Quase não dormi a noite, minha cabeça girava entre preocupação com Helena e sua família pelo que estão passando e também por Tônia. Ainda tinha o pedido de casamento, sei que Helena está feliz porém ainda fico em dúvida se esse Noa é o cara certo para a minha irmãzinha, ele já a magoou bastante e nao quero nem pensar o que pode acontecer se ele fizer isso novamente.
Não sei quanto tempo estou embaixo do chuveiro, é final da manhã e estou somente com um café preto no estômago. Não consigo parar de pensar em Tônia, em como ela cresceu, no beijo delicioso e começo a pensar o que teria acontecido se ela não tivesse fugido. Mesmo ciente que não é o momento para eu ir atrás dela o meu corpo parece não concordar, fico duro só de lembrar do seu olhar. E ali, como um menino eu tive que me saciar, toquei uma imaginando os lábios de veludo de Tônia me tomando. Porra nunca precisei recorrer a isso, ela tem que ser minha! Gozei freneticamente.
Sai do banho com a certeza de que deveria ver Helena, saber como ela está e como tudo ficou depois do ocorrido e de quebra saber se Tônia contou alguma coisa para ela, sei que minha amiga não se importará se eu for atrás da sua irmã caçula, meu problema será o restante de sua família.
Chego na suíte em que Helena está hospedada e bato a porta. Noa me atendeu de prontidão, ele parecia prestes a sair e também parecia exausto.
- Oi Lery, belo golpe!
- Eu preferia não falar sobre isso se você não se importa.
- Tudo bem, que bom que chegou, recebi uma ligação e preciso sair urgente para resolver uns problemas e não queria deixar Helena sozinha. O almoço está servido na varanda, fiquem a vontade.
Disse quase entrando pela porta que dava acesso ao quarto.
- Ok. Eu sei que você a ama, mas se a fizer sofrer novamente, ainda mais agora que ela está frágil com todo o problema familiar, eu juro Noa eu te acho nem que seja no inferno e dou um jeito em você entendeu?
- Pode deixar Lery, a felicidade de Helena me importa mais do que a minha própria. Darei o melhor de mim para fazê-la feliz. E se por acaso eu acabar saindo do caminho, conto com você para me ajudar a voltar ao certo.
- Isso você pode ter certeza. Aposto que gosta muito do seu rosto bonitinho e de seus dentes para arriscar perdê-los.
- Eu amo.... porém amo mais Helena.
- Pro seu bem, espero que esteja sendo honesto.
Noa ficou poucos segundos dentro do quarto e logo saiu me dando passagem para entrar. Assim que ele nos deixou sozinhos dei um pulo no colchão, conheço Helena como poucos, sei quando está mentindo, tanto que ela nem se assustou com o meu ato. Avisei que o almoço estava servido e fui esperar por minha amiga na sacada, enquanto ela ia ao banheiro. Preciso ser honesto, Helena merece isso.
E parecia que a mulher estava amarrada a dias, pensa que ela comeu de tudo um pouco que estava na mesa, Helena sempre foi boa de garfo mas hoje ela se superou, comentei sobre isso e ela quase surtou falando que quem engordaria era ela então resolvi mudar de assunto.
Ela me perguntou como eu estava após o ocorrido, me desculpei com ela quanto ao meu descontrole e ela acabou dizendo que o irmão não era mais o mesmo e mereceu.Ela mal terminou de comer o que havia em seu prato e já estava falando de comida novamente, eu ainda fiz uma brincadeira mas acho mesmo que ela está descontando todo o seu estresse na comida.
Helena mencionou Tônia e eu sabia que não poderia mentir para a minha melhor amiga, minha irmã. Disse que Tônia foi atrás de mim no intuito de me acalmar, sobre o que conversamos e de como ela havia crescido e estava linda. Do beijo roubado e de como Tônia foi embora sem dizer uma única palavra.
A louca varrida da mulher que eu chamava de irmã começou a divagar, dizendo que a ideia de eu e Tônia juntos a agradava e estava falando em casamento e filhos depois que eu afirmei que o beijo havia me deixado louco por ela. Helena disse que eu seria o próximo a largar a profissão.
Contei a ela meus planos de investir em marketing e publicidade e ela ficou feliz por mim. Continuamos conversando, ela me disse sobre ficar o tempo necessário, sobre o casamento e eu afirmei que ficaria o máximo de tempo possível também.
Eu precisava ir embora, dei desculpas de que eu encontraria uns amigos, mas a verdade é que eu precisava pensar. Como me aproximar de Tônia, como rever meus pais. Helena me agradeceu e disse que me ama, eu como sempre respondi em tom de brincadeira mas ela sabe que o amor é recíproco.
Saí do quarto e retornei ao meu, precisava ligar para minha mãe e avisar que eu estava no país, ver se conseguia marcar alguma coisa e foi o que eu fiz. Apesar de tudo os meus pais ficaram felizes com a ideia de me ver após anos e aquela demônia da Antônia não saia da minha cabeça de jeito nenhum.
Não era nem dezenove horas e eu precisava de uma bebida, minha cabeça estava um parafuso e eu precisava sair e ver gente, precisava espairecer. Escolhi um barzinho que não existia quando eu saí daqui, ele não estava muito cheio então julguei ser perfeito.
Custou, mas percebi. Era um bar GLS, já frequentei alguns, muito mais tranquilo do que todos imaginam, você entra, pode beber em paz, ninguém te atrapalha ou te aborda. Depois de muitos minutos sentado e encarando o meu copo sinto que duas pessoas se sentam em minha mesa.
- Edu, espero que não se importe de sentarmos aqui, está lotado.
- Claro Joca, estava mesmo estranho ficar aqui sentado sozinho, as pessoas já deviam estar imaginando que eu era psicopata, homofóbico ou coisa assim.
- A querido o máximo que estariam pensando de você seria se você era a caça ou o caçador. - Bruno disse brincalhão.
- Aposto que não sabia que tipo de bar era quando entrou né, não existia quando você saiu.
- Realmente Joca, mas não me importo, sei que ninguém vai me importunar.
- Ninguém exceto nós né Bruno. Garçom, por favor uma garrafa, a noite vai ser longa.

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O profissional - Lery
RomanceLery, originalmente Eduardo, veio do Brasil para Nova York, a exemplo de sua amiga Helena para exercer sua profissão. "Michê", "Prostituto" é alguns dos nomes em que era chamado. A verdade que é que Lery era um profissional do sexo. Com suas própria...