Eles sabem que deveriam se manter afastados, mas a atração entre eles é inegável e implacável. Erick e Três sobreviveram ao pior nas mãos do homem que destruiu suas vidas, e agora se veem presos à filha de seu algoz. Cada passo na direção dela é um...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
— Espero que saiba o que vai dizer para explicar isso — Três resmungou, após prender a gase ao redor do meu braço.
— Não se preocupe com isso. Darei meu jeito — Comento, mas ele não responde, se virando e guardando o kit médico.
Observo mais uma vez suas cicatrizes. O sentimento ruim voltando ao meu peito ao imaginar por tudo que eles passaram.
— Quantas ele têm…? — Minha voz quebrou o silêncio, minutos depois. Eu nem sei se queria ouvir a resposta. Três se virou para mim, analisando minha pergunta e logo compreendendo onde eu queria chegar.
— Muito mais do que eu — Rebateu, sucinto, o que me fez engolir em seco, tentando conter a vontade de chorar que me atingia novamente. Mas minha cabeça já estava latejando de dor, então me contive. Vejo ele pegar sua camisa de volta, a vestindo, abotoando devagar. Meu pescoço ainda doía pelo aperto que ele me deu, mas isso era o de menos agora. Três ainda me dava medo, porque sei que ele não tinha medo das ameaças dos meus irmãos. Não estava ligando nem um pouco para isso. Mas sim, por causa de Erick. Apenas para protegê-lo. Era… bonito, mesmo que ele sequer notasse.
No fundo, ele ainda tinha sentimentos, sentimentos pela única pessoa que nunca o feriu. Erick é o único porto seguro de Três. E sei que tudo isso… é o medo de perdê-lo.
Puxo o ar para os meus pulmões, o nervosismo tomando conta de mim enquanto meus sentimentos se embaralhavam. Às vezes Três me assustava, às vezes… eu me preocupava. Mordo os lábios, pensando se seria uma boa ideia, ajeitando meu robe que estava quase abrindo e passando por ele, abrindo os armários e pegando o pacote de pão guardado.
— Já jantou? — Pergunto, separando dois pães. A resposta demorou a chegar, e eu podia sentir meu corpo queimando sob o olhar dele.
— Não — finalmente respondeu, baixo e desconfiado. Deus, quando esses homens comem?! Falta de comida não é!
Apenas assenti, seguindo até a geladeira e pegando a bandejinha com salame e queijo e algumas frutas. Três não tirou o olhar de mim nem por um segundo, como se esperasse eu colocar algum tipo de veneno no lanche ou algo do tipo.
Em outras situações, talvez eu cogitasse realmente a fazer isso…
Mas… acho que ele merece um sanduíche bem caprichado… Só hoje.
Termino de montar o sanduíche, juntando o mix de frutas em um potinho do lado, e por fim, preparando um bom chá de ervas, entregando a ele em seguida, que mesmo me vigiando o tempo todo, não fez menção de pegar o lanche, me olhando com total desconfiança, afinal, estávamos discutindo há poucos minutos. Suspiro, apoiando minhas mãos na bancada e tomando impulso, ficando sentada sobre o balcão e pegando o sanduíche, dando uma mordida para provar que não tinha nada demais. Também tomei um gole do chá, só então vendo ele se aproximar. Ele hesitou, seu olhar desconfiado preso ao meu, como se buscasse ainda um motivo para minha atitude repentina.
