Capítulo 27 - Rastros Ocultos - Rodolfo Rodriguez

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2 Meses atrás...


Ali fiquei, observando a fachada do prédio e a movimentação ao redor, tudo aparentemente normal. Mas eu sabia o que estava por vir, e Sky também, de algum jeito. Cruzei a sala, firme, sem hesitar.

— Pegue algumas roupas, o essencial. Você vai morar comigo a partir de hoje, até estar fora de perigo.

Seus olhos arregalaram-se, o espanto claro. Ela abriu a boca, talvez para protestar, mas cortei qualquer chance de resistência.

— Me obedeça, Sky. Não te levaria pra minha casa se não fosse por segurança. E, só pra deixar claro — continuei, minha voz firme e fria — você nem faz o meu tipo.

Vi a raiva e o desconforto em seu rosto, mas não era suficiente para quebrar a armadura que ela tinha. Eu precisava de limites aqui. Tanto profissionalmente quanto pessoalmente.

Ela subiu as escadas de vidro do duplex, os passos pesados, e logo ouvi o estrondo de uma porta fechando. Sky queria ter o controle. Em tudo. Mas desde o momento em que quase perdeu a vida naquele hospital, eu fui designado para assumir esse papel. O que ela não sabia era o quão perto estava da morte, injetada com tantas substâncias que, fosse um pouco mais, talvez não estivesse aqui. E ela vai sentir a dor disso. Quando a abstinência chegar, vai sentir cada segundo do inferno.

Minutos depois, Sky desceu com uma mala de ombro. Dei um passo para ajudá-la, mas ela desviou sem uma palavra. Revirei os olhos, mantendo a calma, e a segui.

Na garagem, abri o porta-malas da Mercedes. Ela atirou a mala lá dentro com uma força que me tirou a paciência. Entrou no carro e bateu a porta do passageiro com um estrondo. Controlei a raiva, mas não por muito tempo. Entrei rápido no banco do motorista, agarrei seu braço e a puxei para perto, meus olhos frios.

— Na próxima vez que bater a porta do meu carro assim — murmurei baixo, com a raiva controlada — eu juro que você vai no porta-malas. — Soltei seu braço, e ela voltou para o banco com a mesma intensidade.

Girei a chave devagar, soltei o freio de mão e acelerei, deixando a garagem com firmeza. Na rua, assumi a pista em alta velocidade, trocando de marcha sem hesitação.

Sky pensava que podia me controlar, o mesmo jeito que provavelmente faz com seus pacientes. Ela mal sabia que eu já tinha vivido nesse inferno. E não foi por acaso que eu me tornei dono dele.


❦ ❦ ❦


A noite era profunda, e a cabana de madeira era um refúgio em meio ao silêncio da floresta, distante de qualquer movimentação. As vigas de madeira rangiam sob o vento lá fora, e apenas o crepitar da lareira quebrava a quietude. Sentado no sofá de couro marrom, mantinha meus olhos em Sky, que, na poltrona à minha frente, parecia tensa, encurvada, abraçando o próprio corpo.

Entre nós, uma mesa de vidro, e sobre ela, a carta que foi entregue em seu apartamento – uma ameaça clara e firme. Já havia passado algum tempo desde que começamos a conversa, mas cada resposta dela era um labirinto de incoerências e evasivas. Eu sentia que ela sabia mais do que dizia. Ou talvez estivesse aterrorizada demais para lembrar os detalhes.

Inspirei fundo, tentando conter a impaciência. A missão era clara, conseguir informações. Não só pela segurança dela, mas porque estava determinado a chegar até o responsável.

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