Jon Snow

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O vento rugia lá fora, e a cabana rangia sob a força da nevasca que se intensificava. A neve batia nas janelas, criando uma camada espessa e impenetrável, enquanto o fogo na lareira crepitava de forma constante, sendo a única fonte de calor no abrigo improvisado. Você estava sentada perto da chama, as mãos estendidas em busca de calor, enquanto Jon Snow, com seu olhar sempre sério e distante, se ocupava em garantir que o fogo não apagasse.

A cabana era pequena, de teto baixo e paredes de madeira bruta, sem conforto, exceto por alguns cobertores velhos e a lareira. Não havia muita conversa entre vocês dois. Desde que a tempestade os surpreendeu, a necessidade de sobreviver se tornou a prioridade, e falar parecia apenas um desperdício de energia. No entanto, o silêncio não era desconfortável. Era como se a presença um do outro fosse suficiente.

Jon, com a pele pálida e os olhos claros, parecia quase uma extensão da paisagem gelada lá fora. Ele sempre parecia frio, mesmo com a brasa no centro da cabana. Você, uma selvagem acostumada com as durezas do inverno, entendia aquela resistência, aquela contenção. Os homens do Sul sempre carregavam as emoções como um fardo, enquanto os de seu povo as usavam como armas.

- A tempestade está piorando - Jon disse finalmente, quebrando o silêncio. Ele se ajoelhou perto da lareira, jogando mais lenha no fogo, e os estalos da madeira se tornaram mais altos por um momento.

Você olhou pela pequena janela, onde apenas um vago borrão branco era visível. Havia neve suficiente lá fora para soterrar a cabana, e se a nevasca continuasse por muito mais tempo, talvez vocês não conseguissem sair tão cedo.

- Não vamos a lugar nenhum por enquanto - você respondeu, encolhendo os ombros. Era uma verdade óbvia, mas dita em voz alta parecia mais real. Jon assentiu, levantando-se, e esfregou as mãos para espantar o frio. Ele se aproximou de onde você estava sentada, se abaixando para pegar um dos cobertores. Quando ele o enrolou ao redor dos ombros, você sentiu o calor do tecido, mas também a proximidade de Jon, algo que começava a se tornar mais frequente conforme os dias passavam.

- Ainda estamos vivos - ele murmurou, como se falasse mais para si mesmo. Você não pôde deixar de sorrir de leve. Os homens do Sul sempre pareciam surpresos com sua própria sobrevivência, como se o inverno pudesse engoli-los a qualquer momento.

- Mais vivos do que pensa - você replicou, o olhar fixo no fogo.

Jon sorriu de canto, mas seus olhos escuros se voltaram para você com uma intensidade contida. Ele parecia mais jovem naquela luz suave, menos o Comandante da Patrulha da Noite e mais um homem preso nas garras da nevasca, igual a qualquer outro. Era esse o lado dele que você começava a notar, o lado que aparecia quando as responsabilidades e as formalidades caíam. Não era uma atração óbvia ou um flerte descarado, mas uma conexão que se construía aos poucos, através do silêncio, da convivência, do simples fato de que vocês dois estavam ali, juntos, enfrentando o mesmo frio.

Os dias haviam sido longos desde que vocês se viram forçados a buscar refúgio naquela cabana. Não era a primeira vez que você e Jon estavam juntos em uma situação difícil, mas algo na intimidade do espaço fechado, no isolamento completo do resto do mundo, fazia as coisas parecerem diferentes.

Você se esticou um pouco, permitindo que o calor do fogo penetrasse seus ossos. Não era fácil, mas as peles ajudavam, e você estava acostumada a resistir ao frio mais do que Jon. Ele, embora estoico, ainda era do Sul, e por mais que tentasse disfarçar, o frio parecia entrar em sua pele de um jeito diferente. Jon puxou o cobertor mais firmemente ao redor dos ombros e se sentou ao seu lado, a uma distância respeitosa, mas ainda próxima o bastante para compartilhar algum calor.

- Você não sente o frio da mesma maneira - ele comentou, observando como você permanecia calma enquanto ele ainda lutava para se aquecer.

- O frio faz parte da vida - você respondeu. - Não há como fugir dele, apenas se acostumar.

Jon olhou para você por um momento, como se pensasse em algo para responder, mas em vez disso, ele apenas assentiu, como se compreendesse. Era essa a dinâmica entre vocês. Não eram necessários grandes gestos ou muitas palavras. Vocês se entendiam de uma maneira sutil, através de pequenos momentos como aquele. Cada vez mais, Jon parecia procurar essa proximidade, mesmo que de forma contida.

O som do vento lá fora se intensificou, e a cabana tremeu levemente com a força da tempestade. Por um instante, Jon pareceu se encolher mais sob o cobertor, e você, instintivamente, se moveu um pouco mais para perto. Não era um gesto calculado ou romântico, mas uma reação natural ao frio implacável que os cercava. O calor de duas pessoas era melhor do que o de uma, e, nesse momento, a sobrevivência era a prioridade.

- Não vai melhorar até amanhã - você disse, quebrando o silêncio.

- Eu sei. - Jon suspirou, seus olhos fixos no fogo.

O crepitar das chamas era a única coisa que interrompia a quietude pesada que havia caído sobre vocês dois. Você se pegou observando Jon mais de perto, não porque queria ou esperava algo, mas porque, naquele espaço confinado, era impossível não notar a presença dele. Ele não era o tipo de homem que cedia facilmente às emoções, e isso o fazia ainda mais intrigante. Você via nos olhos dele o peso das responsabilidades, o fardo de ser quem era. Jon Snow, filho bastardo de Eddard Stark, comandante da Patrulha da Noite, um homem destinado a uma vida de sacrifício. Mas ali, naquela cabana isolada, ele era apenas Jon, uma pessoa que também sentia frio, cansaço e solidão.

- Você não precisa carregar tudo sozinho - você disse, sem realmente pensar nas palavras antes de pronunciá-las.

Jon ergueu o olhar, surpreso com o comentário. Ele franziu o cenho, como se tentasse entender o que você quis dizer.

- Eu não...

- Todos esperam que você seja forte, que faça as escolhas certas. Mas, às vezes, é bom apenas... ser humano - você completou, encarando o fogo.

Jon ficou em silêncio por um longo momento, como se processasse o que você havia dito. Ele era o tipo de homem que sempre tentava esconder o que sentia, mas você podia ver nas pequenas expressões, nos olhares demorados, que suas palavras o afetaram de alguma forma.

- Eu tento - ele respondeu, a voz baixa. - Mas é difícil.

Você assentiu, compreendendo mais do que ele imaginava. Ser forte nem sempre era uma escolha; muitas vezes, era uma necessidade imposta pelas circunstâncias. O silêncio caiu entre vocês de novo, mas dessa vez, não era pesado. Havia algo diferente agora, uma compreensão mútua, um reconhecimento de que, mesmo no meio da tempestade, vocês não estavam tão sozinhos quanto pareciam.

Jon, sem dizer mais nada, se moveu um pouco mais para perto, até que o ombro dele tocasse o seu. Não era um gesto romântico, nem algo que sugerisse intenções claras. Era apenas calor compartilhado, um conforto silencioso em meio à nevasca que os cercava.

Vocês ficaram assim, sentados lado a lado, o calor do fogo diante de vocês, e o frio do mundo lá fora. Sem promessas, sem palavras desnecessárias, apenas uma proximidade que, de alguma forma, parecia mais real do que qualquer outra coisa.

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