▬▬▬ 𝗗𝗔𝗥𝗞𝗘𝗡𝗘𝗦𝗦; 𝓟𝑎𝑏𝑙𝑜 𝑮𝑎𝑣𝑖 & 𝓟𝑒𝑑𝑟𝑖 𝑮𝑜𝑛𝑧á𝑙𝑒𝑧

014 - Sobre ela.

━━𝓑𝐞𝐥𝐥𝐚 𝓕𝐥𝐢𝐜𝐤

Minha cabeça ainda repassava os momentos de ontem à noite. Aquele olhar que Pedro me deu quando me viu, o modo como ele parecia tão seguro, tão... diferente. Era difícil ignorar o turbilhão de sentimentos que ele trazia à tona, mesmo quando eu não queria admitir.

E então, havia o Pablo. Sempre tão presente, tão protetor, como se cada palavra dele fosse uma promessa silenciosa de que nada me faria mal. O jeito que ele me trata... é algo que me toca fundo, mas também confunde. Ele é o meu porto seguro, um amigo que sempre esteve lá. Mas ultimamente, sinto como se algo estivesse mudando. Não sei se é nele ou em mim, talvez nos dois.

Tento afastar esses pensamentos, mas eles continuam me perseguindo, me arrastando para um ponto onde a dúvida de quem realmente ocupa meu coração me atormenta.

Levanto-me, vou até a penteadeira e puxo a gaveta de baixo, onde escondi uma carta que fiz para Pedri há muito tempo. Cada palavra que escrevi naquela carta era um reflexo dos sentimentos que um dia pensei serem imutáveis. Mas, ao segurar o papel nas mãos, algo dentro de mim finalmente cede.

Sem pensar duas vezes, rasgo a carta em pedaços. Talvez eu devesse ter feito isso muito antes.

Eu devia ter queimado essas cartas e os meus sentimentos por Pedri também, eu estou com Pablo! Estou melhor com ele, e eu sou tenho que pensar em nós dois. Sem Pedri.

Os pedaços da carta caem lentamente, espalhando-se pelo chão, como se cada pedacinho levasse consigo um fragmento daquele passado que eu tanto tentei segurar.

Solto um suspiro, sentindo o peso sair dos meus ombros, mas também uma pontada de tristeza. Eu e Pedri temos uma história, e foi difícil aceitar que, talvez, nem toda história seja feita para durar. Por mais que parte de mim ainda se agarre ao que sentimos um dia, algo dentro de mim percebe que não posso seguir adiante se ficar presa a esse passado.

E então penso no Pablo. O amigo que sempre esteve ao meu lado, em todos os momentos bons e ruins. Ele é tão diferente do Pedro, mas tem algo que me toca fundo, algo que me faz querer descobrir o que poderíamos ser se eu deixasse esses sentimentos tomarem forma.

Fecho os olhos por um instante, tentando imaginar uma vida onde talvez eu possa encontrar algo mais com ele. A ideia assusta e anima ao mesmo tempo.

Escuto uma batida leve na porta. Abro os olhos e, por instinto, sei que é ele. O coração acelera, minhas mãos tremem um pouco. Respiro fundo e, com passos firmes, vou até a porta. Ao abrir, vejo Pablo, com aquele sorriso que sempre faz meu peito aquecer, e sinto que talvez, só talvez, esteja pronta para ver aonde isso vai dar.

Ele me olha com curiosidade, como se esperasse que eu dissesse algo. Mas, antes que eu possa pensar, apenas sorrio de volta e o deixo entrar. Porque, no fundo, sei que minha história com Pablo talvez esteja apenas começando.

- Oi, Bellinha. Você tava estranha ontem. - Pablo comenta, entrando e me observando com aquele olhar de preocupação que sempre me desmonta.

Sinto meu rosto corar. Não era fácil disfarçar as confusões na minha cabeça, principalmente quando ele me olhava assim, como se pudesse ver cada pensamento que tentei esconder.

- Eu... tava pensando em algumas coisas. - digo, desviando o olhar e cruzando os braços, tentando me proteger da intensidade dele.