Capítulo: 45

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    Kornkamon POV

  

Flashback On


Samanun sorria amplamente enquanto eu só sabia admirar a sua risada gostosa. Solto um longo suspiro e desvio minha atenção para o mar à nossa frente. Essa foi por pouco.

- Eu amo essa brisa geladinha, é maravilhoso ter alguém pra te aquecer, né? - sorrio deitando minha cabeça no seu ombro. - Sabe Mon, eu estava pensando.....o que você acha de ser essa pessoa?

- Que pessoa? - sim, eu estou sendo cínica. Ela sorriu e passou seu braço sobre meus ombros me puxando para mais perto dela.

- A pessoa que eu quero proteger, mesmo sendo uma fracote. Até porque eu acho que proteger alguém, não é simplesmente sair no braço com alguém, eu quero proteger você com o meu abraço sabe? te aquecer, te mimar, te encher de beijos, ficar assim, agarradinha com você.

Senti todo o meu corpo reagir às suas palavras, aquilo era tudo o que eu mais queria em um.....homem. Não, aqui eu posso ser quem eu quiser. Em um movimento rápido, me aconcheguei entre suas pernas e puxei seus braços fazendo-os segurar a minha cintura com firmeza.

- Me aqueça então. - falo fechando meus olhos. Sam demorou à reagir mas, logo eu senti seus braços se apossarem da minha cintura, não pude evitar o sorriso que se abriu no meu rosto. Ela apoiou seu queixo no meu ombro direito e beijou minha bochecha carinhosamente.

- Essa visão do pôr do sol é linda, quase se compara à sua beleza. - sorrio contemplando a visão maravilhosa do sol, o contraste com o mar dava um ar ainda mais incrível.

- Eu não sou tão bonita assim, Sam. - digo sentindo minhas bochechas esquentarem.

- Não mesmo meu amor, você é incomparável. Sua beleza é única. - me derreti toda com o " meu amor ", senti meu coração se aquecer ainda mais.

- Meu amor, acho que poderia me acostumar com isso.

- Deve, porque eu sempre irei fazer questão de te chamar assim, se bem que nem precisa, saiu naturalmente. - pendi minha cabeça para o lado e fitei seu rosto. Samanun sorria tão lindamente, tudo o que eu mais queria era beijá-la, senti seus lábios se movendo junto aos meus....e quer saber?

Me virei ficando de joelhos na areia à sua frente e segurei seu rosto entre minhas mãos.

- Eu queria entender o porquê você ser assim comigo. Eu não mereço ser amada por você, Sam. - falo sincera e ela sorri apoiando suas mãos na minha cintura.

- É claro que você merece Mon. Você é uma pessoa maravilhosa. Só está confusa, e eu te entendo, juro. Você cresceu em meio à uma família que pensa que o amor é condenável quando é entre pessoas do mesmo sexo. Não é como se você tivesse tido uma escolha mas, agora você tem uma escolha Mon, e é essa por essa escolha que eu estou morrendo aos poucos, é por essa escolha que eu venho esperando, é essa escolha que vai definir quem você é o que você realmente quer. - suas palavras eram ternas, ao mesmo tempo que soavam como uma espécie de....ultimato. suspiro acariciando seu rosto.

- Você acha que eu sou gay? - ela sorriu de lado e se inclinou me dando um selinho.

- O que você sente por mim?

- Não sei explicar em palavras, eu só....quero que você seja minha.

- Tá esperando o quê pra me ter só pra você? - falou com os olhos conectados com os meus, quase hipnotizante.

- Eu não sei Sam, isso é muito confuso na minha cabeça. Você é uma mulher mas, não tem exatamente o que uma mulher tem, entende? - ela franziu a testa e suspirou sem tirar os olhos dos meus.

- Você já pensou que pode ser bissexual? - essa pergunta, eu ainda não tinha me feito.

- Não mas, isso ainda seria confuso. Você é a única mulher que me atrai, e como eu disse, você não é exatamente uma mulher. - ela sorriu, mas, dessa vez era irônico.

