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- Porque não está na casa dos seus pais?

- Eles nem sabem que estou aqui bonita. Vim por que Helena disse que precisava de mim, nem pensei em ir ver os meus pais antes de saber sobre o que se tratava.

- Você realmente a ama não é?

- Sim eu a amo, ela é para mim a irmã que os meus pais não me deram.

O resto do caminho até o hotel foi em silêncio, abri a porta do quarto e deixei que ela entrasse primeiro, ela se sentou no sofá e agradeceu a bebida que ofereci. Me sentei na poltrona logo a frente também com um copo na mão.

- As coisas em casa realmente estão complicadas, como se já não bastasse a doença do meu pai. A culpa não é de Helena, as coisas já estavam em declínio bem antes de ela chegar. Não concordo nem um pouco com a decisão de esconder a verdade dela porém não tive muita escolha.

- A situação não é mesmo a das melhores, na verdade eu não sei nem o que te dizer, talvez um sinto muito pelo que está acontecendo.

- Vai ficar tudo bem, eu sei disso. No final tudo será como tem que ser e dará certo.

- Mas e como está se sentindo em relação a tudo isso Tônia?

- Desconfortável - ela deu um grande gole na sua bebida - agora era para estarmos unidos. Devíamos estar proporcionando os melhores momentos da vida do meu pai e deixá-lo saber que pode partir em paz quando for chamado.

O clima ficou um pouco tenso e sentindo isso também Tônia se colocou a mudar de assunto:

- Então a vida era agitada nas terras norte americanas?

- Não foi esse assunto que causou toda aquela confusão?

- Na verdade só serviu para me deixar mais curiosa - disse sorrindo ligeiramente para o lado direito o que deixou o meu corpo em alerta.

- Quer saber se consegui juntar uma boa economia, como disse mesmo o seu irmão, a é dando o cu?

- Não! Até parece que você faria isso, sempre foi tão "macho alfa". Você não fez, né?

Não sabia se me zangava pela sua dúvida ou se ria de sua expressão de quase desespero.

- Não Antonia eu não dei o cu em troca de dinheiro, mais por que quer saber sobre isso?

- Fui muito apaixonada por você na minha infância e pré-adolescência, seria frustrante saber que você batia uma bola também no outro time.

- Apaixonada é? Vamos falar mais sobre isso... um assunto que muito me interessa Antonia.

- Não mude de assunto Eduardo, e sim você foi a primeira pessoa que me apaixonei mas isso foi a bastante tempo. Você nunca sequer reparou em mim e eu ficava toda boba, me arrumava todos os dias pois nunca sabia quando você iria chegar. A diferença de idade entre nós não é significativa, no fim acho que nunca fui o seu tipo de mulher.

- Não sabe a besteira que está falando Antonia. Corrigindo você é o meu tipo de mulher, não foi o meu tipo de garota porque eu sempre te via como a irmãzinha da pessoa que considerava uma irmã para mim.

- Você tirou a virgindade da Helena - disse depois de mais um grande gole e com o sarcasmo escorrendo pela lateral de sua boca.

- Helena soube ser persuasiva - a essa hora o clima era tão tenso que o ar estava literalmente abafado e o quarto parecia ter encolhido diversos metros quadrados, era quase que sufocante.

- Então me faltou persuasão? E eu achando que não era bonita suficiente, verdadeiramente nunca pude competir com Helena ou com qualquer outra com quem você desfilava. Não importa mais, é passado.

Ela sorriu e depositou o copo já vazio em cima da mesa de centro que nos separava. Eu não consigo entender o que está acontecendo. Ela está me provocando? Está me desafiando? O que ela quer afinal? Se for me deixar maluco ela está conseguindo.

- Não é uma decisão muito sábia ficar jogando comigo Antonia - dei bastante ênfase em seu nome - pode acabar se queimado. - Bebi o resto que estava em meu copo e o coloquei ao lado do dela. Estreitei meus olhos, me levantei e fui para cima dela. Só deu tempo de ouvi-la sussurrar um "até que enfim" e eu a beijei.

Já beijei muitas mulheres, por dinheiro ou não, mas a sensação que nossas línguas duelantes causou foi inédita. Minha mão foi parar em sua nuca e nosso beijo ficou mais profundo contudo nem um pouco sensual. Foi um beijo de reconhecimento, ela sentada em no sofá e eu ajoelhado entre suas pernas, eu não queria que esse beijo acabasse nunca, seu gosto me prendeu de uma tal maneira que eu me contentaria somente em ficar beijando.

Mas como um despertar de um transe ela parou o beijo e arregalou os olhos, nossos lábios grudados em um selinho estranho e eu pude ver nos olhos dela milhões de sentimentos. Ela gentilmente me afastou, se levantou e saiu pela porta em silêncio e sem olhar para trás.

A pequena Antonia se soubesse o que esse beijo inocente me causou, temo estar estragado para as demais mulheres agora, pelo menos até que eu consiga ter você não vou conseguir sequer olhar para outra mulher.

Antonia será minha! Só não tenho a minima ideia de como fazer isso e ainda tem a família dela que também será um empecilho. Mas não vou recuar, ou não me chamo Eduardo.

O profissional - LeryOnde histórias criam vida. Descubra agora