Levantei, um pouco tonta, e saí do quarto à procura de Mari, com a cabeça ainda pesada pela noite anterior. Passei por algumas pessoas que ainda estavam na festa, jogadas em sofás ou encostadas nas paredes. O cheiro de bebida e cigarro ainda pairava no ar, e meu estômago revirava ao lembrar das doses que tomei. A maioria das pessoas já parecia ter ido embora, mas a sensação de urgência em mim crescia. Depois de alguns minutos, finalmente avistei Mari na cozinha, conversando com Borges, ambos com a expressão típica de quem bebeu mais do que deveria.
— Mari! — chamei, meio desesperada, tentando manter a voz firme, apesar da ansiedade.
Ela olhou para mim imediatamente, e pela expressão no meu rosto, entendeu na hora que o tempo estava contra nós.
— Ai, amiga, a gente precisa ir, né? — ela disse, já se levantando e ajeitando a bolsa. — Você tá péssima!
— Nem me fala — respondi, sentindo a pressão aumentar. — Meus pais já estão me mandando mensagem, e eu preciso trocar de roupa antes de ir pra casa. Se eles me pegarem assim, tô ferrada.
— Relaxa, relaxa! — ela tentou acalmar, embora o pânico estivesse visível em mim. — Vamos agora, a gente resolve isso no caminho.
Despedimo-nos rapidamente de Borges, que apenas balançou a cabeça, ainda sonolento, enquanto Mari me puxava para fora. O caminho até a casa dela foi feito em silêncio, com a tensão crescendo a cada minuto. Eu não parava de pensar nas mensagens dos meus pais, no horário, e em como dar uma desculpa convincente sem parecer desesperada.
Assim que chegamos, corri para o quarto de Mari e comecei a trocar de roupa o mais rápido possível. Tirei o vestido curto, que agora parecia mais uma lembrança de uma noite de pura loucura, e voltei para as roupas comportadas com as quais tinha saído de casa: saia longa e blusa recatada. A diferença era gritante, e eu me sentia como duas pessoas completamente diferentes e odiava essa versão. Também limpei qualquer vestígio de maquiagem que restava no meu rosto, tentando ao máximo parecer que nada fora do comum tinha acontecido.
O espelho me devolvia uma imagem mais familiar, mas meu coração continuava acelerado, e a culpa pesava sobre mim.
— Tá pronta? — Mari perguntou, aparecendo na porta, com uma expressão preocupada.
— Tô sim — respondi, dando-lhe um rápido abraço. — Obrigada por tudo, de verdade. Agora é só torcer para que meus pais não desconfiem de nada.
Mari me desejou boa sorte com um sorriso encorajador, e eu saí em disparada para casa. Cada esquina que eu passava parecia me lembrar que o tempo estava correndo contra mim. O nervosismo crescia a cada passo, e eu já imaginava como meus pais estariam quando eu finalmente chegasse. Quando me aproximei da porta de casa, senti meu coração disparar ainda mais. Respirei fundo, tentando manter a calma, e entrei.
Assim que abri a porta, lá estavam eles. Meus pais, sentados na sala, ambos com expressões sérias e profundamente preocupadas. O silêncio que se seguiu foi quase ensurdecedor, e a culpa me atingiu com força.
— Liz! — minha mãe exclamou, levantando-se de imediato. — Onde você esteve? Já são quase meio dia! Você não atendeu nossas ligações, ficamos preocupados!
— A vigília foi mais longa do que eu esperava...e os pais da mari pediu pra ficar um pouco mais — comecei a dizer, tentando soar o mais calma e tranquila possível. Minha mente trabalhava a mil, tentando elaborar a desculpa perfeita. — Desculpa, mãe, pai. Eu devia ter mandado uma mensagem, mas o celular ficou sem bateria. Foi uma noite muito intensa, muita oração, e nem vi o tempo passar.
Meu pai me olhava com um semblante mais calmo, mas ainda sério, como quem avalia a história, buscando alguma brecha.
— Nós estávamos preocupados, Liz. Você nunca sai e volta tão tarde. Você sabe como é importante nos manter informados — ele disse, a voz firme, mas com um toque de preocupação.
— Eu sei, pai, sinto muito — respondi, abaixando a cabeça um pouco para enfatizar o arrependimento. — Não vai acontecer de novo, prometo. Eu só queria aproveitar a vigília.
Minha mãe suspirou, ainda desconfiada, mas parecia aliviada de que eu estivesse em casa, a salvo. Depois de mais alguns minutos de conversa, eles finalmente pareceram aceitar minha desculpa, ainda que com certa cautela. Quando subi para o meu quarto, soltei o ar que nem sabia estar prendendo. Me sentia exausta, tanto física quanto emocionalmente. Deitei na cama, tentando processar tudo, desde a festa até o alívio de estar em casa sem ter sido pega.
Fechei os olhos por um segundo, mas foi então que meu celular vibrou com uma nova mensagem. O nome de Daddy apareceu na tela, e meu coração acelerou.
Daddy: Onde você foi? Não te vi mais na festa.
Fiquei alguns segundos olhando para a mensagem, pensando no que responder. Meu coração ainda estava batendo rápido, e um sorriso involuntário se formou no meu rosto.
Liz: Oi, desculpa ter sumido. Precisei ir embora correndo. Meus pais estavam preocupados, então tive que voltar pra casa rápido.
Ele respondeu quase imediatamente, o que me fez sorrir ainda mais.
Daddy: Entendi. Tá tudo bem? A gente nem se despediu direito.
O alívio me invadiu ao perceber que ele realmente se importava.
Liz: Tá sim. Eu explico melhor pessoalmente. Que tal a gente se encontrar na segunda? No meu horário de almoço?
Daddy: Fechado. Vamos almoçar juntos então. Segunda, meio-dia?
Liz: Meio-dia tá ótimo.
Desliguei o celular com um sorriso bobo no rosto. Mesmo com toda a correria, agora, só conseguia pensar no encontro de segunda-feira. O sono me tomou conta e acabei dormindo.
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NOTAS:
Me perdoeeem pela demora meninas e não desiste de mim, tava bem desanimada com tudo mas quando vi pedidos pra voltar fiquei feliz kk curtem e comentem, vou trazer mais capitulos pra vocês s2
4o
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Heaven | NGC Daddy
FanfictionEles dizem: Todos os garotos bons vão para o céu Mas os garotos maus trazem o céu até você... ( Heaven - Julia Michaels ) PLÁGIO É CRIME.