seria traído dessa forma. Tudo o que ele queria era desabafar, tentar lidar com a culpa e o medo, mas agora... Agora, tudo estava desmoronando.

— Ele não tinha o direito... — Erik murmurou, quase para si mesmo, com os olhos fixos na mesa.

— Ah, mas ele gravou. — O detetive replicou, com a voz afiada. — E essas fitas... são mais do que suficientes pra mandar vocês direto pra cadeira elétrica.

O sangue de Erik gelou. Ele sabia que estava em uma situação perigosa, mas ouvir aquilo em voz alta tornou a realidade ainda mais cruel. Ele precisava de Lyle. Precisava de uma solução.

Depois da conversa com o detetive, Erik mal teve tempo de processar. Ele foi retirado da sala por dois policiais, que o conduziram pelos corredores da prisão. A cada passo, a realidade ficava mais sufocante. A situação era muito pior do que ele imaginava.

Eles o levaram para uma sala pequena. Sem uma palavra, um dos policiais lhe deu uma placa com seu nome e numeração. O fotógrafo apareceu e tirou várias fotos, o flash da câmera iluminando brevemente a sala a cada clique.

Depois, os policiais o levaram para outra sala. Lá, pediram que ele tirasse o relógio, o anel e tudo o que tinha nos bolsos. Erik hesitou por um momento ao tirar o anel, um presente de Lyle. Havia uma carga emocional pesada naquele simples objeto, mas ele não teve escolha. Ele entregou o anel a um policial, que o guardou sem nenhuma palavra.

— Vamos lá, troca a roupa. — O outro policial disse, entregando-lhe o uniforme da prisão.

Com mãos trêmulas, Erik trocou suas roupas pela fria e desconfortável roupa da prisão. Ao vestir a nova roupa, ele sentiu o peso da realidade se instalar de vez. Estava realmente preso, e não havia como fugir dessa vez.

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