Capítulo 16 Pt.2 - Dose de Silêncio - Oliver Thauvin

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A noite em Paris era mais escura do que o habitual, com nuvens espessas encobrindo as estrelas e a lua. As ruas, mal iluminadas e quase desertas, refletiam o meu estado de espírito, enquanto eu dirigia em alta velocidade pelas avenidas, o motor da Range Rover ecoando pelas ruelas estreitas. Meus olhos estavam fixos na estrada, mas minha mente estava em outro lugar, focada no que viria a seguir.

O revólver prateado descansava pesado contra meu quadril, oculto pela jaqueta. O metal frio pressionava minha pele, um lembrete constante de que eu estava indo para uma batalha — e talvez não voltasse ileso. O brilho das luzes da cidade piscava à medida que eu ultrapassava outros carros, deixando-os para trás com uma impaciência que poucos entenderiam. Eu tinha que chegar antes que fosse tarde demais. A mensagem com a localização ainda brilhava em meu celular, que estava jogado no banco do passageiro.

Cada quilômetro percorrido parecia trazer mais à tona as memórias que eu preferia enterrar. Renata. O peso da responsabilidade que eu carregava parecia esmagador, mas ao mesmo tempo era a única coisa que me mantinha focado. Não voltar sem Sky. Esse era o mantra que repetia mentalmente, apertando o volante com mais força.

Conforme me aproximava do destino, os arredores ficaram mais sombrios, afastados do brilho das grandes avenidas de Paris. Era uma área industrial, repleta de armazéns abandonados e prédios sem vida. O GPS piscou uma última vez, indicando que havia chegado ao ponto exato da mensagem. Parei o carro a uma certa distância, desligando os faróis para evitar ser notado.

Saindo do veículo, deslizei o revólver da cintura, mantendo-o escondido, mas pronto para ser usado. O silêncio da noite foi interrompido apenas pelo som de meus passos na calçada áspera. O prédio à minha frente parecia abandonado, mas sei que não poderia confiar nas aparências. Meus olhos vasculharam cada sombra, cada possível ponto de emboscada.

Antes de entrar, peguei o celular e enviou uma última mensagem curta: "Estou aqui. Se eu não sair em cinco minutos você já sabe o que fazer."

Por alguns segundos, o celular permaneceu em silêncio, e então uma nova mensagem chegou:

"Sim Sr. Thauvin."

Meu coração acelerou, mas minha expressão permaneceu inabalável. Guardei o celular, respirei fundo e avancei em direção à entrada. A porta de metal estava fechada mas não trancada, aquilo me pareceu um convite sinistro. Empurrei devagar, o rangido ecoando pelo interior do prédio.

Lá dentro, o ambiente era ainda mais opressor. O cheiro de ferrugem e poeira preenchia o ar, misturado com algo indefinido, talvez mofo ou decadência. Percorri o corredor estreito com cautela, cada sentido alerta para qualquer sinal de perigo, e com um gesto de atrai eu empurrei um vaso velho direto ao chão ele se quebrou em mil pedaços e o barulho ecoou pelo lugar.

E então, o som de uma arma sendo engatilhada quebrou o silêncio atrás dele.

— Se eu fosse você, ficaria bem parado. — A voz veio de uma sombra no canto da sala. Um homem alto, vestido de preto, surgiu das trevas, segurando uma pistola apontada diretamente para minha cabeça.

Mantive a calma, mesmo sentindo a adrenalina bombear em minhas veias. Não desviei os olhos da escadaria onde supostamente poderia estar Sky, mas lentamente levantei as mãos, como se estivesse me “rendendo”.

— Calma. Vamos resolver isso da forma correta. — falei, com a voz firme, mas sem qualquer emoção aparente. Sabia que, se eu quisesse sair dali com Sky viva, precisava jogar com inteligência.

— Você chegou longe, Thauvin. Mais longe do que eu esperava. — O homem sorriu, seu tom casual, quase admirado. — Mas você e eu sabemos que essa história não acaba bem para você. Não enquanto eu estiver no controle.

Lights and Secrets +18 | Dark Romance Onde histórias criam vida. Descubra agora