Depois de semanas de tensão, incertezas e uma exaustiva batalha burocrática, finalmente chegava o dia que Minnie tanto ansiava. Ela conseguira o que parecia impossível — a permissão para levar Seungmin embora do sanatório. As longas discussões com a administração, os psicólogos e os advogados tinham consumido suas forças, mas ela não desistiu por um segundo sequer. Agora, ela estava ali, pronta para tirar seu irmão daquele lugar sombrio que por tanto tempo o aprisionou.
O sanatório estava mais quieto do que o habitual naquela manhã. A maioria dos funcionários parecia ciente de que algo significativo estava prestes a acontecer. As portas de saída já não pareciam tão distantes para Seungmin, e o frio que sempre sentia naquele lugar começava a ser substituído por uma sensação de alívio, ainda que tenso. Ele não sabia como lidar com aquela nova realidade de liberdade, mas algo dentro dele estava começando a se soltar, lentamente.
Minnie estava ao seu lado, segurando sua mão, enquanto os dois aguardavam na sala de recepção, completando os últimos documentos necessários para sua liberação. Seus olhos transpareciam exaustão, mas também um alívio profundo. Ela havia lutado como nunca para garantir que Seungmin pudesse ter uma segunda chance, longe daquele ambiente opressor. Ao seu lado, Seungmin segurava nervosamente a pulseira que Cristopher havia lhe dado, junto do livro de Minnie. Ainda incerto de como lidar com todas as emoções conflitantes dentro dele.
Cristopher, por outro lado, estava em uma sala separada com o diretor do sanatório, enfrentando sua própria batalha. Após a denúncia de sua relação com Seungmin, a administração do sanatório havia discutido longamente sobre o que fazer com ele. Apesar da gravidade da situação, havia certa relutância em simplesmente demiti-lo, já que Cristopher tinha um ótimo currículo.
O diretor observava Cristopher do outro lado da mesa, tentando propor um meio-termo.
— Sabemos que sua relação com Seungmin ultrapassou os limites éticos, Dr. Cristopher. No entanto, reconhecemos sua competência como terapeuta, e é por isso que estamos dispostos a chegar a um acordo.
Cristopher manteve o olhar firme, embora internamente estivesse se sentindo despedaçado. Ele sabia que, a partir do momento em que sua relação com Seungmin veio à tona, sua carreira jamais seria a mesma.
— Se você continuar conosco. — o diretor continuou. — você terá algumas restrições. Perderia certos benefícios e, claro, não seria mais permitido trabalhar diretamente com Seungmin, ou qualquer outro paciente em uma situação similar. Mas ainda há espaço para você aqui, se aceitar essas condições.
O peso das palavras pairou no ar. Cristopher sabia que a oferta era uma forma de salvar a sua carreira — ou ao menos, o que restava dela. Ele poderia continuar trabalhando, tentando reconstruir sua vida profissional, talvez em outra ala, com outras pessoas. Mas o pensamento de permanecer naquele lugar, depois de tudo que havia acontecido, era insuportável. E, acima de tudo, ele não poderia fingir que seu coração estava em qualquer outro lugar além de Seungmin.
Sem hesitar mais, Cristopher respirou fundo e olhou diretamente nos olhos do diretor.
— Eu agradeço a oferta, mas não posso aceitar. Eu... eu prefiro me demitir. Não posso continuar aqui sabendo o que perdi e o que foi feito com Seungmin.
O diretor suspirou, como se já esperasse essa resposta, mas ainda assim estava desapontado.
— Muito bem, Dr. Cristopher. É uma pena perder alguém tão talentoso, mas respeito sua decisão.
Com um simples aperto de mão e um olhar cheio de resignação, Cristopher se despediu de sua carreira no sanatório. Ele sabia que estava abrindo mão de algo importante, mas também estava deixando espaço para algo maior — seu amor por Seungmin e a esperança de reconstruírem suas vidas, longe daquele lugar.
Seungmin e Minnie estavam do lado de fora, aguardando Cristopher. Quando ele finalmente apareceu, havia algo diferente em sua postura. Mesmo com o ar de cansaço, ele parecia mais leve, como se tivesse se libertado de um fardo pesado.
— Você conseguiu? — Seungmin perguntou a Minnie, ainda incerto de que aquilo tudo era real.
Ela assentiu com um sorriso suave.
— Sim. Finalmente. Você está livre, Seungmin.
As palavras eram quase irreais. Depois de tanto tempo preso no sanatório, com suas dores e traumas, a ideia de liberdade parecia distante demais. Mas agora, estava ali, à sua frente. Ele olhou para Cristopher, que se aproximava lentamente, e percebeu que aquela liberdade não teria o mesmo significado sem ele ao seu lado.
Cristopher se aproximou, com um sorriso cansado, mas sincero.
— Eu me demiti.
Seungmin arregalou os olhos, surpreso.
— Você se demitiu?
— Sim. — Cristopher confirmou. — Não fazia mais sentido continuar aqui. Não depois de tudo.
Minnie observava os dois com atenção, tentando disfarçar a emoção que sentia. Ela sabia que aquela decisão de Cristopher significava muito mais do que simplesmente um novo começo. Era um sacrifício por Seungmin, uma prova de que ele estava disposto a seguir em frente com ele, onde quer que fossem.
O vento frio da manhã passou por eles, e por um momento, o trio ficou em silêncio, absorvendo o peso daquele momento. Havia muito a se resolver, muitos fantasmas do passado ainda assombrando Seungmin e Cristopher, mas naquele instante, havia algo mais forte: a esperança.
— Vamos para casa. — Minnie disse suavemente, tocando o braço do irmão. — Agora é só a gente.
Seungmin olhou para ela, depois para Cristopher, e então assentiu lentamente. A pulseira do sistema solar ainda pendia em seu pulso, um lembrete silencioso do vínculo que eles haviam formado, apesar de todos os obstáculos. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas sabia que, com eles ao seu lado, ele tinha uma chance de recomeçar.
O sol começava a despontar entre as nuvens, trazendo consigo uma leve sensação de calor. Seungmin respirou fundo, sentindo pela primeira vez em muito tempo que poderia, talvez, ser livre de verdade.
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Entre as sombras e o silêncio | chanmin
Fiksi Penggemaro Hospital Psiquiátrico de Sanatório Whitmore é conhecido por suas práticas rigorosas e por sua atmosfera opressiva. Cristopher Bang, um terapeuta jovem e ambicioso, chega para trabalhar no hospital, acreditando que pode trazer abordagens mais human...