Final

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Seguimos os dias e as semanas seguintes na mesma montanha russa de emoções que o luto proporciona o diferencial está sendo a correria insana para resolver todos os detalhes da mudança de nove adultos e duas crianças: passaportes que precisavam ser retirados, compra de quatro casas mesmo com ajuda de um facilitador, a venda ou aluguel das casas do Brasil, na verdade a única casa que seria alugada seria a casa onde a família viveu, as outras seriam vendidas. Temos guarda-roupas para renovar, procurar boas creches para as crianças, fora que cada um tinha que resolver quanto ao seu próprio negócio. Acredito que  para Noah e Bene seria o mais tranquilo, pois Noah já tem sua sede em Nova Iorque e Bene é seu novo contratado.

Eu também não posso reclamar, para mim é mais tranquilo pois farei uma troca de base com o meu sócio, Joca e Bruno resgataram os investimentos que tinham e venderam suas partes em diversas casas de shows e vão abrir uma nova casa noturna em Nova Iorque e claro que tanto eu quanto Helena acionamos nossos contatos para fazer deste novo o mais badalado empreendimento do século.

Hoje particularmente foi um dia puxado Antônia foi às compras com as outras mulheres e eu fiquei o dia inteiro com a equipe que assumiria com o meu sócio a filial do Brasil, tinha ainda muitos detalhes para serem resolvidos, todos estávamos bastante atarefados. Cheguei em casa já passava das oito horas da noite, não vi minha mulher o dia todo, estou com saudades dela.

Estranho que ela não responde assim que passo da porta, ando pela casa e vejo que está tudo apagado exceto pela luz no nosso quarto que constato acesa, é a minha garantia de que ela já chegou. Entro no quarto e vejo somente uma caixa de presente branca com uma fita de cetim lilás, ouço um barulho atrás de mim e sei que ela está se aproximando.

- Como passei boa parte do meu dia fazendo compras, pensei em comprar um presente para você também. - Disse me abraçando por trás e depositando um beijo demorado em minha nuca. - Espero muito mesmo que você goste.

- Não precisava meu amor, eu tenho certeza que vou adorar, você tem um excelente bom gosto e sempre acerta em cheio todos os presentes. - Me viro e a abraço sentindo o seu cheiro e o calor do seu corpo, agora sim estou em casa, no meu lar.

Ela me dá um selinho e se solta dos meus braços, se senta do lado do presente na cama e me abre um sorriso, entendo o recado e me sento ao lado dela com a caixa no meu colo. Sem drama ou suspense eu solto o laço bem feito da caixa, removo a tampa e abro o fino papel cintilante e eu não estava preparado com o que havia dentro da caixa.

Um sapatinho de crochê branco, uma roupinha escrito parabéns papai e um teste com a palavra positivo. Fiquei imóvel, eu não ouvia nada e só via o conteúdo da caixa na minha frente, não sei por quanto tempo fiquei assim até que percebi que Tônia fungava, ela estava chorando.

- Amor? - disse levantando sua cabeça com o dedo em seu queixo - não vou perguntar se está grávida porque é óbvio, vou perguntar o porque está chorando.

- Não estou me sentindo segura agora, você está aí parado sem esboçar reação alguma em minutos, sei que não planejamos para agora e que estamos em um momento atordoado de transição.

A puxei para os meus braços e a abracei com toda a força possível sem machucá-los.

- Meu amor eu sinto por isso, eu estava processando… você não está com sintomas e me pegou totalmente desprevenido. Eu te amo e sempre vou te amar - delicadamente a deitei na cama e fiquei próximo a sua barriga ainda lisa - Papai ama você meu grãozinho e vou me esforçar e muito para fazer vocês as pessoas mais felizes do mundo.

Não sei em que momento começou mas percebo que eu também estou chorando.

- Obrigada Tônia por fazer de mim um homem melhor e por fazer de mim o homem mais feliz do mundo, agora nossa família vai crescer e não vejo a hora de fazermos um irmãozinho ou irmãzinha para este bebê.

