O aniversário de Seungmin chegou, mas ele não sabia se estava pronto para isso. Desde sua tentativa de suicídio, aniversários haviam se tornado um lembrete doloroso de tudo que ele havia perdido: sua liberdade, sua dignidade, sua identidade. Não havia celebração, apenas o eco da dor que parecia nunca ir embora. Cristopher sabia disso e, mesmo assim, decidiu que Seungmin merecia algo diferente. Ele planejou uma pequena surpresa, esperando que isso pudesse aliviar um pouco do peso que Seungmin carregava.
Minnie, que conseguiu uma permissão especial para passar o dia com o irmão, também estava envolvida na surpresa. Embora soubesse que o simples gesto não apagaria anos de sofrimento, ela queria dar a Seungmin algo que mostrasse que ele ainda era amado.
Seungmin passou a manhã no sanatório, tentando ignorar a data. Ele não mencionou seu aniversário a ninguém e não esperava que alguém soubesse ou se importasse. Ele mal conseguia acreditar quando os enfermeiros informaram que ele tinha permissão para sair, mais uma vez, para ir à casa de Cristopher. Mesmo com as normas rígidas, como a obrigatória gargantilha e o rastreador, a perspectiva de estar fora do sanatório por algumas horas trouxe um pequeno alívio.
Quando chegou à casa de Cristopher, o ambiente acolhedor e íntimo o surpreendeu. A pequena sala estava decorada de forma simples, com um bolo modesto sobre a mesa e duas cadeiras à espera. Minnie estava lá, esperando por ele, e Cristopher, ao lado dela, sorriu ao ver sua expressão surpresa.
Seungmin sentiu um misto de alívio e desconforto. Ele não sabia como reagir àquela demonstração de carinho e atenção, algo que não experimentava há anos.
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Depois de algumas conversas leves e o corte do bolo, Minnie foi a primeira a lhe entregar um presente. Ela segurava uma caixa pequena, com um embrulho de papel rústico. Seungmin abriu lentamente, revelando um livro de um autor que ele adorava antes de ser enviado ao sanatório. Era uma obra que ele costumava ler nas noites longas de insônia, tentando escapar da realidade que o cercava.
— Eu me lembro de como você sempre falava sobre esse autor. — Minnie disse, com um sorriso triste. — Achei que talvez você quisesse voltar a mergulhar no mundo dele.
Seungmin segurou o livro, passando os dedos pelas páginas com reverência. Era um pedaço de seu passado, uma parte de si mesmo que ele havia abandonado. Aquele gesto o emocionou profundamente, e ele não conseguiu esconder a gratidão que sentia.
Em seguida, Cristopher se aproximou e, com um sorriso tímido, entregou a Seungmin uma caixinha de veludo. Dentro, havia uma pulseira delicada com pequenos pingentes representando os planetas do sistema solar, dispostos em ordem. Seungmin havia mencionado uma vez seu fascínio pelo espaço, pela vastidão e o mistério do universo, e Cristopher lembrou-se disso.
— Feliz aniversário, Seungmin. — Cristopher disse suavemente. — Eu sei que este dia não traz boas memórias, mas espero que isso possa trazer algo positivo para você.
Seungmin observou os pingentes brilhando sob a luz suave da casa e sentiu algo se agitar dentro dele. Era estranho sentir-se tão visto, tão compreendido, depois de tanto tempo se escondendo atrás de muros de dor e desconfiança.
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O tempo passou mais rápido do que Seungmin esperava, e logo chegou a hora de Minnie partir. Ela precisava voltar para a cidade onde estava hospedada, mas antes disso, fez questão de dar um último abraço em seu irmão.
— Feliz aniversário, Min. — Ela disse com um sorriso caloroso, mas cheio de saudade. — Lembra do que eu falei, estarei sempre aqui para você, ok?
Seungmin a abraçou de volta, sem dizer nada, mas sabendo que ela entendia. Quando Minnie finalmente se despediu de Cristopher e saiu pela porta, a casa pareceu mergulhar em um silêncio denso, carregado de tudo o que ainda não havia sido dito entre os dois que ficaram.
Com Minnie fora, Seungmin e Cristopher ficaram sozinhos na casa novamente. O silêncio entre eles estava cheio de algo mais profundo, algo que vinha crescendo desde que começaram a se encontrar em segredo. Cristopher olhou para Seungmin, ainda segurando o presente que lhe dera, e sentiu uma onda de emoções que ele mal conseguia conter.
