Capitulo XII: O Encontro com Canibal

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Assim que os filhos de Alicent correram para longe, Dhaelyra, com seus quatro meses, começou a engatinhar na direção de Canibal. Alicent observou, um misto de preocupação e alegria em seu coração. A grande besta de escamas negras e verdes estava imensa diante da criança, mas, para surpresa de todos, Canibal abaixou a cabeça gentilmente até o chão, como se estivesse esperando o toque delicado da pequena Targaryen.

— "Vai, minha pequena," Alicent murmurou, encorajando a filha. "Ele não vai te machucar."

Dhaelyra, com uma curiosidade que só as crianças têm, estendeu suas mãozinhas e tocou suavemente a escama de Canibal. Um momento de conexão pura se estabeleceu. O dragão, mesmo sendo uma criatura feroz, reagiu ao toque da criança com um sussurro suave, quase como um ronronar, que fez todos ao redor pararem para observar.

— "Olhem! Ele gosta dela!" Helaena exclamou, os olhos arregalados de admiração.

Logo atrás, Viserys e Daemon chegaram, ambos ainda em estado de choque. Viserys, seu semblante carregando a incredulidade, olhou para sua esposa e depois para o dragão, incapaz de encontrar palavras.

— "Alicent..." ele começou, sua voz baixa. "Você realmente montou em Canibal?"

Daemon, por outro lado, não conseguia esconder a expressão de espanto. A ideia de Alicent, uma Hightower, montando um dragão sem ser Targaryen era algo que desafiava todas as normas que conhecia.

— "Você está louca!" ele comentou, um misto de admiração e reprovação em sua voz. "Montar um dragão selvagem não é algo que se faz, e ainda mais com uma criança!"

Alicent virou-se para eles, seu coração pulsando com emoção e um toque de desafio.

— "Eu não sou apenas uma Hightower," ela respondeu, a voz firme. "Sou mãe. E esta é minha filha. O sangue Targaryen corre em suas veias, e Canibal a reconheceu. Ele sente isso."

Viserys, mesmo surpreso, não podia deixar de admirar a determinação de sua esposa. A conexão entre sua família e os dragões era algo que sempre deveria ser celebrado, não temido.

Dhaelyra continuava a acariciar Canibal, que permanecia calmo sob seu toque. Era um espetáculo que poderia parecer impossível, mas ali estava, uma prova da força e do legado Targaryen que estava ressurgindo na pequena criança.

— "Ela é especial," Helaena disse, enquanto observava a cena com um sorriso suave. "Ela pode ser a salvadora de nossa família."

Aegon acenou com a cabeça, olhando para Canibal com um novo respeito. "Se Canibal a aceita, então precisamos protegê-la. Dhaelyra é a nossa esperança."

Aemond, sempre o mais sério, finalmente encontrou suas palavras. "Precisamos garantir que ela sempre esteja segura."

Viserys, ouvindo seus filhos, percebeu que a verdade estava se formando diante dele. A pequena Dhaelyra não era apenas uma criança; ela era um símbolo de tudo o que a família Targaryen representava. Um novo começo em tempos incertos.

— "Alicent," ele disse, com firmeza, "precisamos cuidar de Dhaelyra. Ela pode ser a chave para a unidade que nossa família tanto precisa."

Alicent olhou para seu esposo, sentindo o peso das palavras. O que antes parecia um sonho agora se tornava uma responsabilidade. Mas, ao mesmo tempo, seu coração pulsava com um amor que a impulsionava.

— "Eu farei o que for necessário, Viserys," respondeu ela, com uma determinação renovada. "Dhaelyra crescerá sabendo do seu legado, e Canibal será parte de nossa história."

E assim, sob a sombra de um dragão e diante dos olhares admirados de seus filhos e maridos, Alicent sentiu que um novo capítulo estava prestes a ser escrito. O futuro da Casa Targaryen dependia deles, e ela estava pronta para enfrentar qualquer desafio que surgisse.

O calor daquele momento ainda pairava no ar enquanto Alicent segurava Dhaelyra próxima ao peito, sentindo o pequeno corpo da filha, tão frágil e ao mesmo tempo tão forte, como se todo o futuro da família estivesse em suas pequenas mãos. A sala ainda estava imersa em uma mistura de espanto e alegria, com Aegon, Aemond e Helaena cercando a mãe e a irmã mais nova.

Aegon, ainda processando o que havia acabado de acontecer, olhou para Dhaelyra com uma expressão diferente. Ele, que muitas vezes se envolvia em seus próprios vícios e escapismos, agora sentia uma responsabilidade maior. Dhaelyra era seu pequeno dragão, e ele sabia que, apesar de tudo o que o futuro guardasse, ele sempre estaria lá por ela.

Aemond, silencioso como de costume, olhava para a irmã com uma intensidade protetora. Ele já sentia uma conexão com Dhaelyra, e essa conexão só crescia com o tempo. Ele se aproximou de Alicent e, com gentileza, passou a mão pelo braço de Dhaelyra, onde as marcas roxas causadas por Rhaenyra ainda estavam se curando.

— "Essas marcas vão desaparecer," disse ele com firmeza, olhando para Alicent e depois para Viserys. "Mas não vou esquecer o que ela fez."

Alicent, sabia que o destino de Dhaelyra estava intrinsecamente ligado ao dos dragões e à Casa Targaryen, mas havia algo mais. Uma intuição, uma sensação de que o poder de sua filha iria além do que qualquer um poderia prever. Dhaelyra não era apenas mais uma princesa — ela era uma ponte entre dois mundos, e o fato de Canibal a ter aceitado, assim como a ela, era a prova disso.

— "Aegon," começou Alicent, quebrando o silêncio, sua voz firme. "Você e Aemond precisam estar sempre ao lado dela. Sempre."

Aegon assentiu, ainda segurando o olhar de sua mãe. Ele sabia que, apesar de seu temperamento imprevisível, tinha um dever. E Aemond, sempre sério e dedicado, confirmou com um aceno.

— "Ela nunca estará sozinha," prometeu Aemond. "Nunca."

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