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Um mês havia se passado, o tempo parecia correr de forma diferente agora, como se minha vida fosse dividida em duas partes: a que eu vivia com meus pais, e a outra, mais secreta e intensa, que ela compartilhava com Daddy (sendo eu mesma).

Todos os dias, trocávamos mensagens, chamadas de vídeo e, sempre que podíamos, dávamos um jeito de se ver. Havia uma espécie de adrenalina em tudo isso — o segredo, o risco. Eu sabia que, se meus pais descobrissem, tudo poderia desmoronar, mas ao mesmo tempo, essa era a única coisa que fazia minha rotina agitada e previsível parecer suportável.

Mari era minha cúmplice em tudo. Sempre que eu precisava de uma fuga rápida, fosse para ver Daddy ou simplesmente escapar por algumas horas do controle sufocante de meus pais, Mari estava para ajudar.

Eu estava no meu quarto dia de folga, o som baixo de uma playlist relaxante preenchendo o ar. Estava digitava rapidamente no celular, trocando mensagens com Daddy.

Liz: Meus pais vão sair hoje. A gente pode se ver?

Daddy: Perfeito. Já sei onde podemos ir. Vou te buscar às 18h

Sorri, sentindo um leve frio na barriga. Apesar de toda a tensão, havia uma sensação constante de excitação quando planejávamos se encontrar. Era como se, por algumas horas, eu pudesse escapar completamente da vida que meus pais haviam planejado para mim.

De repente, Mari me liga.

 Mari: E aí, já tá tudo certo?

Liz: Sim, vou sair às 18h. Meus pais não vão estar em casa, então acho que vai ser tranquilo 

 Mari: Bom, se precisar de qualquer coisa, me manda mensagem. Posso passar pra te dar cobertura, caso precise.

Ri, grata por ter uma amiga tão leal. Nos últimos meses, Mari tinha sido minha aliada incondicional. Podia confiar nela de olhos fechados

Liz: Eu não sei o que faria sem você , sério, você tem me ajudado tanto com isso tudo.

Mari: Amiga, você merece ser feliz. Só toma cuidado, ok? Seus pais são... bem, você sabe — Mari advertiu, com um tom levemente preocupado.

O fato de meus pais serem tão rígidos era algo que me incomodava constantemente. Mesmo com a ajuda de Mari, sempre havia o risco de que eles descobrissem algo. Eles querem que eu seguia um caminho específico, fizesse as escolhas "certas" — mas essas escolhas nunca pareciam incluir a minha vontade.

Depois de alguns minutos de conversa com Mari, me levantei e comecei me arrumar. O relógio marcava 17h, e sabia que tinha pouco tempo até Daddy chegar.

Às vezes, me perguntava por quanto tempo conseguiria manter essa dualidade. Quando estava com Daddy, tudo parecia mais leve, mais simples. Ele me fazia sentir viva, como se eu pudesse ser quem realmente era. Mas, em casa, a fachada continuava intacta — a filha perfeita, seguindo as regras.

Mari a interrompeu com um toque leve no ombro.

— Relaxa, vai dar tudo certo. Você merece esse tempo pra você, Liz.

Liz sorriu em agradecimento, tentando afastar os pensamentos inquietos. Logo, Daddy estaria lá fora, esperando por ela, e por algumas horas, pelo menos, ela poderia escapar do mundo que a sufocava.

Quando o relógio finalmente marcou 18h, estava pronta, ele havia chegado, entrei no carro com um sorriso, e quando ele a puxou para um abraço, sentiu que, pelo menos naquele instante, tudo estava exatamente como deveria ser.

Heaven | NGC DaddyOnde histórias criam vida. Descubra agora