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— Como é esse tipo de trabalho? — minha mãe reclamava, visivelmente incomodada.

— Eu não sei explicar direito. Só sei que meu chefe disse que todos vão trabalhar no evento e que é importante para a loja — respondi, tentando manter a calma.

Minha mãe olhou para o meu pai, que suspirou pesado, como se estivesse se preparando para o que viria a seguir.

— Se dependesse de nós, Liz, você nem iria. Não precisa disso, ainda mais para ficar no meio dos escarnecedores — disse minha mãe, num tom desaprovador, e logo ficou em silêncio.

— O inimigo é traiçoeiro, viu — ela murmurou, balançando a cabeça.

Eu sabia que essa seria a reclamação deles. Meus pais são muito religiosos, e qualquer coisa fora da rotina de igreja e trabalho já era motivo de preocupação. Então, resolvo apelar para uma desculpa que sabia que funcionaria.

— Se eu não for, corro o risco de perder meu emprego. E sem ele, não vou poder ajudar com as contribuições na igreja — inventei rapidamente, pedindo perdão a Deus mentalmente por usar isso como desculpa.

Meus pais se entreolharam, e depois de um silêncio tenso, meu pai foi o primeiro a ceder.

— Tá bom, você pode ir, já que é pelo trabalho. Mas fique de olho lá, vigie, porque você sabe como o inimigo é ardiloso — disse ele, encerrando a conversa.

Eu apenas concordei, acenando com a cabeça, mas por dentro estava gritando de felicidade. Consegui! Eles me deixaram ir.

[...]

Chegou o tão esperado dia do evento. Saí de casa bem mais cedo, ansiosamente, e, ao chegar ao evento, recebi meu uniforme.

O calor no Rio de Janeiro está intenso, como de costume, e quando vi o uniforme, não pude deixar de pensar em como meus pais reagiriam se me vissem usando aquilo — um conjunto despojado, bem diferente do que eles consideravam "apropriado"

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O calor no Rio de Janeiro está intenso, como de costume, e quando vi o uniforme, não pude deixar de pensar em como meus pais reagiriam se me vissem usando aquilo — um conjunto despojado, bem diferente do que eles consideravam "apropriado". Mas, ao invés de me preocupar, sinto uma excitação enorme. Fiquei empolgada para vestir.

Mari insistiu para fazer uma maquiagem em mim, algo leve, mas que fez toda a diferença. Claro que eu teria que lembrar de tirá-la antes de voltar para casa. Meus pais jamais entenderiam.

Com o evento já em andamento, a abertura do show rolava enquanto o estande onde trabalhávamos estava lotado. Eu, Mari e mais dois colegas da equipe receberam a missão de levar tênis para alguns dos artistas nos camarins. Não que eu ligasse muito para isso, pra mim, eram todos iguais, só mais um trabalho a ser feito, mas Mari, por outro lado, estava surtando de empolgação.

Já passamos por uns quatro camarins, e agora estávamos indo para o quinto.

— Senhoooor, esse é o camarim do Borges! — Mari sussurrou, quase pulando de alegria.

Fiz cara de quem não estava entendendo nada, tentando segurar o riso.

— Eu sou muito fã dele! — ela contínua, animada claramente.

Olhei para a placa na porta e li em voz alta:

— "Camarim: NGC Daddy, Borges, MD Chefe e mais"...

Não fazia ideia de quem eram aquelas pessoas. Pra mim, era tudo novo. Mas a energia de Mari era contagiante, e até me fez sorrir.

Bati na porta e, antes que eu pudesse pensar em mais alguma coisa, alguém abriu rapidamente.

Heaven | NGC DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora