Capitulo XIII: As Primeiras Palavras

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Na calada da noite, os aposentos de Aegon estavam envoltos em um silêncio tranquilo, quebrado apenas pelo crepitar suave da lareira. Ele estava sentado em uma cadeira de couro, balançando gentilmente a pequena Dhaelyra, sua irmã caçula, que se aconchegava em seus braços com um leve sorriso no rosto. Seus olhos, grandes e curiosos, refletiam as chamas da lareira, e Aegon, mesmo jovem, sentia-se responsável por ela, como um protetor e irmão mais velho.

Dhaelyra murmurava algumas palavras desconexas enquanto Aegon tentava entretê-la com pequenos gestos e sussurros. Ele gostava de ver o quanto ela se encantava com as coisas simples ao redor. Ela era um pedacinho de inocência e luz em sua vida, e ele se sentia conectado a ela de uma forma que mal conseguia explicar.

De repente, Dhaelyra ergueu a cabeça e olhou fixamente para o rosto do irmão. Por um momento, parecia que ela tentava absorver cada detalhe, seus olhos brilhando em um misto de curiosidade e admiração. Então, com uma voz suave e hesitante, ela disse, com uma clareza que surpreendeu Aegon:

"E-gon."

Ele parou, seu coração quase parando ao ouvir a primeira palavra que saía da boca da irmã. Um misto de surpresa e orgulho tomou conta dele. Aquela era a primeira palavra de Dhaelyra, e ela havia escolhido o nome dele. Aegon sorriu, incrédulo, sentindo o coração disparar.

Ele se inclinou levemente, com um sorriso suave. "Dhaelyra... o que você disse? Diga de novo, pequena."

Dhaelyra deu uma risadinha encantadora e repetiu, com a mesma doçura, "E-gon."

Aegon a observou, fascinado. Sentia uma onda de alegria e emoção percorrer seu corpo; não poderia ter imaginado uma noite mais especial do que aquela. Ele a segurou com mais firmeza, como se temesse que aquele momento se desfizesse, e uma ideia repentina passou por sua mente: ele precisava contar a mãe. Ele sabia o quanto aquilo significaria para sua mãe. Com um impulso repentino, ele se levantou da cadeira, segurando a pequena Dhaelyra firmemente contra o peito, e saiu correndo de seus aposentos, percorrendo os corredores do castelo com passos rápidos e determinados.

Dhaelyra gargalhava a cada passo apressado de Aegon, e seu riso ecoava pelos corredores escuros. O som leve e inocente de sua risada parecia aquecer o ar frio da noite. Ela se divertia com a aventura, as pequenas mãos tentando agarrar o pescoço do irmão enquanto ele a carregava em direção aos aposentos dos pais.

Finalmente, eles chegaram. Aegon empurrou a porta com cuidado, tentando conter sua animação para não acordar os servos, mas sua expressão de excitação era incontrolável. Alicent, que estava acordada, ergueu o olhar, surpresa com a chegada repentina do filho mais velho e da caçula no meio da noite.

"Aegon," ela murmurou, em tom de preocupação. "O que está acontecendo? Está tudo bem?"

Antes que ele pudesse responder, Dhaelyra olhou para Aegon com seus grandes olhos brilhantes e disse mais uma vez: "E-gon."

O choque e a alegria encheram o rosto de Alicent, seus olhos se umedecendo com lágrimas de felicidade. Ela rapidamente se levantou e caminhou até os filhos, estendendo os braços para segurar a pequena Dhaelyra. Com um sorriso emocionado, Alicent pegou a filha nos braços, acariciando o rostinho dela com ternura.

"Oh, minha querida menina... você falou." Alicent sussurrou, incrédula, sua voz embargada pela emoção. Era como se aquela palavra — simples e curta — tivesse o poder de encher seu coração com uma felicidade quase insuportável.

