Capítulo 1: As Vozes da Escuridão

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"Os demônios mais profundos habitam a alma, e só o amor e o perdão são capazes de libertar."

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A noite caía silenciosa sobre Magdala, e o som das ondas do Mar da Galileia batendo suavemente nas margens contrastava com a tempestade dentro de Maria. Sua formosa casa estava mergulhada na escuridão, exceto por uma lamparina tremulante no canto da sala. Ela estava deitada no chão frio, a testa pressionada contra o solo, os soluços já quase inaudíveis. A cada suspiro, as vozes dentro dela aumentavam de intensidade.

—Você nunca será nada! Você é impura! Maldita... Ele não te salvará.

Os demônios, sete em número, falavam dentro de sua mente como se fossem entidades reais, sugando a pouca energia que ela ainda possuía. Seus braços estavam arranhados, suas unhas quebradas, o corpo todo marcado pela luta constante. No entanto, em algum lugar profundo de sua alma, uma pequena centelha de esperança persistia, uma resistência silenciosa que as vozes não conseguiam apagar.

No meio de uma crise, com seu corpo tremendo, Maria ouviu um sussurro que não vinha de sua mente.

Era uma jovem serva do lado de fora do cômodo em que Maria estava.

—Senhora, ouvi dizer que Ele está perto. Aquele homem, Jesus de Nazaré. Ele cura. Ele expulsa demônios.

Maria não respondeu de imediato, mas as palavras ficaram pairando no ar. Jesus de Nazaré? Ela ouvira rumores de seus milagres, mas estava tão envolta em sua própria escuridão que parecia impossível pensar em redenção.

Ela se levantou com dificuldade, os joelhos fracos, e olhou para o reflexo sombrio de si mesma no espelho.

—Se Ele não puder me salvar, ninguém poderá.

Maria Madalena:A voz do silêncio Onde histórias criam vida. Descubra agora