- Sabe o que eu acho? - neguei. - Que o problema não é você gostar de mulheres ou de mim, e sim o fato de eu ter um pênis. Você enche a boca pra dizer que eu tenho um pau, que você não tem interesse por mulheres " normais " mas, eu estou começando a suspeitar que o problema não é a sexualidade, e sim a pessoa que desperta esses sentimentos em você. Me responde uma coisa. Você tem vergonha de quem eu sou?

Flashback Off

- Mon...- ouço uma voz doce acalentar meus ouvidos. - Você fica linda acordando. - inclino minha cabeça para cima e encontro aqueles olhos, aquele sorriso. Sam me fitava de maneira afetuosa. - Acho que você dormiu na metade do filme. - riu gostosamente e eu sorri, não tinha a menor vontade de sair do conforto dos seus braços, estava maravilhoso naquela posição. Eu estava entre as suas pernas, suas mãos estavam fazendo um carinho na minha barriga, definitivamente, eu poderia morar naquele sofá, e naquele abraço.

- Você é muito paciente né? - ela ponderou por um instante, obviamente estava confusa com a minha pergunta. - Comigo, você é muito paciente comigo.

- Ah, não sou eu, sinceramente, eu já teria desistido mas, meu coração é quem manda, cientificamente, é o cérebro que controla casa célula do nosso corpo, cada partícula mas, inexplicavelmente, eu não tô nem aí para esse detalhe, meu coração é quem manda no meu amiguinho cérebro. - falou divertida, mas eu sou capturei um único detalhe.

Eu já teria desistido.

Ela não quer sentir isso por mim?

- Eu quero ter paciência, eu tenho muita paciência porque eu sei o quanto é difícil pra você, não é só seus pais, tem a mídia, a sociedade julgadora. Eu entendo, eu não sou mulher o suficiente para assumir que eu tenho um pequeno defeito de fábrica. - riu sem humor.

- Você não tem nenhum defeito Sam, você é especial. - ela fungou e limpou uma lágrima do seu rosto.

- Você.....tem vergonha de mim?

Foi quase como o a última frase que ela falou no meu sonho.

- Claro que não! - me levando subitamente e a faço me olhar. - Eu nunca teria vergonha de você, Samanun, nem tem porquê.

- Eu nem segurei sua mão Mon, eu temo por você, eu não estou te obrigando a assumir nada, se você não quer, ou tem vergonha, ou talvez nem seja, tudo bem. - ela ficou em silêncio. Voltei a sentar no sofá e segurei a sua mão. - Eu só.....sei o que você está sentindo, eu sou feliz, o mundo não precisa saber que eu sou diferente. Mas você.....faz com você....eu sinto que não é só medo dos seus pais, você teria que.....falar de mim.

- Não é vergonha Sam.

- Se eu fosse um cara seria menos complicado, né?

- Nada de cara, você já é um cara perfeitamente mulher. - falo sorrindo torto. - Eu gosto de você Sam, desse jeito. É só que....

- Tudo bem. - me cortou respirando fundo.

- Eu fiquei com o Nop e só conseguia ver o seu rosto feminino, sem pêlos, sem mãos ásperas e grossas. Isso quer dizer alguma coisa né?

Falo esperando uma resposta positiva. Samanun me olhou profundamente e eu senti todos os meus músculos travarem.

- Eu preciso ir. - foi a única coisa que ela falou.

- Não, fica e me ajuda Samanun. Eu estou um completo caos desde que eu vi a sua foto naquele currículo. Eu só preciso de alguém que me ajude, e não é se afastando que você irá me ajudar. Fica. - praticamente suplico segurando o seu pulso. Ela respirou fundo e voltou a sentar.

- Me dê um motivo. - pediu encarando o chão.

- Eu preciso desesperadamente de você, não me questione, só fica do meu lado e não solte a minha mão.

Sam voltou seu olhar para mim e me fitou por alguns segundos que pareceram horas.

Fechei meus olhos e afundei meu rosto no vão do seu pescoço e aspirei o seu cheiro. Samanun me envolveu em um abraço apertado, me deixei levar pelo momento e chorei no seu ombro. Era só dela que eu precisava, sem rótulos.

- Diga ao povo que eu fico. - rimos em meio às lágrimas e Sam beijou meu rosto com todo o carinho do mundo. Ela simplesmente acontece, natural.

Ela é o Cara -- ( MonSam )  G'pOnde histórias criam vida. Descubra agora