Viserys, que estava sentado ao fundo do quarto, observava a cena em silêncio. Ele não era um pai próximo aos filhos; sua dedicação ao trono, sua atenção com rhaenyra e às questões políticas o afastavam de gestos de carinho e momentos familiares como aquele. Mas, naquele instante, ele não pôde deixar de se sentir um pouco tocado, embora permanecesse em sua quietude distante.

Dhaelyra, encantada com a atenção da mãe, olhou para Alicent e, com um sorriso travesso, murmurou outra palavra, como se tentasse comunicar o que seu coração sentia. Desta vez, com uma voz suave e hesitante, ela disse: "Ma-ma."

O som da palavra fez Alicent perder o fôlego. Ela fechou os olhos por um momento, uma lágrima solitária escorrendo por sua bochecha enquanto segurava Dhaelyra mais perto de si. Aquela palavra era tudo o que ela precisava ouvir, e parecia selar o amor profundo que sentia por cada um de seus filhos.

"Minha pequena princesa," ela sussurrou, beijando a cabeça de Dhaelyra com delicadeza. "Você é um presente dos deuses."

Aegon, que observava a cena, sentiu uma pontada de orgulho ao ver a alegria de sua mãe e o carinho com que segurava Dhaelyra. Ele sabia que aquele momento, por mais simples que fosse, simbolizava algo maior: uma promessa silenciosa de amor e lealdade que ele sempre guardaria por sua irmã caçula.

Ele olhou para a mãe, que ainda segurava Dhaelyra nos braços, e sorriu. "Ela realmente é especial, mãe."

Alicent olhou para Aegon com gratidão, sabendo que ele tinha sido o primeiro a testemunhar aquele momento, o primeiro a ver a filha deles falar suas primeiras palavras. Com um carinho genuíno, ela estendeu a mão e acariciou o rosto de Aegon. "Obrigada, meu querido. Você trouxe algo muito precioso para mim hoje."

Enquanto Alicent voltava a sua atenção para Dhaelyra, Viserys continuava em silêncio, mas havia algo no seu olhar que indicava um pequeno rompante de reflexão. Talvez ele entendesse que, apesar de suas obrigações e responsabilidades, havia algo nos vínculos familiares que não poderia ser ignorado. Mas, como era de seu costume, ele logo desviou o olhar, ocultando qualquer emoção que pudesse revelar.

Alicent percebeu o olhar de Viserys e suspirou, embora estivesse mais concentrada em Dhaelyra, que, agora, olhava ao redor, rindo suavemente, aparentemente alheia à complexidade de sentimentos que cercavam sua pequena presença.

"Eu espero que, um dia, você perceba como esses momentos são importantes, Viserys," Alicent disse em um tom baixo, quase para si mesma, ainda embalando Dhaelyra com um carinho maternal. "Talvez um dia seja tarde demais, mas eu farei o que puder para proteger e amar nossos filhos."

Viserys olhou para ela por um instante, mas não disse nada. A quietude entre eles era carregada, mas Alicent não se importou; sua atenção estava em seus filhos, e nada poderia tirar aquele momento dela.

Aegon se aproximou e colocou uma mão gentil no ombro da mãe. "Nós estamos aqui para você, mãe. Sempre."

Alicent olhou para ele e sorriu, tocando a mão de Aegon com gratidão. Ela sabia que, em meio a toda a incerteza e as rivalidades, aquele laço familiar era tudo o que possuía de verdadeiro e imutável. E, naquela noite, com a pequena Dhaelyra adormecendo em seus braços e Aegon ao seu lado, ela prometeu a si mesma que faria de tudo para proteger o que realmente importava.

Era um laço invisível que unia cada um deles, um laço que, embora às vezes abalado, resistiria às provações que o futuro traria. E naquele instante, com a suavidade do fogo aquecendo o ambiente e o amor envolvendo-os como um escudo, Alicent sabia que enfrentaria qualquer tempestade por eles.

 E naquele instante, com a suavidade do fogo aquecendo o ambiente e o amor envolvendo-os como um escudo, Alicent sabia que enfrentaria qualquer tempestade por eles

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