Luto

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Liana Varcolac

Acordei antes de Alex e tratei de me vestir rapidamente sem fazer nenhum barulho, pois tinha um assunto particular para resolver com Diana Perez. Estava disposta a fazer ela me contar tudo o que havia acontecido entre ela e Mariel De Lune.

Me vesti com uma calça jeans, uma blusa preta e coloquei minha jaqueta de couro por cima, prendi o cabelo em um rabo de cavalo e usei a janela para descer já que não queria encontrar ninguém para ter que dar satisfações sobre o motivo de estar saindo tão cedo e o que precisava resolver.

Pelo caminho senti um aperto no peito como se alguma coisa estivesse errada, tipo um mal pressentimento.

Cheguei na casa que estava silenciosa como já esperava e assim que abri a porta encontrei Diana deitada no sofá da sala em um sono profundo, o que achei estranho. Por que ela estava dormindo ali e não em seu quarto? A TV ainda estava ligada passando a reportagem daquela manhã. Peguei o controle e desliguei, então me aproximei da minha mãe para acorda-la. Notei que ela estava muito mais pálida do que o normal, a pele quase da mesma cor que a de Fred. Toquei seu braço que estava muito gelado e também duro, comecei a sacudi -la para que acordasse, mas não adiantou. Sacudi então com mais força e nada... Foi aí que percebi dois furos no pescoço dela: marca de caninos e compreendi que ela estava pálida porque não havia mais sangue em seu corpo, nem vida.

Dei um berro muito alto de pavor e depois cai sentada em estado de choque. Não sei dizer quanto tempo se passou até que Alex, Arabella e Marcos chegassem na casa, provavelmente porque Alex sentiu meu desespero e acordou de seu sono profundo.

Só me lembro dele me puxar para fora da casa e me abraçar:
— Sinto muito Liana, mas prometo que vai ficar tudo bem.

Depois os pais de Alex saíram da casa também e Marcos explicou o que havia acontecido:

— Isso foi obra de algum vampiro. O filho da puta a drenou até a morte. Mas vamos pegar quem fez isso, nós vamos apertar cada vampiro dessa cidade até descobrirmos quem foi o responsável. — Marcos garantiu.

— Vou ligar para os lobos do nosso bando para começarmos a investigação e cuidarmos do velório. Alex é melhor você levar a Liana pra casa. — disse Arabella jogando a chave do carro para o filho que se limitou a obedecer.

Me deixei ser conduzida para o carro completamente em silêncio, eu não conseguia raciocinar, pois saber que Diana estava morta petrificada naquele sofá foi como se uma peça fundamental do edifício que era meu mundo, a realidade como eu conhecia tivesse simplesmente desmoronado.

Fiquei completamente fora do ar e só depois de algumas horas sentada na minha cama com Alex ao meu lado sem saber o que fazer ou dizer para me confortar, tão assustado e consternado quanto eu já que nunca havia passado pela experiência do luto, simplesmente falei:

— Eu não posso acreditar que ela está morta, isso está muito errado.

— Eu sei, isso é muito injusto, eu não conhecia Diana direito, mas ela não merecia morrer desse jeito. Eu sei que nada do que eu disser nesse momento vai aliviar a dor da sua perda, mas quero que saiba que você não está sozinha e que pode contar comigo. — Alex disse me abraçando para me confortar.

Seu abraço quente e seu cheiro tão especial fizeram com que eu relaxasse e aí as lágrimas vieram, chorei como nunca chorei na vida enquanto meu lobo acariciou meus cabelos. Fiquei assim até que Arabella e Marcos voltassem pra casa e batessem na porta do quarto, então Alex me soltou e foi atende-los:

— Sei que esse é um momento difícil, mas nós do bando precisamos fazer algumas perguntas importantes para a Liana. — Mariel disse com uma voz firme deixando claro que aquilo era absolutamente necessário.

Assenti e levantei da cama seguindo para a sala de estar onde vários lobos estavam reunidos, não só o grupo de ontem mas lobos de várias famílias  de alfas e dentre eles estava Mariel, com seu olhar gelido.  Senti uma onda de ódio dentro de mim ao olhar para o De Lune, pois pra mim ele tinha algo a ver com o que aconteceu, mas eu não podia simplesmente acusar ele na frente de todos já que com certeza ninguém iria acreditar em mim.

