29. New Beginning

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Os primeiros raios solares invadiam o quarto através do vidro da sacada concedendo ao cômodo um ar melancólico e lúdico de uma vida preenchida de troféus e medalhas, mas vazia de sentimentos. Apesar de o sol queimar lá fora, a enorme casa de madeira mantinha seu clima gélido, sendo quase sempre inverno entre as paredes brancas.

Uma mulher de cabelos escuros remexeu-se preguiçosamente na cama de casal soltando um muxoxo preguiçoso no ar ao abrir os olhos. A mulher se acomodou entre o amontoado de edredons e deixou que seus olhos repousassem na parede oposta, logo à sua frente, sempre mórbida e significativa, pintada num tom vermelho extravagante que a fez franzir o cenho se perguntando pela vigésima vez o que sua namorada pensava quando decidiu pintar aquela parede de vermelho em uma casa tão... Sofisticada.

Ela remexeu-se um pouco mais até estar com o corpo totalmente virado para a direita, onde se deparou com Wanda Maximoff sentada contra a cabeceira da cama com seu óculos de grau, um top preto e calcinha boxer da Calvin Klein. Os cabelos castanhos estavam ainda maiores do que antes e um pouco mais claros que o de costume em sua adolescência. O semblante concentrado nas folhas em suas mãos dava a ela um ar maduro e sexy, ao mesmo tempo em que destacava suas feições quase infantis que nem o tempo fora capaz de apagar, apesar dos 25 anos que carregava agora nas costas.

- O que está fazendo? – a garota perguntou analisando os papéis que Wanda rabiscava.

- Vendo as contas desse mês. – foi a resposta da sokoviana sem tirar os olhos dos papéis. – Eu preparei o café da manhã, você pode descer e comer alguma coisa antes de ir embora, Maria.

A tal Maria bufou e sentou-se na cama exibindo sua nudez, mas nem mesmo assim teve atenção de Wanda e acabou gemendo frustrada.

- Você poderia ao menos me deixar ficar mais um pouco. – reclamou e se enrolou no edredom antes de levantar procurando por suas roupas. – Eu poderia muito bem estar aqui quando você voltasse... – Wanda levantou os olhos intrigada quando Maria fez um bico manhoso. – Por favor?

A sokoviana ainda ficou em silêncio enquanto retirava o óculos e suspirava lançando um olhar compreensivo à garota.

- Me desculpe, baby. Você sabe que eu...

- Que você não quer nada sério com alguém, e ficar depois do sexo é sinal claro de sentimentos, e blá, blá blá... – revirou os olhos impacientemente. – Eu sei de tudo isso, Wanda. O problema é que fazemos isso há três meses e eu preciso saber se você está nessa tanto quanto eu. Estou cansada de ter que ir embora toda manhã depois de uma noite maravilhosa de sexo.

Wanda abaixou a cabeça compreendendo o rumo daquela conversa, então analisou suas possibilidades mentalmente, não eram muitas, a julgar o fato de que Maria Hill tinha toda razão quando pedia por algum sinal da sokoviana... Sinal esse que ela não tinha. Não havia nada de errado com a garota, Maria era uma pessoa maravilhosa, as duas se conheceram dois anos antes, no casamento de Carol e Diana quando ela derrubou ponche no vestido de Wanda. Desde então se tornaram conhecidas pelo fato de Maria trabalhar na academia de dança de Diana, a Prince's Academy. Apenas há três meses que a mulher tomou a iniciativa de chamar Wanda para sair, e apesar da relutância, avisos sobre um não-compromisso e uma certa frieza vinda de seu coração, as duas tiveram uma ótima química na cama que vinha a deixar a sokoviana relaxada depois de um dia estressante. Não que ela odiasse seu trabalho. Não, ela não poderia, não quando seus alunos eram seu bem mais precioso e a melhor parte de seu tempo. Mas era aquela típica frase "não é você, sou eu." Que todos diziam quando não estavam mais afim de alguém e não sabiam como dizer.

Maria continuava parada em frente a cama na espera de uma resposta válida dessa vez. Wanda se levantou deixando os papéis de lado e caminhou até a garota deixando um beijo suave em seus lábios antes de recolher as peças de roupa pelo chão.

The Red Bow - Wantasha Onde histórias criam vida. Descubra agora