Capítulo VII - Uma oportunidade única

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Elise encarava fixamente o contato na tela do celular, deveria mandar uma mensagem ou deveria esperar que ele mandasse primeiro?

Haviam trocado números de telefone por praticidade e também porque Lud disse que precisaria passar uns dias sem vê-la por conta da reforma, que já estava quase no fim. Naquela hora, Elise jurou que pôde ver uma pontinha de tristeza no olhar carmesim.

Em sua cama, a garota sorria sem parar enquanto mexia as pernas de maneira frenética e digitava uma mensagem besta.

[ tá acordado? .-. ]

Quando enviou, ela se viu tomada por uma ansiedade sem igual, afinal não sabia quando ou se ele responderia. Seu coração quase saltou pela boca ao ouvir o som de notificação.

[ Yep. Estou acordado :P ]

Elise mandou outra mensagem.

[ fazendo o quê? ]

[ Resolvendo um monte de chatice =.=' ]

Lud respondeu no mesmo instante.

[ Quando isso acabar, vou te trazer aqui em casa. Prometo que vai estar melhor que da última vez ;) ]

Elise quis gritar de felicidade, mas ao invés disso apenas rolou na cama para externar sua animação.

[ oookay! >_< ]

Respondeu. Nesse momento, ouviu alguém batendo na porta e suspirou, já estava pressentindo que algo chato aconteceria.

Era sua mãe.

Ela entrou e sentou na cama, junto de Elise.

— Que foi? — a menina quis saber, impaciente.

— Ouvi falar que você tá andando pra cima e pra baixo com um homem estranho — a mãe disse, tinha uma expressão ligeiramente preocupada. — Hoje você chegou quase de manhã!

— Ah, mãe, não enche — respondeu Elise, fazendo uma careta. — Eu sei me cuidar.

— Eu sei, filha, eu sei — continuou a mãe, suavizando um pouco o rosto. — É só que eu sou sua mãe, é normal eu me preocupar. Mas diz pra mamãe, ele é legal? Vocês tão usando camisinha?

— Mãe! — exclamou Elise, sentindo o rosto esquentar muito. Se constrangimento matasse, ela estaria morta e enterrada agora. Não acreditava que estava tendo esse papo com a mãe a essa altura do campeonato.

A mãe riu e tocou o rosto da garota com carinho.

— Se cuida, tá, filha?

Elise assentiu.

— Tá bom. Só me promete que não vai mais fazer essas coisas. É muito vergonhoso.

— Tá, tá, prometo — e riram juntas, mãe e filha.

Pelo resto da semana, nada de interessante aconteceu. Elise continuou indo para a escola, estudando para as provas e saindo com Edith e Rafa para fazer atividades não convencionais. Num dia qualquer encontraram o coveiro limpando o cemitério e ajudaram na tarefa, varrendo os caminhos de pedras irregulares, apanhando folhas caídas, tirando sujeiras dos túmulos e depositando flores para os mortos. Fizeram tudo com boa vontade e gentileza e ao final o coveiro os convidou para jantar.

Se apertaram ao redor da mesinha da pequena casa e comeram pães assados, torradas, manteiga e leite com chocolate ou café. Depois ainda teve um bolo de milho como sobremesa.

Foi um dia muito divertido e rendeu ao blog mais uma matéria sobre o cemitério local, dessa vez incentivando as pessoas a visitarem e preservarem os cemitérios, pois eles eram locais importantes que representavam não só a morte, mas também a vida.

Para toda a eternidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora