Aegon II Targaryen

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A noite estava quente e abafada nos jardins da Fortaleza Vermelha. O cheiro das flores misturava-se com o perfume da terra úmida, enquanto as tochas tremeluziam, lançando sombras distorcidas nas paredes de pedra. A cerimônia em Porto Real havia sido tensa, como sempre, cheia de intrigas, sussurros e olhares desconfiados. Mas agora, ali fora, longe dos olhos inquisidores da corte, o silêncio dos jardins era uma espécie de refúgio. Ou pelo menos deveria ser.

Aegon te puxou pelo braço, os dedos firmes em sua pele. Ele andava rápido, quase frenético, até que parou de repente, como se o ar tivesse sido sugado de seus pulmões. Você conseguia sentir a inquietação vibrando no corpo dele, algo que já havia se tornado familiar com o tempo.

- Por que eles fazem isso? - Ele resmungou, olhando para o céu escuro. - Por que todos me olham como se esperassem que eu os decepcionasse?

Você ficou quieta por um momento, observando-o. Aegon sempre foi imprevisível, e havia uma loucura que pairava sobre ele, sempre à espreita, pronta para se manifestar nos momentos mais inesperados. E agora, com a pressão da coroa e as expectativas sufocantes de ser rei, isso só parecia crescer.

- Eles não confiam em você, Aegon. Eles têm medo do que você pode fazer, - você disse, cuidadosamente escolhendo as palavras.

Ele riu, mas não havia humor no som. Ele passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais.

- Medo? Eles deveriam temer! Eles acham que podem me controlar, me manipular como se eu fosse uma marionete. - Seus olhos se voltaram para você, e havia algo feroz e inquietante neles. - Mas eu não sou. Não sou!

Você conhecia esse tom, e sabia que tinha que ser cuidadosa. Aegon era volátil, sempre à beira de explodir, mas com você... havia algo diferente. Você era a única que ele deixava se aproximar dessa maneira, que ele confiava o suficiente para mostrar sua vulnerabilidade. Ou pelo menos, o que restava dela.

- Você não é, - você concordou, dando um passo mais próximo, suas mãos tocando levemente os ombros tensos dele. - Mas você precisa ser mais esperto que eles. Não pode dar a eles mais razões para duvidar de você.

Ele balançou a cabeça, os lábios se apertando em uma linha fina.

- Eu não ligo para o que eles pensam. Todos eles... não passam de hipócritas. - Ele então te olhou diretamente nos olhos, seu olhar intenso, quase como se estivesse te perfurando. - A única coisa que importa, a única coisa que eu quero de verdade... é você.

Sua respiração ficou presa na garganta por um momento. Aegon sempre tinha sido possessivo, mas havia uma intensidade em suas palavras agora que parecia diferente. Ele deu um passo em sua direção, seu corpo quase encostando no seu.

- Você, - ele repetiu, sua voz mais baixa, quase um sussurro. - Eu só quero te manter segura. Longe de toda essa sujeira. Todos eles me querem para si, querem me moldar, mas você... - Aegon segurou seu rosto com as duas mãos, os dedos levemente trêmulos. - Você é a única que vê quem eu realmente sou.

- E o que você realmente é, Aegon? - você perguntou, sua voz baixa, mas firme.

Ele inclinou a cabeça ligeiramente, um sorriso torto nos lábios.

- Um rei. - Ele riu de forma suave, mas havia um eco de amargura. - Um rei que ninguém respeita, ninguém quer. Mas você... - Ele aproximou seu rosto ainda mais do seu, os olhos brilhando em um misto de loucura e desejo. - Você me quer. Não é?

O jeito como ele te olhava era tão intenso que parecia que o ar entre vocês havia desaparecido. Você sabia que estava pisando em um campo minado, mas, com Aegon, era sempre assim. Havia um perigo constante em tudo que ele fazia, e de alguma maneira, isso era o que te atraía.

- Eu estou ao seu lado, Aegon, - você disse suavemente, mantendo seu olhar preso ao dele. - E sempre estarei. Mas você precisa manter o controle. Não pode deixar que eles vejam suas fraquezas.

Ele apertou mais os dedos contra seu rosto, mas não de maneira violenta. Era como se ele estivesse se agarrando a você, buscando uma âncora.

- Controle, - ele murmurou, seus olhos se fechando por um breve segundo. - Eu não sei se consigo mais. - Quando ele abriu os olhos novamente, havia uma vulnerabilidade neles que você raramente via. - Às vezes, sinto que estou perdendo tudo... que estou perdendo você.

Você tocou as mãos dele, envolvendo-as com as suas, numa tentativa de acalmá-lo.

- Você não vai me perder. - Sua voz era firme agora, deixando claro que, por mais conturbada que a situação fosse, você estava ali. - Mas você tem que confiar em mim, assim como eu confio em você.

Aegon parecia processar suas palavras, seu olhar alternando entre os seus olhos e sua boca, como se estivesse tentando entender o que você realmente estava dizendo. Finalmente, ele soltou um suspiro pesado, mas não te soltou.

- Eu confio em você, - ele disse, quase como uma confissão. - Mas às vezes sinto que o mundo inteiro está tentando me puxar para baixo. - Ele te puxou para mais perto, o calor de seus corpos contrastando com o ar da noite. - Só você me faz lembrar que ainda sou... alguém. Que ainda sou mais do que apenas uma coroa.

- Você é mais do que isso, Aegon, - você disse, tocando o peito dele, onde seu coração batia rápido. - Mas você precisa se lembrar disso também. Precisa ser forte, mesmo quando tudo parecer desmoronar.

Ele riu de maneira amarga, mas havia um brilho nos olhos dele, algo que parecia estar entendendo o que você dizia.

- Forte... sim. - Ele inclinou a cabeça para baixo, pressionando sua testa contra a sua, respirando fundo. - Por você, eu posso ser forte. Por você, eu posso ser qualquer coisa.

Havia uma promessa silenciosa em suas palavras, algo que transcendia o caos ao redor. O mundo poderia estar em desordem, a coroa poderia pesar em seus ombros, mas ali, naquele momento, Aegon era apenas um homem. Um homem desesperado por manter a única coisa que ainda fazia sentido para ele: você.

- Então seja forte, Aegon, - você murmurou. - Não só por mim, mas por você. Pelo homem que você é, e não pelo que eles querem que você seja.

Ele te olhou, e dessa vez, havia algo mais claro em seus olhos. Como se, por um breve momento, a tempestade dentro dele tivesse acalmado.

- Eu vou. - Ele sussurrou, seus lábios a poucos centímetros dos seus. - Eu vou, se você ficar ao meu lado.

E naquele instante, em meio ao caos que reinava dentro e fora da Fortaleza Vermelha, você soube que, por mais incerto que fosse o futuro, Aegon nunca deixaria que nada te afastasse dele.

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