A terça-feira amanheceu chuvosa e acolhedoramente fria. Natasha foi acordada aos berros por Kate para o começo da primeira aula que estavam, como de costume, atrasadas. A ruiva mal teve tempo de tomar um banho sem que Kate amaldiçoasse todas as suas vidas passadas pela demora.
– Você é uma péssima colega de quarto, não serve nem para acordar cedo! – reclamava calçando o sapato e penteando o cabelo ao mesmo tempo. Natasha apenas revirava os olhos quando saiu do quarto enxugando os cabelos com a toalha. – Além de ser antissocial e ter o pôster de um homem que já morreu colado na minha cama, é claro.
– Pelo menos não volto de madrugada fedendo a sexo. – rebateu Natasha sorrindo vitoriosa quando Kate abriu e fechou a boca.
– Desculpe se estou sendo uma adolescente com hormônios a serem explorados. – rebateu a garota cerrando os olhos e apontando a escova de cabelo ameaçadoramente para a ruiva antes de entrar no banheiro.
Elas costumavam ser assim, discutiam como cão e gato, mas se amavam incondicionalmente como irmãs. Natasha, Kate e Carol costumavam serem melhores amigas de infância em Miami até decidirem que seus sonhos estavam em NY. Carol com sua paixão pelo violoncelo conseguiu uma vaga em Juilliard. O pai de Kate era advogado e muito amigo da família Romanoff, o que levou Natasha e Kate a entraram juntas em Columbia.
As duas conseguiram chegar a tempo para a aula do Sr. Manson antes que ele fechasse a porta sem piedade. Era um dos professores mais odiados por Natasha, o homem de 39 anos, cabelos aka Kurt Cobain e olhos medonhos fazia a grande questão de não deixa-la entrar em sua aula quando se atrasava e isso só servia para irritar Natasha ainda mais.
O problema é que naquele dia a ruiva estava aérea na aula do professor que servia de cópia mal feita de um astro do rock de 1970; ela quase não tinha conseguido dormir com os pensamentos voltados para a sala 208. Era como um vírus que tinha infectado seu corpo e agora estava prestes a explodir se não encontrasse a cura.
Me: Vou almoçar com você hoje.
Enviou, estrategicamente, a mensagem para Carol sob a mesa da sala de aula. Tentou ao máximo prestar atenção na aula, mas acabou falhando quando começou a desenhar laços vermelhos no caderno. Aquilo era loucura, Natasha tinha certeza disso mais do que nunca.
O celular vibrou com a resposta.
Carol: Pensei que você só trabalhasse três vezes na semana (?)
Ok, agora ela precisava de uma desculpa convincente. Não podia simplesmente dizer que estaria indo a procura de uma garota.
Uma garota.
Nunca havia lhe passado pela cabeça sentir o que estava sentindo por uma garota, ainda mais uma que nem o rosto tinha visto. É verdade que ela nunca se apaixonou, então não sabia dizer ao certo sua sexualidade. Caramba, ela nunca teve tempo para pensar nisso. Esteve sempre ocupada, estudando para se tornar alguém ao nível de seu pai. "Estude, e um dia poderá administrar nossa empresa", eram as suas palavras para uma Natasha de treze anos.
Me: Quero passar um tempo com você, só isso.
Não, aquilo não era nem um pouco convincente. E Carol sendo Carol, não deixaria nada disso passar quando se encontrassem.
Carol: Ok... Matou alguém e preciso esconder o corpo, é isso?
Ela tentou abafar o riso com a mão e recebeu alguns olhares desconfiados de estudantes.
Me: Pode ser que sim.
Guardou o celular na mochila e voltou a encarar o professor que passava um trabalho para a próxima semana sobre Direito Penal, mas Natasha sabia que depois pegaria com Kate porque agora, naquele momento, estava ocupada demais reproduzindo com os dedos na mesa a música que a garota do laço vermelho tocara. Perguntava–se se teria sido estúpida por ter saído de lá antes que a garota se virasse para ela, o medo que sentiu naquele momento a empurrou para longe da sala, ela não queria isso, sabia que era errado, mas ao mesmo tempo se tornava completamente certo.
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The Red Bow - Wantasha
FanfictionADAPTAÇÃO DE FANFIC Quem quiser ver a original, é a única história que tá na minha lista de leitura. Quando se é jovem geramos expectativas e sonhos muitas vezes maiores que nós mesmos, o amor é o extremo do perfeito e canta a melodia mesmo sem sab...