CAPITULO VIII: Laços de Sangue

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Alicent observava da janela do salão, cercada por livros antigos e pergaminhos, alguns escritos em valiriano, outros relatando as profecias de dragões. Seus olhos estavam fixos na cena à sua frente: Dhaelyra, agora começando a engatinhar, estava sob os cuidados de Aegon, que sempre parecia encontrar tempo para a irmã mais nova. O jovem príncipe, que muitas vezes evitava suas responsabilidades e era conhecido por sua despreocupação, mostrava um lado diferente com Dhaelyra. Ele se ajoelhava no chão, ajudando a pequena a mover-se pelo tapete, incentivando-a com palavras carinhosas e risadas suaves.

— "Você vai andar logo, minha pequena dragão," Aegon sussurrou para ela, enquanto Dhaelyra tentava se equilibrar, seus pequenos braços estendidos, os cabelos prateados caindo suavemente sobre o rosto.

A bebê soltou uma risada alegre, embora não conseguisse articular palavras ainda. Seus olhos violeta brilhavam de alegria enquanto ela puxava o dedo de Aegon para se equilibrar. Ele sorriu, puxando-a mais para perto.

Alicent, com um suspiro pesado, baixou o olhar para o livro que tinha nas mãos, uma antiga escritura sobre os dons dos dragões e a linha de sangue Targaryen. Ela lia com atenção, tentando decifrar as palavras e os augúrios que falavam do futuro. O nascimento de Dhaelyra e sua conexão com Canibal haviam levantado questões que ela não conseguia ignorar. O que o futuro reservava para sua filha? Seria ela um símbolo de caos ou de glória?

Seus pensamentos foram interrompidos quando Aemond entrou no salão, ofegante e suado após mais um treino com espadas. O jovem príncipe, ainda com seu rosto jovial e cabelo escorrido, dirigiu-se imediatamente à irmãzinha no chão. Ele tinha o olhar sempre sério, mas com Dhaelyra, sua expressão suavizava.

— "Ainda tentando engatinhar, pequena?" Aemond provocou, sentando-se ao lado dela. Dhaelyra, ao ouvir sua voz, virou-se rapidamente, e seus olhinhos se iluminaram. Sem hesitar, ela avançou desajeitadamente até ele, seus pequenos dedos encontrando os longos cabelos de Aemond.

Ela puxou os fios prateados com uma força surpreendente para alguém tão pequena. Aemond riu, algo raro de se ver, e não tentou se desvencilhar.

— "Ah, você gosta disso, não é?" disse ele, inclinando-se para deixar a irmã continuar a brincadeira. "Isso não é justo. Não posso me defender de você."

A pequena Dhaelyra gargalhou, sua risada enchendo o salão, enquanto Aegon observava a interação com um sorriso.

— "Ela já te derrotou, irmão," brincou Aegon, levantando-se para esticar as pernas. "Você vai ter que treinar muito mais para enfrentar Dhaelyra quando ela crescer."

Aemond riu novamente, puxando suavemente os dedos da irmã de seus cabelos. — "Acredito que ela vai superar todos nós um dia. Veja o que ela já conseguiu."

Alicent, ao ouvir as palavras de Aemond, sentiu um calafrio subir por sua espinha. A calma de seus filhos ao redor de Dhaelyra era reconfortante, mas ao mesmo tempo, ela não podia evitar o peso das profecias que lera. "Superar todos nós...", pensou ela, enquanto seus olhos voltavam às páginas dos livros. Seria isso um presságio de grandeza ou de destruição?

Alicent sabia que Dhaelyra não era uma criança comum, e por mais que amasse sua filha, a sombra do caos que ela poderia trazer ao mundo a assombrava.

Aegon, ainda de pé, olhou para a mãe.

— "Você está preocupada com ela, mãe," disse ele suavemente, caminhando até a mesa onde ela estava. "Você lê esses livros como se fosse encontrar respostas neles. Mas Dhaelyra é apenas uma criança. Ela é nossa irmã."

Alicent olhou para o filho, seus olhos refletindo uma mistura de amor e preocupação.

— "Eu sei que ela é apenas uma criança agora, Aegon," respondeu a rainha, sua voz suave. "Mas o sangue que corre nela... é diferente. E não falo apenas do sangue Targaryen. Algo mais foi despertado no nascimento dela, algo que até Canibal reconheceu."

Aemond, ainda sentado no chão com Dhaelyra agora aninhada em seus braços, olhou para a mãe com uma expressão mais séria.

— "Você teme por ela, mãe?" ele perguntou, enquanto a irmã mais nova brincava com seus dedos.

Alicent respirou fundo, fechando o livro em suas mãos.

— "Eu temo pelo que ela pode enfrentar. O que o destino pode lhe trazer. O que ela pode ser forçada a se tornar. Ela já carrega um fardo muito pesado para alguém tão jovem."

Aegon se aproximou e tocou o ombro da mãe com um sorriso leve, tentando aliviar a tensão.

— "Ela vai ter a gente, mãe," disse ele confiante. "Ela não vai enfrentar nada sozinha. Eu, Aemond e Helaena... sempre estaremos aqui para protegê-la. E você sabe como ela já nos encanta. Não há nada a temer."

Alicent olhou para Aegon, um pequeno sorriso surgindo em seus lábios.

— "Sim, meu filho. Você está certo. Mas ainda assim... há coisas que nós, Hightowers, jamais entenderemos completamente sobre o sangue dos dragões."

Dhaelyra soltou um gritinho animado, e todos no salão olharam para ela. A pequena princesinha estava agora de pé, apoiada nos braços de Aemond e balançando levemente, como se estivesse prestes a dar seus primeiros passos. Os irmãos se entreolharam, surpresos e encantados.

Aegon riu alto.

— "Olha só, parece que ela vai andar antes de engatinhar direito! Nossa pequena já quer voar antes de rastejar."

Aemond segurou a irmã com cuidado, permitindo que ela se equilibrasse.

— "Logo estaremos correndo atrás dela por toda a fortaleza," comentou ele com uma risada. "E talvez, um dia, quem sabe... voando juntos."

Alicent os observou, seu coração aquecido pela cena, mas com uma sombra de preocupação ainda pairando sobre ela. Havia amor e alegria entre eles, mas no fundo de sua mente, a rainha sabia que a história de sua filha estava apenas começando. E aquele começo já trazia sinais de que o futuro seria tudo, menos comum



 E aquele começo já trazia sinais de que o futuro seria tudo, menos comum

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