— Liana, você sabe se a sua mãe tinha contato com algum vampiro? Amizade ou inimizade com algum? — Marcos perguntou.

— Não, minha mãe não costumava andar com nenhum vampiro que eu saiba. — falei a verdade.

— Mas você  tinha amizade com um e se desentendeu com ele, não foi? — Andreas disse disfarçando a ironia porque afinal não podia me atacar abertamente na frente de Marcos e Arabella.

— Fred sempre foi como um filho para a minha mãe, ele é meu melhor amigo e jamais faria uma coisa dessas, pois pra ele Diana também era uma segunda mãe.— defendi Fred entre dentes.

Ele podia estar com raiva de mim porque abri mão dos nossos planos para me juntar a um lobo que nos causou vários problemas, mas jamais faria mal a Diana. Ele jamais faria mal a uma mosca sequer.

— Mas vocês estão brigados. Pelo que sei ele não aceitou bem o seu laço de parceria com Alex. Ele poderia ter feito isso para se vingar. — Andreas insistiu.

— Bobagem Andreas, aquele fracote não consegue matar nem uma mosca quanto mais uma loba adulta como Diana. No mínimo haveria uma grande luta e ele dificilmente conseguiria ganhar. Quem fez isso foi algum vampiro com força, destreza e que sabia o que estava fazendo. — Alex para a minha surpresa defendeu Fred.

Senti uma enorme gratidão por ele nesse momento, mesmo que ele tenha chamado Fred de "fracote", porque estava livrando meu melhor amigo de uma tremenda de uma enrascada.

— Mas poderia ter mandado alguém fazer, ele deve ter amigos entre os vampiros. — Mariel sugeriu, os malditos De Lune pareciam estar decididos a incriminar Fred.

— Impossível, Fred não tem amigos entre os vampiros, sempre foi mais sensível e frágil do que os outros e sempre fugiu deles para evitar o bullying. Vocês estão perdendo tempo ao querer pôr a culpa em Fred invés de procurar quem realmente fez isso. — falei.

— Bom, acho que esse tal de Fred precisa pelo menos ser interrogado. Todos devem ser interrogados até que se descubra quem foi o culpado. — disse Marcos.

— É melhor fazermos isso depois do enterro, já mandei preparar o corpo e faremos o velório. Todos devem se vestir de prata, símbolo do nosso luto, pois prata é a cor da lua. Faremos a cerimônia de encaminhamento de Diana para os Reinos de Selene para que ela possa partir em paz nessa noite.

Todos acataram a ordem de Arabella e naquela noite depois de me banhar e me perfumar em honra a Diana, me vesti com um belo vestido prata e me penteei para me despedir de minha mãe.

O corpo foi colocado em um caixão de vidro no centro do jardim. Arabella escolheu um lindo vestido para ela, Diana não estava com os cabelos desgrenhados como de costume, mas sim muito bem arrumados e penteados, o rosto devidamente maquiado e percebi o quanto ela foi uma loba bonita naquele momento. Infelizmente não herdei a beleza dela, sai parecida com o crápula do Mariel, rangi os dentes ao pensar naquilo com raiva.

No momento do velório me descontrolei apesar de ter mantido todo o meu auto controle durante o dia, comecei a encarar Mariel que estava ao lado da esposa com ódio no olhar e Alex reparou, dizendo no meu ouvido:

— O que houve, Liana?

— Ele não tem o direito de estar aqui nessa noite, quero ele fora daqui AGORA!
— falei alto na frente de todos.

Cecília empalideceu sentindo o constrangimento com a situação, de repente todos estavam olhando de mim para o casal tentando entender o que estava acontecendo.

— Liana, algum problema? — Arabella perguntou.

— Sim, eu quero ELE FORA DO VELÓRIO DA MINHA MÃE, ele e essa MALDITA FAMÍLIA DELE AGORA! — gritei apontando o dedo para Mariel.

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⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

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