- Deixe de besteira homem, esse aqui nem cresceu dentro da barriga ainda - ela sorria e fingia indignação enquanto secava minhas lágrimas.

- Vamos marcar um almoço amanhã mesmo, eu preciso contar a todos as boas novas, eu vou ser pai porra!

- Ainda está cedo amor, pensei em comermos um lanche mais tarde, quem sabe podemos contar hoje.

Minha Antônia sempre muito ansiosa, sorri e a ajudei a levantar da cama.

- Que tal comemorarmos hoje, só nós dois e amanhã contamos ao resto da nossa família?

Ela concordou, caminhamos até a cozinha onde preparei rapidamente uma salada e uma omelete, mesmo minha mulher jurando não estar com fome e eu alegando o quanto era importante ela comer para alimentar nossa cria. Ela fez charme mas acabou comendo tudo, subimos, dei um banho nela com veneração e fizemos amor antes de dormirmos abraçados.

No dia seguinte minha esposa ansiosa me tirou cedo da cama, disse que tínhamos que contar as boas novas a todos e assim fizemos. Passei em uma floricultura e comprei flores para Helena, Amanda, Bruno, Linda e minha mãe. Todos ficaram felizes com a novidade, nosso bebe foi amado desde o primeiro momento em que soubemos dele.
Tem alguns meses já que nos mudamos, hoje foi a festa de 4 anos do Max e também o dia da morte do meu sogro, tem um ano que ele se foi.. tudo passa muito rápido. Estamos com seis meses de gestação e optamos por não saber o sexo do bebê, seria uma surpresa igualmente como o dia do parto, Tônia escolheu o parto normal.

Por mim eu já chamava o meu bebê pelo nome mas eu respeitei e apoiei a decisão de Tônia, mesmo com toda a família estando mais ansiosa do que a gente. A gestação foi bem tranquila nosso príncipe, ou princesa se comportava muito bem. Montamos um quartinho neutro e não compramos muitas roupas. A única certeza que tínhamos era o nome Ayla ou Ravi.

- Amor acorda …. Amor? Porra Eduardo levanta esse rabo dessa cama agora ou eu chuto você dai. - acordo com minha esposa aos berros, não tenho ideia de que horas são e de verdade nem consigo entender que dia é hoje.

- Levanta ou eu vou no hospital sem você, isso que dá ficar bebendo com Bruno e Joca, anda seu monte minha bolsa estourou, o bebê vai nascer.

Escutar isso foi música aos meus ouvidos, levantei, coloquei a calça e a camisa de ontem, peguei as malas e fui ao encontro de Antônia que já estava entrando no carro. Parece que o surto dela foi só comigo porque ela ligava para avisar minha sogra e Helena com muita tranquilidade e serenidade.

Chegando no hospital a equipe médica já estava esperando por nós, minha esposa pensa em tudo enquanto eu mal conseguia processar o que estava acontecendo, acredito que as bebidas de ontem estejam ajudando na minha letargia. Fomos para a sala de parto e depois de alguns gritos e minha esposa quase amputar minha mão ouvimos o choro do bebê.

- Parabéns aos pais, é uma linda menina. - disse me entregando aquele pacotinho de amor nos meus braços e eu tratei logo de levar até minha mulher.

- Aqui está a nossa princesa, minha rainha, eu te amo e obrigado por me fazer o homem mais feliz deste mundo.

- Eu te amo Eduardo, eu também me considero a mulher mais feliz do mundo. Me tirou da vida pacata, me trouxe amor, felicidade e minha nova família, obrigada por ser meu marido, meu amigo, meu Lery.

Sim, em um passado não muito distante eu nem sonhava com uma vida como está, mas finalmente eu posso dizer que me encontrei e sou muito feliz. Nenhuma mulher me fez sentir o que sinto por Antônia, o antigo garoto de programa agora é marido e pai de família.

Fim.

O profissional - LeryOnde histórias criam vida. Descubra agora