Capítulo IX - A porra de um Impala 67

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Ainda não era de manhã quando Elise acordou, enrolada nos macios e quentinhos lençóis pretos. Olhou ao redor e não foi capaz de encontrar Lud na cama, mas também não queria levantar. Estava tão confortável e feliz, manhosa.

Ficou repassando aquele momento mágico na cabeça, lentamente levando a mão até os lugares em que se lembrava de ter sido tocada com tanto carinho por ele. Apesar de toda a força bruta que possuía e das marcas que deixara no corpo pálido da garota, ela sabia que o vampiro não queria machucá-la, pelo contrário, apenas queria que ela o sentisse como era realmente, sem nenhuma amarra ou fingimento.

Foram capazes de se entender, compreendendo um ao outro verdadeiramente. De se expressarem sem nada para limitá-los. De se aceitarem tal como eram. E tudo isso ao som de bandas de metal agradáveis. Será que tinha como ter sido melhor do que isso? Elise duvidava.

Olhou para o lado, a lua não estava mais visível. Tentou se levantar, mas seu corpo inteiro doía. Ao menos tinha valido a pena, muito a pena. Nunca antes tinha imaginado que algo assim aconteceria, na melhor das hipóteses pensou que ficaria para a titia, sendo a velha dos gatos da sua rua, não que teria a chance de transar com um vampiro metaleiro perfeito, muito estiloso e com ótimo gosto musical.

— E aí, como que cê tá?

Sobressaltando-se num susto pela voz ter interrompido seus devaneios, Elise moveu o olhar para Lud, que estava parado no último degrau da escada, apoiado na parede. Assim que o viu, a garota sentiu o rosto esquentar e se escondeu embaixo do lençol, fazendo o vampiro gargalhar. Ele foi até lá e ergueu o pano para que pudesse ver a garota envergonhada.

— Qual foi, ruiva — ele disse baixinho num tom provocativo. O apelido fez o coração da garota errar uma batida, quando foi que Lud inventou isso?

Elise notou que ele já havia arrumado o cabelo e posto a franja no lugar, sendo que alguns momentos atrás os cabelos castanhos tinham estado tão bagunçados que ela foi capaz de ver o outro olho carmesim, o que Lud sempre mantinha oculto pelo cabelo. Elise suspirou, o encantamento por aquele vampiro não tinha fim, se conheciam há tão pouco tempo e mesmo assim já estava entregue, rendida por inteiro. Não adiantava negar, estava completamente perdida por ele.

Lud sentou ao lado da garota e segurou o rosto dela com carinho, puxando-a para um abraço em seguida. O coração de Elise palpitou e com o ouvido assim tão perto do peito de Lud ela percebeu que ali só havia um silêncio pacífico, tão lindo e romântico que os olhos da garota se encheram de lágrimas, mas ela obrigou-se a engolir o choro antes que o vampiro pudesse perceber.

— Então a gente tá namorando agora? — indagou Elise, tentando achar algum assunto para falar com ele que não a deixasse tomada de vergonha.

— Me diga você — Lud disse e ela se afastou um pouco para poder olhá-lo nos olhos.

— Hmm... acho que o que temos é menos complicado que isso — a garota respondeu, sorrindo. — A gente sai juntos, faz coisas juntos, tudo isso porque a gente não se desgosta. Acho que é isso.

Lud sorriu de volta, assentindo, e Elise sobressaltou-se ao sentir a mão gelada dele subindo por sua cintura sob a camisa de banda folgada que vestia agora. Ela riu e mais uma vez entregou-se à doce embriaguez que somente o seu vampiro podia lhe entregar.

Quando acordou de novo, já era manhã ao que parecia: as cortinas estavam fechadas, mas filetes de luz do sol se esgueiravam pelas brechas, causando uma sensação irritante na visão da garota, nada confortável como o luar da noite passada.

Ouviu passos e olhou na direção da escada bem a tempo de ver Lud limpando os lábios com a mão, era tão fofo!

Ao mesmo tempo que a garota ficava maravilhada com esse sentimento novo que preenchia seu peito, também ficava indignada que havia caído no papo desse vampirinho bonito rápido demais para quem tinha fama de ser cabulosa na escola, já que rejeitava todos que tentavam qualquer coisa com ela.

Para toda a eternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora