Capítulo 13

55 5 5
                                    

Meu telefone toca. É o Vinnie.
— Bichinha... você tem que vir para o hospital. Agora!Ao escutar aquilo, fecho os olhos, as minhas pernas ficam bambas. Não precisa continuar falando.

Quando desligo o telefone, contenho o choro e engulo as lágrimas. Sou uma mulher forte.  Bebo água da garrafa e, por fim, pego minhas coisas Alexa já se levantou, está na porta esperando por mim.

Minhas mãos estão tremendo e minhas bochechas ardem. Quero chorar.  Controlo minha tristeza e caminho até o elevador. Só então.
Quando chego no hospital, Vejo Vinnie me encarando com os olhos encharcados de lágrimas. Por que ele está chorando? Foi por causa dele que meu pai está nessa situação.

Meu pai respira com muita dificuldade. Às três e meia da tarde, após uma injeção que o doutor lhe dá para que sinta menos dor, Meu pai me deixa. Me deixa para sempre, com o coração despedaçado e com a sensação de uma perda irreparável.

Me inclino sobre a mesa onde seu corpo sem vida descansa. Eu o
beijo, acaricio pela última vez sua cabeça, e  lágrimas embaçam totalmente minha visão.

— Adeus, papai — murmuro.

Às sete da noite, estou sentada no sofá do hospital, aguardando as cinzas do meu pai, liguei para seus irmãos e os mesmos disseram que não viriam. Ele não merecia isso. Vinnie e o Giovanni não saíram de perto de mim em nenhum momento.

Mas eu não quero saber de nada nem
de ninguém. Estou triste, muito triste. Meu pai, com quem eu dividia todas asminhas tristezas e alegrias, me abandonou de novo, mas dessa vez é para valer.

Choro... choro e choro.
Giovanni me abraça, mas, inexplicavelmente, sinto que preciso do abraço de outra pessoa. Por quê?

Às oito da noite, ligo o celular e recebo uma ligação de Fernando. Fazia tempo que ele não ligava para mim, na verdade fui eu que me afastei dele, não queria que o Vinnie o magoasse. E agora ele está se oferecendo para vir me consolar.

Rejeito a oferta e, após falar com ele por alguns minutos, encerro a ligação e desligo. Janto qualquer coisa  no hospital e decido voltar para a minha antiga casa.

Já tenho a cinza de meu pai, peço a Giovanni que me acompanhe até a minha antiga casa. Vinnie se oferece para ir, mas eu nego.

Depois de algumas horas na estrada, finalmente chegamos.
Eu achei que seria forte mas, quando entro, uma emoção estranha toma conta de mim. Tenho a sensação de que a qualquer momento papai, meu paizinho, vai surgir em algum canto da casa e me abraçar.

Fecho a porta e me apoio nela. Meus olhos se enchem de lágrimas e não me contenho mais.Choro, choro e choro.Com os olhos inchados e sem conseguir me controlar, ando até a cozinha.

Alguns segundos depois, escuto a porta da rua sendo aberta. É Alexa. Ela vem e me abraça.

— Eu sabia que você estaria assim. Vamos, por favor, pare de chorar.
Tento dizer que não consigo. Que não quero. Que me recuso a acreditar que meu pai se foi de vez.

Mas o choro me impede de dizer qualquer coisa. Meia hora mais tarde, eu a convenço a ir embora, todos se vão.

Preciso ficar sozinha. Quando ando até o banheiro para lavar o rosto, vejo uma foto minha e de meu pai no chão,  e caio no choro outra vez. Sento no vaso, disposta a chorar por horas e horas, quando ouço batidas na
porta. Convencida de que a teimosia de Alexa falou mais alto resolveu
voltar, abro a porta, mas é a minha tia quem aparece na minha frente, com cara de poucos amigos.

O que ela está fazendo aqui?
Me olha surpresa. Sua expressão muda por completo e, sem se mexer, pergunta:

— O que houve, Stephany?
Não consigo responder. Meu rosto se contrai e eu começo a chorar outra vez.

