Penúltimo Capítulo

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     Kornkamon POV


Eu tinha meus olhos presos fixamente nas enormes gotas de chuva, que caiam na piscina. Eu ainda me sinto extasiada, eu tenho a melhor esposa e a família mais maravilhosa que eu alguém poderia querer, eu simplesmente me sentia vivendo um sonho que eu nunca imaginei viver um dia, pelo menos não consciente, já que na minha cabeça, a família era formada por um homem e uma mulher.

Fui bem medieval, eu sei.

Mas depois que Samanun me mostrou o contrário, eu me sinto a mulher mais feliz do mundo.

Suspirei apoiando meu corpo sobre o parapeito da varanda do nosso quarto, Samanun estava viajando. Ela é uma excelente professora de música, e não é só por ser minha esposa, quer dizer, também, mas ela tem escola de música mais procurada de Miami, não é à toa que ela teve que viajar com alguns dos seus alunos, para um concerto em nova York.

- Posso falar com a senhora? - tive um pequeno sobressalto ao ouvir a voz da minha filha adentrar o cômodo.

- Claro, aconteceu alguma coisa? - virei-me na sua direção. Tina estava toda acanhada, encostada na porta.

- Bom, sim. - sorri, e apontei a poltrona que ficava no canto do quarto. Era tipo o nosso cantinho da leitura, idéia da Sam. Havia quatro poltronas ao redor da mesa de centro, no começo eu achei que seria uma bobagem, mas por incrível que pareça, as crianças adoraram. Minha esposa faz questão de que tenhamos esses tipos de momentos juntos, e como eles à idolatram, não foi muito difícil pra eles se encantarem com a idéia. Muito menos eu. Eu amo ler um livro qualquer sabendo que Sam está ali, bem do meu lado.

- Então, o que se passa nessa cabecinha? - digo sorrindo. Tina respira fundo e senta em posição de índio, mesmo não sendo nossa filha de sangue, ela é muito parecida com Samanun, principalmente nas manias.

- É a Dua. - falou brincando com os dedos das mãos.

- Dua, ela tá bem? - pergunto e ela assente. - Tem haver com o que o Bê falou na semana passada. - ela suspirou.

- Ela disse que quer ser minha namorada. - abro a boca, surpresa, mas nada saiu, Tina voltou a falar. - Eu gosto dela.

- Ah, então....qual o problema? Quer dizer, eu concordo com a sua mãe, acho que ainda é um pouco cedo pra pensar nessas coisas, então....

- Eu também gosto do Daniel. - ok, agora eu fui pega de surpresa. - Mas é difícil, mama. Dua é minha melhor amiga, e o Daniel é meu melhor amigo também, as vezes eu choro porque eu não sei o que fazer, talvez se eu fosse normal...- senti um aperto no meu peito quando eu à vi chorando, Tina fungou e foi o suficiente pra mim levantar da poltrona, indo até a mesma.

- Hey, amor. Não pense nisso. Quantas vezes eu e a sua mãe já falamos que você é uma garota normal? - me ajoelhei na sua frente, limpando suas lágrimas com o meu polegar.

- Mas....se eu fosse e-exatamente igual as outras meninas, meus pais não teriam me.....me abandonado. - suspirei, Sam saberia o que falar nessa situação, mas eu só conseguia abraçá-la e chorar com ela.

Que ótima mãe, Samanun foi arranjar, né? Ultimamente eu ando chorando por coisinhas bobas. Sam teve que dormir na sala só porque eu tive um ataque de ciúmes quando ela elogiou a atriz do filme que nós assistíamos. Eu simplesmente comecei a chorar, jogando alguns travesseiros nela, e é algo que eu não consigo controlar.

Mas é a Sam, ela sempre dá um jeito de me acalmar.


   Samanun POV


- Eu estou muito orgulhosa de você, Caleb. - digo sincera, ao me aproximar do meu aluno mais problemático. Caleb sorriu orgulhoso e eu sentei no gramado ao seu lado, suspirei quando meus olhos fitaram o lago, com alguns patos tomando banho, ou ganso, não sei diferenciar, todos têm um bico grande mesmo.

- Minha mamãe disse que estava orgulhosa de mim, também. E até me prometeu uma grande festa de aniversário no sábado. - falou animado. - Você vai na minha festa, né?

Suspirei, joguei uma pedrinha no lago tentando encontrar uma resposta sem que eu o magoasse. Eu gosto muito do Caleb, de todos os meus alunos, aliás. Mas eu realmente tenho que manter distância da Kimberly, mãe dele. Ela não é uma pessoa ruim, ela é linda, tanto por fora como por dentro, mas ela já deixou bem claro que gosta de mim de outra forma. Mon não sabe, e nem precisa saber, ela é muito ciumenta e eu sinceramente, não sinto nada pela Kimberly, mas eu não posso arriscar. Magoar minha esposa é a última coisa que eu pretendo fazer até o meu último dia na terra. Eu não me perdoaria. Ainda mais depois do ataque dela só porque eu elogiei a Margot Robbie, tem cabimento?

Respirei fundo, percebendo que o pequeno ainda esperava uma resposta.

- Eu vou tentar levar a minha esposa, junto. Se ela concordar, eu vou sim.

Ele sorriu, e jogou uma pedrinha.

- Eu vou brincar com a Lana. - sorri concordando.

Suspirei, senti meu celular tocando, Mon piscava na tela. Sorri e atendi.

Ligação on

- Oi amor!!!! - saudei animada. - Tudo bem por aí?

-e-u Oi amor...- falou baixo, franzi o cenho já em estado de alerta.

- Mon.....que voz é essa? Porque você está chorando, amor?

Ela respirou pesadamente do outro lado.

- Mon? Amor? O que aconteceu??? - levantei sentindo meu coração bater acelerado, e uma ansiedade absurda. - Mon? - escutei um sussurro, e logo escutei a voz do meu filho do outro lado.

- Mamãe....a mama e a Tina estão chorando, o que eu faço???

Respirei fundo.

- Cuida delas pra mim, filho. Eu estou indo pra aí!!!!

Ele murmurou um sim, e eu desliguei.

Família em primeiro lugar.

Ela é o Cara -- ( MonSam )  G'pOnde histórias criam vida. Descubra agora