Capítulo: 54

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Ei gente! Boa tarde! Ontem não deu pra mim postar a noite. Estava indisposta. E hj vou atualizar mas cedo. Quero concertar um erro q cometi no capítulo anterior, a tal mulher que Sam vou ver, não se chama "Jennie", é a " Carlie", a garota que a Mon viu sendo abusada, quando criança, ok? Desculpa o erro. 



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     Samanun POV


Minhas mãos suavam de puro nervosismo, ter olhar indecifrável da mulher sentada a minha frente não estava ajudando nem um pouco. Era um misto de curiosidade e outros vários sentimentos que eu não sou capaz de opinar, talvez.....talvez não, ela estava na defensiva e eu não a julgo, nem também ficaria se uma estranha batesse na minha porta do nada.

Ela parecia me estudar minimamente como se buscasse algo que a fizesse confiar em mim. Depois de alguns minutos que pareceram mais horas, ela pigarreou me fazendo encará-la.

- Você não me falou o seu nome completo. - me surpreendi com o tom acusatório usado por ela. Parecia que eu tinha cometido um crime. Mas deixando isso pra lá eu respondi.

- Samanun Chankimha! 

- É o suficiente. - me cortou digitando algo rapidamente no computador que ficava sobre a mesa. - Samanun Chankimha. Vinte anos. Cursando o penúltimo ano de música na universidade de Miami.

Ela disse sem tirar os olhos da tela do computador.

- Você também é estagiária na empresa Armstrong....- comentou se inclinando sobre a mesa. - O que você quer menina?

Seu tom de voz me deu medo. Ela me olhava diretamente nos olhos me causando pânico. Respirei fundo tentando não demonstrar o quanto eu estava assustada e encarei-a de volta.

- Eu sou amiga da Kornkamon, e....eu sei o que....o que aconteceu com você. - respiro aliviada quando vejo seu rosto suavizar. Ela parecia surpresa.

- Você....ela está bem? - seu tom agora demonstrava preocupação.

- Ela está melhorando. - ela assente fracamente e encara o nada como se não estivesse mais presente. - Hum....eu sinto muito pelo o que aconteceu.

Ela nega voltando sua atenção pra mim.

- Pode apostar que ninguém sente mais do que eu. - assinto ficando em silêncio. - Ninguém além de mim sente o que eu senti naquele dia. Foram dez anos de terapia intensiva para voltar a confiar no meu pai. No meu pai. Você tem noção do que é sentir medo de receber o carinho do seu próprio pai? Não só dele, todos os homens que se aproximam de mim era pra me fazer mal, era assim que eu pensava. Eu nunca mais fui a mesma. E nunca serei.

Limpei uma lágrima rapidamente e observei ela me encarar curiosa.

- Não precisa ter pena de mim, eu mesma deixei de ter pena de mim. - sorriu sem mostrar os dentes. - Não adianta viver se escondendo quando o medo estar dentro de você, o medo de ser tocada, o medo de um abraço, o medo de um beijo na testa vindo do seu poder desencadear mais um dos números surtos que eu tive durante toda a minha adolescência. Esse medo me dominou por anos. Meus pais me olhavam com pesar e não como a filhinha sorridente deles. Eu cansei de ver a pena nos olhos das pessoas que eu amava. Eu não quero mais esse olhar sobre mim, Chankimha. Nunca mais.

- Desculpa....- fungo baixinho e respiro fundo. - Agora imagina você com apenas sete anos tendo presenciando uma cena tão nojenta como essa e ter que passar por tudo sozinha...ter que crescer com a culpa, ter que conviver com uma família religiosa que vê um padre como se ele fosse o próprio Deus que não tem pecado e que seria incapaz de fazer mal a qualquer pessoa que seja. Ter que viver presa em uma bolha de hipocrisia até os vinte cinco anos para não decepcionar os pais? Eu sei que a dor da Mon não foi física, ela não sentiu o que você sentiu, mas você acha que a dor dela tem que ser menosprezada? quando uma criança presencia algo abominável como o abuso, ela também fica marcada, e o pior é quando essa criança cresce com repúdio à ela mesma, ao que ela é, por pura culpa de algo tão puro como uma troca de sorrisos entre duas crianças. Não é pena, é compaixão com a dor do próximo.

Puxo todo o ar presente nos meus pulmões e respiro fundo.

- Ela....ela ainda se culpa? - sua voz falha e dessa vez não me encarava como antes.

- Sim. - digo simples vendo alguns papéis com desenhos estranhos sobre a mesa. - Eu conseguir convencer ela a ir em um psicólogo. Ela não teve uma infância normal. Além de presenciar um cena.....essa cena, ela cresceu com a idéia fixa de que era hétero e que gostar de garotas era algo abominável.

- Eu sou psicóloga. - encarei-a surpresa e ela sorriu de canto. - Frequentar um psicólogo a mais de dez anos despertou em mim a vontade de ajudar pessoas que passaram ou passam pelo o que eu passei. - falou antes que eu perguntasse. - Desculpa pela forma que eu abordei você. Eu ainda tenho um pé atrás com as pessoas.

Sorri compreensiva.

- Eu entendo. Era um....- hesitei.

- Um Padre. - ela riu sem humor. - O mau vem de onde nós menos esperamos.

Ficamos em silêncio até o mesmo ser interrompido por batidas na porta.

- Amor? Desculpa. Eu não sabia que você estava em consulta. - franzi o cenho ao ver uma morena linda sorrir educadamente pra mim.

- Tudo bem. - assegurou e fez um gesto para que a mulher entrasse. - Essa é Samanun. Samanun, essa é Livy, minha esposa.

Abrir a boca surpresa e ambas riram.

- Muito prazer, Samanun. - sorriu educada e eu fiquei sem reação. - Você tem preconceito? - questionou me encarando.

- Ahh...não é que....eu não....claro que não. O prazer é meu. - apertei sua mão cordialmente e ela abraçou a esposa pela cintura. - O almoço já está pronto, amor.

- Bom....almoça conosco?

- Eu adoraria, mas a minha amiga já deve estar querendo me matar pela demora, mas obrigada pelo convite. - sorriso agradecida.

- Hum....- Carlie coçou a nuca e pigarreou fazendo a esposa sorri e logo saiu nos deixando sozinha. - Então, Samanun. Acho que você veio aqui com um propósito, estou certa?

- Sim. Mon é muito importante pra mim e ela não está passando por um bom momento, e....e eu quero....

- Resolver tudo por ela. - assenti surpresa e ela riu. - Vocês não são só amigas, né? - assenti minhas bochechas esquentarem com a afirmação.

- É uma relação complicada. Mas eu a amo muito e não suporto vê-la mal.

- Vai ser bom conversar com ela. - sorriu - Traga ela aqui. Ninguém além daquele monstro teve culpa do que aconteceu.

Sorri aliviada.

- Obrigada, será um problema a menos.

Ela é o Cara -- ( MonSam )  G'pOnde histórias criam vida. Descubra agora