— Você não precisava ter feito isso. — Seungmin disse finalmente, com a voz baixa. — Eu não mereço nada disso.
— Não é sobre merecer. — Cris respondeu suavemente, aproximando-se. — É sobre o que você significa para mim.
As palavras de Cristopher tocaram algo profundo dentro de Seungmin, algo que ele vinha tentando ignorar. Desde que seus encontros começaram a se tornar cada vez mais íntimos conforme eles se viam, ele se sentia cada vez mais vulnerável perto dele, mas também mais seguro, mais visto. E essa mistura de sentimentos o levava a lugares que ele não sabia como lidar.
Seungmin deu um passo à frente, fechando a distância entre eles. Seus olhares se encontraram, e foi como se o ar ao redor deles mudasse. Ele não sabia dizer se era o presente, o carinho que Cristopher havia demonstrado ou simplesmente a necessidade crescente que sentia por ele, mas Seungmin sabia que não queria mais se segurar.
— Você não sabe o que isso significa para mim. — ele sussurrou, o coração batendo mais rápido.
Cristopher mal teve tempo de responder antes que Seungmin o puxasse para um beijo, um gesto carregado de desejo e urgência. O toque dos lábios de Seungmin era sempre algo que alterava a química de seu cérebro, e Cristopher correspondeu com a mesma intensidade, sentindo o calor do corpo de Seungmin contra o seu.
O beijo se tornou mais profundo, mais faminto, e logo eles estavam se movendo pelo pequeno espaço da casa, seus corpos se enroscando enquanto as mãos exploravam cada centímetro um do outro. O ar estava pesado com o desejo reprimido, e eles finalmente se permitiram ceder à atração.
As roupas começaram a cair, peça por peça, enquanto se moviam pelo ambiente apertado, e a intimidade que seguiu foi tanto um alívio quanto uma explosão de tudo o que eles vinham sentindo. Seungmin, que passara tanto tempo fechado em seu próprio corpo, se permitiu se abrir completamente em mais uma noite, deixando o desejo e a conexão emocional os guiar.
— Min, ah~ — Ele suspira, suas testas coladas enquanto Cris penetrava no moreno.
— Cris... — Ele geme um pouco alto demais, se agarrando no terapeuta, Cristopher não estava mais se contendo tanto igual a última noite erótica que eles tiveram, mas ainda tinha um cuidado nos seus toques.
— Oh Min! você é sempre tão bom, você sabe disso?
— Cris, eu... ah! — Ele arqueia as costas quando Cristopher acerta seu ponto, choramingando de prazer.
— Shh... — Ele beija o Seungmin, um beijo quente, e embora lento, sensual. Ficando um fio de saliva entre os dois igual da sua última noite. Cristopher continua a penetrar com a testa colada no seu amado paciente.
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Depois que o calor da paixão passou, eles ficaram deitados juntos, os corpos ainda entrelaçados, o silêncio confortável. Seungmin olhou para o teto, sentindo um tipo de paz que ele mal sabia que era possível. As memórias dolorosas de aniversários anteriores pareciam distantes, quase irreais.
— Eu não sabia que algo assim era possível. — Seungmin sussurrou, virando-se para Cristopher, sua voz ainda um pouco rouca pela emoção. — Eu pensei que esse dia sempre seria um lembrete de tudo que eu perdi.
Cristopher passou os dedos pelos cabelos de Seungmin, um sorriso suave em seus lábios.
— Você não precisa carregar isso sozinho, Seungmin. Eu estou aqui. E você merece ser feliz, mesmo que seja só por um momento.
Seungmin fechou os olhos, permitindo-se acreditar nessas palavras, pelo menos por aquela noite. O mundo lá fora — o sanatório, as normas, a sociedade — ainda existia, mas por enquanto, eles tinham um ao outro. E naquele instante, isso era tudo o que importava.
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Entre as sombras e o silêncio | chanmin
Fanfictiono Hospital Psiquiátrico de Sanatório Whitmore é conhecido por suas práticas rigorosas e por sua atmosfera opressiva. Cristopher Bang, um terapeuta jovem e ambicioso, chega para trabalhar no hospital, acreditando que pode trazer abordagens mais human...