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Cheguei ao shopping mais cedo do que o normal, tão ansiosamente que não consegui ficar parada. A loja ainda estava se preparando para abrir, e eu andava de um lado para o outro, esperando Mariana chegar para me ajudar com uma maquiagem, caso ele realmente aparecesse. Meu coração estava acelerado, e a expectativa tomava conta de mim.

— Por que você está andando de um lado para o outro feito doida? — ouvi a voz de Mari atrás de mim, rindo.

— Graças a Deus você chegou! Olha isso — sem esperar, estendi o celular para ela ver uma conversa com o Daddy.

— Meeeu deeeus, agora entendi seu desespero! — Mari arregalou os olhos, depois me puxou pelo braço. — Vem, vou te ajudar a ficar maravilhosa!

Ela me levou até o banheiro dos funcionários. Enquanto ela trabalhava em mim, sentia o nervosismo misturado à empolgação. Quando terminei de me olhar no espelho, fiquei surpresa.

Mari fez uma trança lateral delicada, a maquiagem, embora simples, realçou minhas feições de forma que eu me senti linda, com um brilho natural que combinava perfeitamente com o uniforme.

— Obrigada, amiga! Fiquei linda mesmo! — abracei Mari, genuinamente agradecida.

— Você já era linda, amiga. Só dei um toque a mais — ela brilha com orgulho.

O dia de trabalho começou intenso, a loja estava cheia, e não houve um minuto de descanso. Mesmo assim, minha ansiedade continuava. A cada cliente que entrava, meu olhar vagava, esperando vê-lo, mas conforme o tempo passando, minhas esperanças foram indo embora. Depois do almoço, já tinha quase certeza de que ele não apareceria. Quando faltava apenas uma hora para o fim do meu expediente, estava conformada.

O relógio marcou a hora de ir embora, e fui me trocar junto com Mari.

— Amiga, não fica assim. Vai ver ele teve algum motivo para não vir — Mari sabia o quanto eu estava chateada.

— Relaxa, estou bem — sorri sem muita sinceridade, tirando meu tênis. Mas, antes que pudéssemos continuar, nosso gerente entrou apressado.

— Mariana e Liz, parem de se trocar. Tem uns artistas na loja que exigiram ser atendidos por vocês. Rápido, não demorem! — disse, saindo logo em seguida.

Eu e Mari nos entreolhamos e, pelo sorriso cúmplice, já sabíamos de quem se tratava. Saímos do vestiário e, de longe, vi aquele cabelo cacheado que tanto reconhecia. Daddy estava de costas, mas Borges nos avistou primeiro, disse algo a ele, que se virou com um sorriso caloroso.

— Boa tarde, meninos — disse Mari, enquanto eu apenas sorri.

— Boa tarde, garotas — respondeu Borges com uma pisca.

— Demorei, mas cheguei princesa — disse Daddy, seus olhos fixos em mim, fazendo meu rosto ficar da cor de um pimentão vermelho. — Vocês têm ótimas funcionárias — disse ele ao nosso gerente, com um sorriso. — Tudo bem ter um atendimento exclusivo só delas?

— Claro, fiquem a vontade — confirme o gerente, antes de se retirar.

Mari, sem espera, chama Borges para mostrar alguns lançamentos, deixando-me a sós com Daddy.

— E você daddy, gostaria que eu mostrasse algo específico? — disse, tentando manter a calma, mas meu tom saiu mais carinhoso do que o planejado.

— Liz, se eu disser o que realmente quero que você me mostre, você perderia sua inocência... e seu emprego — ele respondeu com um sorriso provocador, me fazendo ficar ainda mais vermelha. — Juro que vou parar de te deixar assim — acrescentou, rindo suavemente.

Ele caminhou em direção à sessão de camisetas, e eu o segui. Enquanto ele analisava as peças, eu tentava recuperar a compostura.

— Dormiu bem, princesa? — Perguntei, tirando uma camiseta do cabide e me lançando um olhar.

— Um pouco... Minha cabeça estava a mil, demorei a pegar no sono — respondi, pegando uma camiseta estampada para mostrar a ele. — Essa aqui ficaria linda em você.

— Espero ter sido o motivo dessa insônia — ele soltou uma risada suave, o tipo de riso que mexia comigo. — Vou levar isso então... E olha só você, toda gata no trabalho. Acho que vou aparecer por aqui mais vezes.

— Você é sempre assim? Conquistador? — brinquei, tentando disfarçar a timidez.

— Só com o que ainda não é meu — ele sorriu de canto, aquele sorriso que me fazia sentir coisas que não deveria.

Daddy pegou mais algumas peças que eu sugeri, e com isso, bati minha meta do mês inteiro. Estava em êxtase, não só pelo sucesso no trabalho, mas por ele estar ali.

— Acho que é isso. Valeu, princesa — disse ele na porta da loja, segurando as sacolas. — Ah, no fim de semana vai rolar uma festinha na casa do Borges. Apareçam, por favor.

— Não sei se vou poder ir... — comecei a responder, mas ele me interrompeu, segurando meu queixo suavemente.

— Se você não aparecer, eu vou na sua casa te procurar — ele disse com um sorriso malicioso, antes de se despedir. — Até lá, meninas.

Eu e Mari ficamos paradas na porta, vendo os dois se guardarem com os seguranças. Mal tive tempo de processar o que tinha acabado de acontecer, quando nosso gerente apareceu.

— Obrigado pelo atendimento, meninas. Vocês estão de folga no sábado e no domingo — ele disse, me tirando do meu transe.

É realmente eu não tinha desculpa para não ir, agora só preciso inventar algo bem convincente para meus pais.

Heaven | NGC DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora