Capitulo XIV: A tempestade que cresce

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A Fortaleza Vermelha parecia imersa em uma calma que só os mais atentos perceberiam como enganosa. Os dias haviam se passado desde que Dhaelyra havia falado suas primeiras palavras, e o brilho nos olhos de Alicent ainda reluzia com o orgulho de uma mãe que via sua filha, tão pequena e vulnerável, crescer em força. Contudo, o mundo ao redor da família real nunca permanecia em tranquilidade por muito tempo.

Em seus aposentos, Alicent observava Dhaelyra brincar no chão, suas mãozinhas curiosas explorando os brinquedos esculpidos em madeira, enquanto Aegon, já não tão jovem e envolvido em suas paixões destrutivas, sentava-se em uma cadeira próxima, seus olhos às vezes se perdendo na dança do fogo na lareira. Ele olhava para a irmã mais nova com carinho, mas também com uma intensidade que revelava uma crescente preocupação. Ele sentia algo no ar — uma pressão invisível que se acumulava em torno da corte.

— "Ela está crescendo rápido," comentou Aegon, quebrando o silêncio.

Alicent, sem tirar os olhos da filha, suspirou.

— "Sim, rápido demais," respondeu. "Mais rápido do que eu gostaria. E o mundo ao nosso redor está cada vez mais ameaçador."

Dhaelyra soltou uma risadinha enquanto agarrava um dos brinquedos, balançando-o no ar. Seus olhos violetas brilharam, refletindo o fogo da lareira como uma pequena chama viva. Aegon sorriu levemente, mas o sorriso não atingiu seus olhos.

— "Eu a protegerei," disse ele em voz baixa, quase para si mesmo.

Alicent olhou para o filho mais velho, com um olhar de gratidão e alívio.

— "Eu sei que você fará, Aegon. Ela precisa de todos nós."

Enquanto isso, nas profundezas da Fortaleza Vermelha, Rhaenyra caminhava pelos corredores com seus filhos. Desde o incidente com Dhaelyra, sua raiva e ciúmes só haviam crescido. Ela sentia que a presença da filha de Alicent era um lembrete constante da divisão que corroía a família, e, para ela, Dhaelyra não era apenas uma rival em potencial, mas um símbolo de tudo o que Alicent havia tirado dela.

— "Aquele pequeno dragão...", murmurou Rhaenyra para si mesma, enquanto passava por uma tapeçaria que representava dragões voando sobre campos abertos. Seus filhos, Jacaerys e Lucerys, a seguiam em silêncio, mas o olhar de Jacaerys revelava a mesma inquietação que habitava o coração de sua mãe.

— "Mãe?" Jacaerys chamou suavemente, tentando ler os pensamentos sombrios que obscureciam a mente de Rhaenyra.

Ela parou, voltando seu olhar para ele, seus olhos carregados de um ressentimento que ele já conhecia bem.

— "Dhaelyra Targaryen," Rhaenyra falou, como se o nome da pequena fosse um fardo. "Ela vai se tornar um problema. Canibal já está ligado a ela, e você viu como Alicent está manipulando Viserys."

Jacaerys, sempre obediente, assentiu.

— "O que faremos?" ele perguntou, seus olhos cheios de incerteza.

Rhaenyra não respondeu de imediato, mas seus pensamentos estavam claros. Ela sabia que algo teria que ser feito, e rápido, antes que Alicent e Dhaelyra ganhassem ainda mais poder e influência. Sua raiva, inflamada pela visão de Alicent montada em Canibal, ainda não havia se dissipado. A cada rugido do dragão, ela sentia a ameaça de ser superada.

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Era uma tarde amena nos jardins da Fortaleza Vermelha. O sol, filtrado pelas folhas, lançava sombras suaves sobre Aemond e Dhaelyra, que, aos seis meses de idade, era uma pequena tempestade de alegria e curiosidade. A pequena princesa gargalhava enquanto tentava engatinhar atrás de Aemond, chamando-o carinhosamente de "Mond" com sua voz fina. Aemond, ainda uma criança, aproveitava a diversão com a irmã, que se revelava tão aventureira quanto carinhosa.

— "Você quer que eu a leve para passear de novo, não é?" disse ele, com uma risada suave, pegando-a no colo. "Está ficando exigente, pequena."

Dhaelyra riu em resposta, seu rosto iluminado de alegria.

Olhe, Lyra!", Aemond exclamou, tirando da lama um pequeno besouro, que rapidamente chamou a atenção de sua irmãzinha. Os olhos de Dhaelyra brilharam com a descoberta, e ela bateu as mãozinhas na terra, sujando-se ainda mais, enquanto um sorriso encantador se espalhava pelo seu rosto. Aemond riu junto com ela, encantado por ver sua irmã tão feliz e animada. "Você é uma verdadeira Targaryen, Lyra", murmurou com admiração, pegando o besouro e mostrando-o bem de perto.

Mas a tranquilidade do momento logo foi interrompida pela chegada de Helaena. Ao ver a cena, Helaena esboçou um sorriso, o que surpreendia qualquer um que a conhecesse bem. Apesar de sua aversão por contato físico e pelo caos ao redor, com Dhaelyra era diferente. O laço entre as duas irmãs parecia transcender qualquer desconforto que Helaena pudesse sentir. Helaena se aproximou lentamente, estendendo os braços, e Dhaelyra, ao vê-la, soltou um gritinho de felicidade. "Hela!", exclamou, tentando engatinhar até ela, deixando Aemond para trás com o besouro.

"Está na hora de um banho, minha pequena guerreira", murmurou Helaena, com ternura, ignorando a lama que sujava a roupa de Dhaelyra. Pegou a irmãzinha com cuidado, como se estivesse carregando o tesouro mais precioso, e ajeitou-a em seus braços, enquanto Dhaelyra descansava a cabeça no ombro dela, exausta depois da brincadeira.

Aemond observou a cena com um sorriso, contente por ver o vínculo especial entre suas irmãs. Ele conhecia Helaena o suficiente para saber que aquele comportamento era raro; Helaena nunca gostava de toque ou proximidade, mas parecia que Dhaelyra possuía o dom de acalmar o espírito inquieto da irmã mais velha. Com Dhaelyra, Helaena mostrava um lado terno e paciente, como se a bebê trouxesse um pouco de paz ao seu mundo particular.

Enquanto caminhavam para dentro da Fortaleza, Helaena cantarolava uma melodia suave, embalando Dhaelyra, que lutava para manter os olhinhos abertos. O som da voz de Helaena parecia uma canção antiga, familiar e repleta de significado. Dhaelyra suspirou, satisfeita, e fechou os olhos, sentindo-se segura nos braços da irmã.

Antes de sumirem na curva do corredor, Aemond as observou partir, com um sentimento de orgulho e afeição crescendo dentro de si. Sabia que, apesar de todas as dificuldades e diferenças, eles eram uma família — e que o vínculo entre Helaena e Dhaelyra era uma dádiva rara, algo que até mesmo os mais antigos Targaryen considerariam uma bênção.

 Sabia que, apesar de todas as dificuldades e diferenças, eles eram uma família — e que o vínculo entre Helaena e Dhaelyra era uma dádiva rara, algo que até mesmo os mais antigos Targaryen considerariam uma bênção

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