Eles sabem que deveriam se manter afastados, mas a atração entre eles é inegável e implacável. Erick e Três sobreviveram ao pior nas mãos do homem que destruiu suas vidas, e agora se veem presos à filha de seu algoz. Cada passo na direção dela é um...
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— Está bem mesmo? — Três questionou, desconfiado, enquanto eu me trocava, vestindo um uniforme seco e limpo. Apenas balanço a cabeça em afirmativo, não querendo falar sobre isso, e sei que ele respeitaria. Era normal isso acontecer. Alguns gatilhos me levavam para um limbo de pesadelos, de lembranças que eu ainda não aprendi a lidar. A maioria das minhas dores já estão saturadas, estão cicatrizadas, assim como os cortes em meu corpo. Mas algumas... ainda são delicadas demais para aceitarem se fechar.
Acendo mais um cigarro após abotoar a calça. Dessa vez Três não o tira da minha boca, porque sabe que nesse momento, estou precisando mais da nicotina do que ele. Pego a camisa, o colete e o casaco, me vestindo e então acoplando o coldre de armas em minha cintura, em minha coxa direita e as armas brancas no colete.
— Vee quer nos ver mais tarde — Três avisou. Eu já estava sabendo, mas ele queria introduzir algum assunto afim de me distrair dos pensamentos ruins. Eu o agradeço por isso. Assenti novamente, deixando a entender que eu estava em sã consciência, ouvindo sua voz, lúcido. Respiro fundo, terminando de calçar as botas.
— Como está lidando com a ruiva? — Questiono, com o mesmo objetivo de tentar dissipar e clarear minha mente, ocupar com outras coisas.
— Não estou lidando. O que fiz com ela foi para atingir Janet — Isso me fez encará-lo, vendo a sinceridade em seu olhar.
— Nem sendo só para diversão? — Questiono e ele me encara.
— Sei o que você fez, Erick — acusou, e pela primeira vez não consegui ler seus pensamentos. Geralmente sou bom nisso com ele e vice-versa.
— Do que está falando? — Ele suspirou, se sentando na minha cama, já que antes estava deitado.
— Sei que assumiu a responsabilidade por mim caso eu faça alguma merda com as garotas. Sei que se eu fizer algo, você é quem vai pagar por isso — ditou, o que me fez suspirar. Merda.
— E daí? — Pergunto indiferente, vendo ele bufar uma risada sem humor.
— E daí que não vou deixar você se foder por conta de uma boceta! — Ralhou, o que foi o suficiente para me arrancar uma risada sincera.
Eu amo esse filho da puta.
— Me sinto honrado — Brinco, sarcástico. — Mas para te tranquilizar, Vee fez isso por Janet, que é a irmã dele. Não por Sophie.
— Tanto faz! — Resmungou, revirando os olhos. — Elas são carne e unha. Se Janet chorar um "a" pela garota, será o mesmo que feri-la, e aí vão descontar em você. Esquece, posso sobreviver sem uma mulher — Falou, e eu me levanto, agora devidamente pronto, me aproximando e lhe estendendo a mão, atraindo sua atenção.
— Mas não sem mim — Insinuo e ele sorri, concordando, segurando minha mão e se colocando de pé, ficando cara a cara comigo, tão perto que eu podia sentir sua respiração batendo contra meu rosto, logo pegando o cigarro da minha boca.
