Capítulo 20 - A verdade é que somos inocentes

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Era uma tarde ensolarada. Os presos estavam no pátio, aproveitando o tempo limitado ao ar livre. Alguns caminhavam em silêncio, outros se agrupavam em pequenos círculos, conversando em voz baixa. O sol forte batia nas grades e projetava sombras longas pelo chão de concreto.

Lyle e Erik estavam em um canto mais afastado do pátio, conversando em voz baixa.

— Espera aí... você tá falando sério mesmo? — Lyle abaixou o tom da voz. — Leslie realmente acha que você consegue bancar o esquizofrênico? Sabe que, se der certo, isso pode virar o jogo.

Erik passou a mão pela nuca, desviando o olhar.

— Ela disse que é a única chance que eu tenho, Lyle. Que com o psicólogo certo, ele pode me ensinar a agir como se eu... fosse esquizofrênico de verdade. — Sua voz saiu quase num sussurro. — Ela acha que isso pode convencer o júri. Mas eu estou com medo, com muito medo.

Lyle soltou um riso breve.

— Você tá nervoso à toa, Erik. Essas pessoas, esse júri... eles são só mais uma plateia que precisa de um bom show. E você vai dar isso a eles.

Erik balançou a cabeça, ainda hesitante.

— Mas e se perceberem que é tudo fingimento? Eu... eu não sei, Lyle. E se eu não conseguir segurar a mentira? E se eu travar?

Lyle suspirou, os olhos fixos em Erik.

— Bem, a gente precisa tentar, certo? É melhor do que acabar na pena de morte.

Erik tremeu ao ouvir isso, desviando o olhar. Ficou em silêncio por um instante, observando o pátio cheio de presos. Depois, suspirou profundamente.

— Eu só queria... que tudo voltasse a ser como antes. — Sua voz soava quase como um sussurro.

Lyle sorriu, triste. Aquele desejo de consolar Erik cresceu dentro dele, e por um segundo, ele sentiu vontade de puxá-lo para um beijo. Mas sabia que não podia fazer isso ali, no pátio, com todos os outros detentos por perto.

Além disso, ele e Erik não trocavam carícias desde o momento em que foram presos. Erik se recusava a tocá-lo, mesmo quando estavam sozinhos na cela. E aquilo estava mexendo com Lyle de uma forma intensa, uma angústia misturada com frustração que ele mal conseguia controlar.

Ele respirou fundo, tentando manter a calma, e colocou a mão no ombro de Erik, apertando de leve.

— Eu também queria isso, Erik. Mas agora... a gente só precisa ter esperança, e depois vamos descobrir o resto.

Lyle manteve a mão no ombro de Erik por um instante a mais do que o necessário, depois deixou os dedos deslizarem pelo braço dele, numa tentativa silenciosa de criar uma conexão. Mas antes que pudesse avançar, Erik deu um passo para trás, o corpo tenso e os olhos ligeiramente arregalados.

— Erik, calma — Lyle sussurrou, tentando esconder a frustração ao perceber a reação do irmão.

Erik olhou ao redor, sentindo-se exposto, uma onda de paranoia tomando conta dele.

— Lyle, a gente não pode... se alguém ver, se descobrirem... — Ele desviou o olhar, engolindo em seco. — Eu só... não posso arriscar mais do que a gente já arriscou.

Mesmo com os boatos que circulavam, ele não queria dar a ninguém um motivo para confirmar o que suspeitavam. Qualquer passo em falso podia ser desastroso, e esse medo o mantinha em alerta, sempre a uma distância segura de Lyle.

Lyle respirou fundo, escondendo o desapontamento.

— Tá bom, eu entendo — ele disse, a voz mais baixa. — Só... não esquece que eu tô aqui, tá?

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