Os dias de Seungmin e Cristopher haviam se transformado em uma rotina reconfortante, embora sob a superfície, ambos sabiam que algo estava mudando. A tensão estava presente, mesmo nos momentos mais serenos, como uma sombra que nunca se dissipava. Ainda assim, eles se agarravam a esses pequenos momentos de paz — as tardes passadas juntos, as conversas baixas no consultório, e os olhares cúmplices que compartilhavam em silêncio.
Naquela manhã, Seungmin chegou para sua sessão com Cristopher como de costume. Havia um nervosismo evidente entre eles, mesmo que tentassem disfarçar. A enfermeira Rei, sempre observadora, estava do lado de fora do consultório, mas dessa vez não os encarava diretamente. Era como se ela estivesse aguardando algo, algo que Seungmin e Cristopher não conseguiam decifrar.
Cristopher, tentando aliviar a tensão, sorriu para Seungmin quando ele se sentou.
— Hoje eu pensei que poderíamos falar sobre como você tem se sentido ultimamente. Como estão os seus dias com Minnie?
Seungmin desviou o olhar, mexendo inconscientemente na pulseira de sistema solar que Cristopher havia lhe dado quando voltaram a ficar juntos.
— Eles têm sido bons. Minnie é uma ótima companhia... mas, Cris, eu estou com medo.
— Medo de quê? — Cristopher perguntou, preocupado.
— Medo de que tudo isso desmorone. De que alguém descubra sobre nós. Eu sinto como se tivesse uma espada pendurada sobre nossas cabeças.
Cristopher se aproximou, inclinando-se para segurar a mão de Seungmin. Ele hesitou por um momento, olhando para a porta, mas então apertou suavemente os dedos de Seungmin.
— Nós vamos ficar bem. Não importa o que aconteça, nós enfrentaremos isso juntos. Eu prometo.
Seungmin o encarou por alguns instantes, seus olhos cheios de preocupação e carinho, e Cristopher podia sentir a pressão invisível crescendo ao redor deles. A sessão continuou com uma calma forçada, ambos fingindo que o mundo ao seu redor estava estável. Mas, mesmo nos momentos em que estavam distraídos com a conversa, Cristopher não podia deixar de notar o olhar furtivo de Rei sempre que passava pelo corredor.
Mais tarde, naquela tarde, Seungmin e Cristopher decidiram sair para uma breve caminhada nos jardins do sanatório. O clima estava fresco, com o céu cinza anunciando uma possível chuva, mas a caminhada parecia ser uma boa maneira de clarear a mente de ambos. Enquanto caminhavam lado a lado, Cristopher, em um momento de impulsividade, roçou sua mão na de Seungmin. Era um gesto discreto, mas significativo.
Seungmin olhou para ele e sorriu, o coração aliviado por um momento, como se eles pudessem manter aquilo para sempre. Mas, conforme os minutos passavam, a presença constante de olhares julgadores ao redor parecia aumentar o peso de suas preocupações. Eles sabiam que estavam sendo vigiados, mesmo que não pudessem identificar por quem.
Foi então, ao voltarem para o prédio do sanatório, que tudo desmoronou.
Rei, a enfermeira que estivera os vigiando há semanas, finalmente se aproximou com passos firmes. Ela parou diante deles, o rosto sério, mas com um brilho de satisfação nos olhos. Cristopher sentiu o estômago revirar, como se soubesse o que estava por vir.
— Dr. Cristopher. — ela começou, sua voz firme e sem qualquer hesitação. — Eu tenho observado vocês dois há algum tempo. Tenho minhas suspeitas... e hoje, finalmente, decidi agir.
Seungmin deu um passo para trás, sentindo o frio atravessar sua espinha. Cristopher, por outro lado, ficou imóvel, sua mente já imaginando o pior. Ele abriu a boca para falar, mas Rei o interrompeu.
— Vocês dois estão envolvidos de uma maneira que vai muito além de um relacionamento profissional. — ela disse, sua voz baixa, mas implacável. — E eu tenho provas. Vocês são amantes.
O silêncio que seguiu sua acusação foi como um golpe direto no peito de Cristopher. Ele sentiu o ar escapar de seus pulmões enquanto tentava processar o que acabara de ouvir. Seungmin olhou para o chão, sentindo uma onda de pânico tomar conta de seu corpo.
— Isso... não é da sua conta. — Cristopher finalmente conseguiu responder, sua voz tremendo de raiva e medo, sem conseguir passar tanta confiança para se defender. — Não tem nada acontecendo...
Rei deu um sorriso frio.
— Infelizmente, Dr. Cristopher, quando se trata da segurança de um paciente sob os cuidados de uma instituição psiquiátrica, isso é da minha conta. E eu já informei a direção do sanatório. Eles estão cientes da situação.
Seungmin olhou para Cristopher, seus olhos cheios de pavor. Ele agarrou o braço de Cristopher, mas sentiu o mundo girar ao seu redor.
Rei deu um passo à frente, sua postura imponente.
— A única razão pela qual não houve uma intervenção imediata é porque eu quis dar a vocês a chance de confessarem antes que as coisas piorassem. Se quiserem cooperar, talvez haja alguma forma de amenizar as consequências. Caso contrário... bom, vocês dois sabem o que pode acontecer.
A ameaça era clara. Se a situação fosse levada ao extremo, Cristopher perderia sua licença, e Seungmin poderia enfrentar repercussões ainda piores. Os dois estavam entrelaçados em um dilema do qual não podiam escapar.
Seungmin estava trêmulo, sua mente correndo por mil cenários diferentes. Tudo o que ele temia, todas as inseguranças que o atormentavam, estavam se concretizando diante de seus olhos. Ele olhou para Cristopher, sentindo as lágrimas começarem a se formar.
— Cris, eu...
A mulher observava a cena com uma expressão quase satisfeita, como se já tivesse antecipado a queda dos dois.
— Vocês têm até amanhã para se apresentar à administração e confessar. Depois disso, não posso garantir o que acontecerá.
Ela se virou e se afastou, deixando Seungmin e Cristopher para trás, envoltos em um silêncio esmagador. O futuro, que antes parecia cheio de promessas e possibilidades, agora parecia escorregar pelas suas mãos, como areia entre os dedos.
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Entre as sombras e o silêncio | chanmin
Fiksi Penggemaro Hospital Psiquiátrico de Sanatório Whitmore é conhecido por suas práticas rigorosas e por sua atmosfera opressiva. Cristopher Bang, um terapeuta jovem e ambicioso, chega para trabalhar no hospital, acreditando que pode trazer abordagens mais human...