Os dias no sanatório passaram lentamente para Seungmin. Depois da conversa com Cristopher sobre dar um tempo, o ambiente parecia mais pesado. A relação entre os dois, antes cheia de momentos furtivos e olhares cúmplices, agora estava marcada por uma distância sutil. Seungmin sentia o peso dessa distância durante suas sessões de terapia. As palavras de Cristopher sobre "dar um tempo" ressoavam em sua cabeça, e ele lutava para entender se aquilo era realmente o fim ou apenas uma pausa temporária.
Durante as sessões, Seungmin tentou, de todas as maneiras, quebrar a nova barreira que havia se formado entre eles. Em momentos em que estavam sozinhos no consultório, ele lançava olhares longos para Cristopher, esperando que ele também sentisse a mesma necessidade de conexão.
— Cris, nós poderíamos... apenas conversar. Como antes. — Seungmin sugeria, sua voz baixa, tentando puxar algum resquício da intimidade que eles haviam construído.
Mas Cristopher recuava sempre. Ele mantinha um sorriso profissional no rosto, mas suas respostas eram cada vez mais frias, controladas. Ele estava tentando os proteger, e Seungmin sabia disso, mas isso não diminuía a dor.
Em uma das sessões, Seungmin tentou segurar a mão de Cristopher, um gesto pequeno e rápido, mas cheio de emoção. Cristopher, sem dizer uma palavra, recuou imediatamente, puxando a mão de volta como se tivesse sido queimado. O gesto feriu Seungmin profundamente, mesmo que ele entendesse o motivo. A tensão entre eles parecia crescer a cada sessão, e Seungmin sentia que estava perdendo Cristopher, mesmo que ele ainda estivesse fisicamente ao seu lado.
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Minnie finalmente conseguiu uma nova autorização para visitar o irmão. Ela chegou à clínica com sua habitual energia, carregando uma sacola cheia de jogos de tabuleiro, cartas e até alguns materiais de arte — um pequeno gesto para ajudar Seungmin a se distrair e, quem sabe, trazer um pouco de alegria para sua vida solitária.
Eles começaram a tarde jogando um jogo de tabuleiro. Minnie sempre foi competitiva, e riram muito ao longo da partida. As cartas vieram em seguida, mas o verdadeiro momento de descontração chegou quando Minnie abriu os materiais de desenho e pintura.
— Você sempre foi bom nisso, Min. Vamos ver se ainda manda bem. — ela provocou, colocando os pincéis e lápis na frente dele.
Seungmin sorriu de leve e começou a desenhar sem dizer nada. Minnie, imersa em sua própria pintura, percebeu que o semblante de seu irmão mudou conforme ele traçava as linhas de seu desenho. Ele estava concentrado, mas também havia uma melancolia em seus olhos que não passou despercebida. Quando ela espiou sua folha, viu que Seungmin estava desenhando Cristopher.
— Min... — Minnie começou suavemente, não querendo interromper. — O que está acontecendo com você e Cristopher?
Seungmin parou de desenhar, seus dedos brincando nervosamente com a pulseira de sistema solar que Cristopher lhe dera. Ele olhou para a pintura por alguns segundos antes de suspirar profundamente.
— Eu estou com medo, Minnie. — ele confessou, a voz baixa e cheia de dor. — Eu tenho medo de arruinar a vida dele. E a carreira dele. Talvez... talvez eu devesse terminar com ele antes que seja tarde demais.
O olhar de Minnie suavizou, e ela colocou a mão no ombro do irmão, tentando passar algum conforto.
— Min, não acho que terminar seja a solução. Vocês estão em uma situação complicada, eu sei, mas isso não significa que precisa acabar.
— Mas e se eles descobrirem? E se isso destruir tudo para ele? — Seungmin perguntou, olhando para Minnie com desespero. — Eu não posso fazer isso com ele, Minnie. Ele já está arriscando tanto por minha causa.
— Vocês só precisam de um tempo, Min. Só até a poeira abaixar, até as coisas ficarem mais calmas. — Minnie sugeriu, tentando encontrar uma solução no meio de toda aquela confusão.
Seungmin abaixou a cabeça, ainda mexendo na pulseira, enquanto tentava processar as palavras da irmã.
— Mas e se... e se esse tempo virar algo definitivo? Eu não sei o que fazer.
Minnie suspirou, compreendendo a angústia do irmão. Ela sabia que ele estava preso em uma rede de emoções que mal podia controlar, e tudo o que queria era protegê-lo.
— Olha, Min. Você ama o Cristopher, certo? E, por tudo que eu vejo, ele também te ama. Vocês vão encontrar uma saída, mas precisa ser no tempo certo. Talvez um pouco de espaço seja bom, mas não deixe o medo decidir por você.
Seungmin assentiu, embora ainda parecesse confuso. O conselho de Minnie fazia sentido, mas as emoções dentro dele eram conflitantes. Ele queria Cristopher, precisava dele, mas o medo de machucar o homem que amava estava devorando-o por dentro.
Mais tarde, quando Minnie foi embora e Seungmin voltou para seu quarto no sanatório, ele deitou-se na cama, olhando para o teto. A pulseira de sistema solar no pulso agora parecia mais pesada do que nunca. As palavras de Minnie ecoavam em sua mente, mas a confusão emocional não desaparecia. Ele queria se proteger, proteger Cristopher, mas isso significava abrir mão de quem ele era fora do sanatório.
O som da porta se abrindo interrompeu seus pensamentos. Um enfermeiro entrou para verificar a sala, um lembrete constante de que ele estava preso ali, cercado por regras e restrições. O pensamento de perder Cristopher o aterrorizava, mas o peso de continuar como estavam era esmagador. Havia muito em jogo, e Seungmin sabia que a decisão que tomaria poderia mudar suas vidas para sempre.
Ele fechou os olhos, desejando que, de alguma forma, tudo ficasse mais claro.
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Entre as sombras e o silêncio | chanmin
Fanfico Hospital Psiquiátrico de Sanatório Whitmore é conhecido por suas práticas rigorosas e por sua atmosfera opressiva. Cristopher Bang, um terapeuta jovem e ambicioso, chega para trabalhar no hospital, acreditando que pode trazer abordagens mais human...