Fica paralisado e então eu me aproximo dela, e ela me abraça. Ouço a porta se fechando e choro mais ainda.

— Meu pai, seu marido, morreu
— consigo murmurar.
É a primeira vez que digo essa palavra terrível. Eu a odeio!

Tento falar, mas os soluços de tristeza não me permitem. Só consigo articularpalavras entrecortadas, enquanto meu corpo se contrai involuntariamente. Cinco minutos depois, estamos  um pouco mais
calma.

— Sinto muito, Steph, Sinto muitíssimo. Sei que não fui uma boa mãe para ti. Faço que sim com a cabeça, enquanto aperto meus lábios e engulo a enxurrada de emoções
que novamente imploram para sair de dentro de mim.

Por volta da meia-noite, a tristeza ainda me domina, mas já sou capaz de controlar meucorpo e minhas palavras.

— Você precisa descansar. Está exausta e sua mente tem que relaxar.
Faço que sim com a cabeça.

--- Mas a senhora também precisa descansar. --- Digo forçando um sorriso.

.......

O despertador toca. Olho a hora: nove e trinta e cinco. Estico o braço e o desligo. Me espreguiço na cama e minha cabeça desperta rapidamente. Minha mente recupera a consciência do que aconteceu e eu me sento na cama quando ouço uma voz.

Bom dia. Bichinha. --- O que fazes aqui? ---  A sua tia ligou para mim, pediu que viesse ficar contigo, tudo bem? --- Dou de ombros.

Levanto da cama sem ter consciência da minha cara péssima, toda despenteada.Paro de repente e sinto Vinnie atrás de mim. Nem me deixa pensar. Me segura pela
cintura e me vira.

— Já para o chuveiro! — ordena.

Quando saio do banheiro e entro no quarto para me vestir, Vinnie não está mais ali. Então me apresso a pegar uma calcinha e um sutiã da gaveta e os coloco. Depois abro o armário e me visto. Quando já estou vestida vou para a sala e o vejo lendo o jornal.

— Tem café fresco — diz ao olhar para mim. — Come alguma coisa.
Ele dobra o jornal, se levanta, vem beijar o alto da minha cabeça.

Tomo o café e, quando deixo
a xícara na pia, sinto que Vinnie se aproxima por trás, mas desta vez não encosta em mim.

— Está melhor? — me pergunta.
Faço um gesto afirmativo, sem olhar para ele. Estou com vontade de chorar de novo, masrespiro fundo e consigo controlar o impulso.

---- Podemos conversar bichinha?. Sua voz exala tristeza. --- podemos sim.

--- Sei que você me culpa pela o que aconteceu com o teu pai e, eu nem posso discordar disso. Se eu não tivesse ido cobrar a maldita dívida nada disso teria acontecido. Você estaria com o teu pai. Eu sinto muito.

Eu não sei o que dizer, eu realmente o culpo, mas também sei que ele não foi o culpado pela morte. Depois da morte da minha mãe, meu pai tornou-se um alcoólatra.

--- Você tem razão, eu ti culpo sim pela desgraça do meu pai, mas não pela morte dele. --- Por isso eu vou te pedir uma única coisa. Se afasta de mim, me deixe viver a minha vida.

--- Eu não posso fazer isso, eu... --- Você o quê? --- Nada, deixa pra lá. --- Se realmente queres isso, eu vou fazê-lo.

Vinnie foi-se!! Eu deveria estar feliz por isso. Mas não estou.

[.....]

Vinnie

Agora sim, o verdadeiro terror vai começar, eu tentei o máximo me controlar para não mostrar para ela o meu lado maníaco, mas a bichinha não cooperou. Não sou do tipo de homem que aceita rejeição.

Eu vou fazer com que ela volte para mim, ela vai me amar de maneira desesperada.

Mas se ela quer um tempo, ela terá.

Vendida ao Mafioso Onde histórias criam vida. Descubra agora