Aemond Targaryen: A Dança dos Desejos (Parte 2)

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Os dias que se seguiram àquele encontro no jardim passaram com uma lentidão insuportável. Apesar do clima mais quente de Porto Real, você sentia um frio estranho na alma, como se algo estivesse fora do lugar. E esse algo tinha nome: Aemond Targaryen.

A lembrança da conversa com ele, da provocação sutil em suas palavras, do modo como ele parecia determinado a desvendar seus segredos, não saía da sua mente. Você não se deixava abater facilmente, e o jogo dele não havia sido o suficiente para quebrar suas defesas naquele dia. Mas algo mudou quando uma jovem nobre chegou à corte.

A garota era bonita, não havia como negar. Sua pele clara, seus cabelos sedosos e a maneira delicada com que falava e se movia a tornavam atraente, chamando a atenção de todos os presentes. Inclusive de Aemond.

Você o viu com ela durante o jantar de boas-vindas que a corte ofereceu em honra dos vassalos que haviam chegado de longe. Ele estava sentado ao lado dela, conversando baixinho, os olhares dos dois parecendo se encontrar com mais frequência do que o necessário. Um calafrio percorreu sua espinha.

Por mais que você tentasse, era impossível ignorar. O modo como Aemond ria discretamente das palavras dela, o jeito como seus olhos estavam mais brilhantes naquela noite... era como se você tivesse deixado de existir. Uma raiva silenciosa começou a borbulhar dentro de você, uma sensação amarga de traição, embora você soubesse que não havia promessas entre vocês dois. Mas isso não diminuía o incômodo.

Você não era alguém que mostrava fraqueza, e certamente não permitiria que Aemond visse que isso a afetava. Mas enquanto fingia estar desinteressada, rindo com as outras damas e senhores presentes, algo dentro de você se remexia. Cada sorriso que ele dava para a garota parecia um golpe na sua resistência.

Quando a noite terminou, você se recolheu para seus aposentos, mas o sono não veio. A cena de Aemond e aquela jovem nobre se repetia na sua mente, como um pesadelo que você não conseguia escapar. As palavras dele no jardim ecoavam em seus pensamentos: "Quero o que você esconde de todos. O que ninguém mais vê."

O que ele tinha visto nela? Por que, de repente, ele parecia tão interessado em alguém que mal conhecia?

Naquela noite, você decidiu que não poderia simplesmente ficar parada. Aemond a havia desafiado antes, e agora parecia que ele estava provocando de novo, mas de uma maneira diferente. Se ele queria jogar, então você estava pronta para entrar no jogo - mas às suas próprias regras.

Na manhã seguinte, ao invés de se esconder nos recantos silenciosos da Fortaleza Vermelha como costumava fazer, você vestiu sua melhor roupa, uma que destacava sua figura sem ser abertamente provocante. Estava linda, mas de uma maneira sutil. A corte veria sua presença, e, mais importante, Aemond veria também.

Caminhando pelos corredores da Fortaleza Vermelha, você sabia exatamente para onde ir. Aemond costumava treinar com sua espada nas manhãs, e o pátio de treinamento era o local perfeito para a sua aparição. Quando chegou, ele estava lá, com a jovem nobre que agora parecia inseparável dele. Ela assistia enquanto ele empunhava sua espada, sorrindo a cada movimento dele.

A raiva dentro de você crescia, mas você a mantinha controlada. Caminhou pelo pátio com passos firmes, sua cabeça erguida. Aemond estava tão focado em seus movimentos que não a viu chegar, mas a jovem notou sua presença e seus olhos se estreitaram por um breve momento antes de ela recobrar a expressão amável.

- Príncipe Aemond - você o chamou quando ele terminou uma sequência de golpes, sua voz controlada, mas firme.

Ele se virou para você, seus olhos percorrendo sua figura antes de um sorriso quase imperceptível aparecer em seus lábios. A jovem ao lado dele lançou um olhar desconfortável, mas Aemond não parecia notar.

- Vejo que tem companhia - você disse com um leve sorriso, não direcionando seu comentário para ninguém em particular, mas ciente de que ambos entenderiam a insinuação.

Aemond não respondeu imediatamente, apenas deu um passo em sua direção, ainda com a espada na mão. Seus olhos estavam fixos em você, e de repente, a presença da jovem parecia insignificante. Era como se todo o foco dele tivesse voltado para você.

- Estou apenas aproveitando o que Porto Real tem a oferecer - ele finalmente disse, a voz carregada com aquele tom familiar de provocação.

Você cruzou os braços, inclinando a cabeça levemente.

- É mesmo? - você retrucou, mantendo o tom leve, mas com uma pitada de sarcasmo. - Porto Real parece estar... entretendo você bastante ultimamente.

Aemond deu mais um passo, agora suficientemente perto para que a tensão entre vocês fosse quase palpável. A jovem observava de longe, o desconforto dela crescendo à medida que a interação se desenrolava. Mas Aemond não parecia preocupado com isso.

- Talvez esteja - ele admitiu, os olhos brilhando com uma mistura de desafio e interesse.

Por um momento, o silêncio se estendeu entre vocês, um silêncio carregado de significados não ditos. Você sabia o que ele estava fazendo - ele estava jogando, testando seus limites de novo. E você não cederia.

- Ou talvez esteja se distraindo com coisas triviais - você sugeriu, sua voz suave, mas com uma ponta afiada, insinuando que aquela jovem nobre era uma dessas distrações.

O sorriso de Aemond cresceu, mas não era um sorriso gentil. Era o sorriso de alguém que sabia exatamente o que estava fazendo e gostava de ver como você reagia.

- As distrações podem ser úteis - ele murmurou, a voz baixa o suficiente para que apenas você ouvisse. - Mas eu nunca esqueço o que realmente me interessa.

Aquela frase fez seu coração acelerar por um breve momento, mas você se recusou a demonstrar qualquer vulnerabilidade. Sabia que ele estava manipulando a situação, que ele adorava ver como suas palavras a afetavam. E, naquele momento, você decidiu que não daria mais esse poder a ele.

- Que bom para você, príncipe - você disse, a voz fria e controlada. - Mas eu não tenho tempo para joguinhos. Se um dia decidir que quer ser direto, talvez possamos conversar.

Sem esperar por uma resposta, você se virou e começou a sair do pátio. Enquanto caminhava, podia sentir o olhar de Aemond queimando em suas costas, mas não se importava. Dessa vez, você tinha tomado o controle, e ele sabia disso.

Ao sair do pátio, a jovem nobre continuava lá, provavelmente confusa com a troca entre vocês dois. E enquanto você caminhava pelos corredores da Fortaleza Vermelha, sabia que algo entre você e Aemond tinha mudado. Ele poderia tentar distraí-la com outras pessoas, mas no fundo, tanto você quanto ele sabiam que essa luta ainda estava longe de acabar.

E você não desistiria facilmente.

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