Capítulo: 50

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    Kornkamon POV


- Uma vez. Uma única vez, um ato. Você não precisa passar por algo sozinha, você não precisa fingir que está tudo bem quando na verdade você está quebrado por dentro. Quando alguém fere você fisicamente, não é como se fosse o fim do mundo caso você sobreviva, ficará cicatrizes, mas nada que você não possa superá-las. Mas no meu caso, foi totalmente o contrário, a dor não foi em mim, as marcas físicas não foram no meu corpo, minha inocência não foi arrancada de mim de uma forma cruel e irreparável. Eu não passei dias sentindo dores no meu corpo, eu não me senti sendo invadida de maneira tão asquerosa e nojenta, não fui em quem chorou de dor, não fui em quem passou horas chorando calada, eu não senti tudo isso fisicamente. Eu senti tudo isso de dentro pra fora. Eu senti a dor nos olhos dela, eu senti o medo, raiva, e o desprezo nos olhos dela. Eu senti meu coração e principalmente a minha cabeça partindo-se em duas fases, em dois momentos. Meu coração quebrou e minha cabeça bloqueou a cena mais aterrorizante que eu já presenciei em toda a minha vida, eu nunca deveria ter esquecido o que aconteceu. Eu fui a culpada, eu era a errada, eu que deveria ter sentido tudo, Samanun. - sinto minha garganta se fechar.

Samanun me encarava atentamente, e tudo o que eu mais queria era saber no que tanto ela pensava.

- Eu não sei como você se sente. Eu nem imagino como é ter que presenciar um ato tão sujo e abominável, mas a única certeza que eu tenho é que você não deve se sentir culpada. - ela falou em meio à um suspiro. - Nunca se passou pela minha cabeça que você era uma mulher tão forte, eu sempre admirei você de longe, sempre apreciei a sua beleza por fora, mas olhando assim.....por dentro. Você não é bonita por dentro Mon.

Assenti encarando o chão.

Eu não esperava menos. Eu fui uma ccompleta covarde. E ainda sou.

- Você é incrivelmente linda por dentro. - arfei surpresa. Sam sorriu e se ajoelhou na minha frente, estávamos no sofá. Samanun segurou minhas mãos entre as suas e eu à encarei esperando seu próximo passo. Eu não sabia explicar mas eu sentia que meu coração sairia pulando a qualquer momento, e não era por medo, eu me sentia mais leve e relaxada, como nunca antes. Samanun sentou sobre seus joelhos e respirou suavemente sem quebrar o nosso contato, nem eu fazia questão, seus olhos me prendiam. - Você tem razão. Não foi você quem sentiu tudo fisicamente, mas nesses casos. O maior trauma não é sentido pelo corpo. Como você mesmo falou, uma hora a dor física passa, e só o que restará é a dor emocional. Essa é a que pesa mais. E eu não estou comparando a dor que ela sentiu com a sua. Mas sim, é totalmente compreensível, você estava lá. Você viu, você sentiu junto com ela. Indiretamente, você também teve a sua inocência arrancada. Você tinha apenas sete anos Mon. Não se sinta como se a culpa fosse sua. - ela beijou minha mão carinhosamente.

- Sam....eu não....e-eu não pedi ajuda. - consigo falar em meio às lágrimas.

- Não pensa nisso meu amor. - senti meu coração bater ainda mais forte.

Meu amor. É a segunda vez.

- Você estava em estado de choque. Ela estava em estado de choque. Ele é o monstro da história. Vocês eram apenas duas crianças que trocavam sorrisos inocentes, talvez nem significava nada demais, a maldade está nos olhos de quem vê. - sorriu de forma terna e beijou a palma da minha mão. - O que aconteceu com ele?

Senti todo o meu corpo tencionar, e Sam não deixou passar despercebido.

- Tudo bem se você não se sentir confortável. - assenti puxando ela para um abraço.

- Obrigada....- sussurro sentindo-me confortável em seus braços.

- Eu que agradeço pela confiança, eu imagino que não seja fácil pra você ter que falar sobre.

- Você é a única pessoa que sabe, Sam. - Samanun se afasta de mim, ela parecia surpresa.

- Você nunca...?! - assenti. - Seus pais não..?

- Você é a primeira, nem eles sabem.

Samanun tinha um misto de surpresa e....eu definitivamente não sei consigo explicar. Ela levantou do chão e sentou do meu lado.

- Definitivamente....- respirou pesadamente. - Seus pais não merecem a filha que tem. Como eles nunca perceberam?

- Eles são muito trancados no mundo perfeito deles, onde não existe pecado. E todo mundo é bom. E mesmo se eu tivesse contado.....eles não acreditariam em mim.

- E....os pais dela? Você sabe dela?

- Eu soube que eles se mudaram um mês depois.

Samanun assente e fica em silêncio.

- Sam....o que você pensa de mim agora que....você sabe que eu não sou perfeita.

- Pra mim você continua perfeita. E agora....eu te admiro mais do que antes, e não estou me referindo a sua beleza.

Sorri de lado.

- Você deve estar sentindo apenas pena de mim.

- Eu não falei isso.

- Você não gaguejou, algo mudou em você Sam. E eu só me agarrava nesse detalhe. - falo já sentindo meus olhos arderem.

- Que detalhe? - seu rosto mostrava pura confusão.

Respirei fundo.

- Você só gagueja quando fala comigo, e isso era algo que me deixava com um fio de esperança que talvez você ainda pudesse gostar de mim.

- Eu gosto. - rebateu.

- Sim, mas não como antes. Você ama a Yuki?

Busquei seus olhos e ela baixou a cabeça.

- Tudo bem, eu acho que eu perdi você pra ela. - falo segurando a vontade de chorar. Que droga!

- Como assim? Eu estou aqui com você.

- Como minha amiga. E eu entendo, você não me esperaria pra sempre.

- O que você quer dizer exatamente? - voltou a ficar de joelhos na minha frente. Olhei para o lado em busca de forças para falar o que eu já sabia a muito tempo. - Mon....olha pra mim e me diz.

Respirei fundo.

- Eu tenho certeza que eu te amo. E é da maneira mais errada possível.

Fecho os olhos, eu não queira encará-la. Ela é da..... Yuki.

- Eu...v-você....m-me ama?

Ela gaguejou!











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Claro que ela te ama bocó, diz que ama tbm e dale beijo 😊

Boa noite gente, espero que gostem dos capítulos de hj. 

Ela é o Cara -- ( MonSam )  G'pOnde histórias criam vida. Descubra agora