Na manhã seguinte, Elise acordou com uma mensagem de texto de Lud.
[ Espero que tenha dormido bem, aproveite enquanto ainda pode :p ]
Rolando na cama de tanta alegria, a garota demorou para responder. Hoje seria um dia longo, muito longo, não poderia vê-lo, afinal era sexta, mas ela não podia ir à Paraíso de noite e Lud não podia vê-la durante o dia. Então só restava ficar em casa, mofando e sendo corroída pela ansiedade da prova que faria amanhã. Resolveu ligar para Edith e ficaram conversando leseiras por um tempo até que decidiram chamar Rafa e dar um passeio.
Acabaram indo para o cemitério depois do almoço, como ainda era dia, encontraram o coveiro por lá e o ajudaram a limpar o lugar, varrendo os caminhos de ladrilhos irregulares e limpando a sujeira dos túmulos. Depois foram até a floricultura que havia perto da praça e compraram algumas flores para ofertar aos mortos. Quando o sol começou a cair para oeste, saíram pelo portãozinho enferrujado da parte de trás do cemitério e foram até aquele local às margens do riacho, onde podiam ver a pequena queda d'água.
Fizeram um piquenique nada saudável enquanto jogavam uma sessão rápida de RPG e conversavam ao mesmo tempo. Além de dragões adormecidos, que precisavam ser salvos por princesas ferozes com espadas mágicas, falavam bastante dos novos amigos, os funcionários da Paraíso. Era um tanto chocante para eles o fato de que agora não eram mais excluídos, agora tinham um lugar ao qual pertenciam e uma galera legal que os aceitava como eram.
Edith estava indo bem nas aulas de discotecagem com Dmitri, a garota até comentou que ele estava tentando persuadi-la a tentar ser a DJ no próximo fim de semana, no entanto ela não se sentia confiante o suficiente para isso ainda. Mesmo assim, os amigos a incentivaram a tentar.
— Se você não se sentir confortável pra tentar com muita gente, podemos marcar uma tarde só nós e aí você mostra — sugeriu Elise. Rafa assentiu positivamente e complementou:
— Se você tentar, eu prometo que mostro a vocês o que Lino anda me ensinando! — ele declarou, sorridente. Essa era outra coisa que estava progredindo, o relacionamento de Rafa com o irmão mais novo de Lud. Embora Lino ainda fosse evasivo e preferisse ficar na dele, estava dando maior abertura para que Rafa se aproximasse e até saindo juntos eles já estavam.
Então um pensamento se passou pela cabeça de Elise, se seus amigos estavam assim tão próximos dos vampiros, será que sabiam sobre eles? Mas nenhum dos dois comentou sobre com ela, o que poderia ser um indicativo de que não sabiam de nada.
E os vampiros da Paraíso disfarçavam bem, muito bem.
Por mais que não fossem vistos em lugares abertos durante o dia, poderiam ser encontrados na Paraíso ou onde estavam hospedados, o que diminuía a suspeita, já que muitas pessoas achavam que vampiros dormiam durante o dia. Fora isso, quando não estavam na Paraíso à noite, eles saíam e passeavam pela cidade quase como pessoas normais (embora as pessoas realmente normais ainda desgostassem deles).
E, para diminuir ainda mais as suspeitas, eles sempre usavam óculos com lentes coloridas para esconder os olhos vermelhos quando não estavam trabalhando na Paraíso, então Elise não sabia como andava o pensamento dos amigos a respeito disso, no entanto resolveu perguntar.
— E aí, vocês ainda acham que eles são vampiros? — foi bem direta, embora mantivesse um tom de voz meio brincalhão, que não deixava perceber que falava sério. Edith riu baixinho, apanhando mais um bolinho Ana Maria, a porcaria barata preferida dela.
— Como eu posso saber? Quem namora um deles é você — ela disse, mordendo o bolo.
— Eu ainda acho que eles são — Rafa falou, suspirando. — Tipo, caras, eles são tão... Incríveis! E diferentes de tudo o que eu já vi.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Para toda a eternidade
Teen FictionNuma cidadezinha do interior esquecida por Deus, vive uma adolescente esquisita cujo maior sonho é se tornar vampira, só que ela não conhece ninguém que possa ajudá-la com isso. Até que repentinamente surgem boatos sobre um novo morador que promete...