Capítulo: XXIII

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— Você precisa ir para o hospital — insistia Ino, segurando uma xícara de chá em mãos  — Vamos, Sakura, levante-se.

O dia já tinha amanhecido, mas minha vontade de sair da cama era praticamente inexistente. Eu me sentia fraca, e toda vez que tentava levantar, a tontura me atingia em cheio, fazendo com que eu desistisse e me deitasse de novo, abraçada pela exaustão.

— Se continuar assim, vou ter que chamar a Shizune até aqui para te examinar — ameaçou, cruzando os braços.

— Não precisa, Ino — murmurei, enquanto me levantava devagar, sentindo meu estômago se contorcer. — Vou tomar um banho, e então vamos.

— Ótimo. Vou me arrumar também — ela falou, antes de se virar para pegar sua mochila que estava em cima da penteadeira.

Quando entrei no chuveiro, a água quente deslizou pelo meu corpo, aliviando por alguns instantes os sintomas ruins que me dominavam. Fechei os olhos, tentando me concentrar no simples prazer daquela sensação, enquanto o sabão escorria por minha pele. Mas, inevitavelmente, alguns flashbacks começaram a surgir na minha mente, e o aperto no peito voltou com força.

Não pensar em Sasuke era a tarefa mais difícil do meu dia. Nos momentos em que ficava sozinha, ele era a primeira coisa que surgia na minha cabeça, como se sua imagem estivesse gravada na minha alma. Cada lembrança, cada momento, era uma ferida que eu não conseguia ignorar.

Me deixe em paz Sasuke...

Sem perceber, lágrimas começaram a escorrer silenciosamente pelo meu rosto, um choro difícil de conter, misturado com toda tristeza que eu estava me obrigando a carregar sozinha. A saudade era como uma dor constante, quase física, um vício do qual eu estava tentando me desvencilhar, mas que me consumia um pouco mais a cada dia.

(...)

— Há quanto tempo você está se sentindo assim? — Shizune perguntou enquanto preparava a agulha para retirar uma amostra de sangue do meu braço. Mirei o olhar para o teto da sala, tentando ignorar o incômodo.

— Os vômitos começaram ontem, mas já faz alguns dias que venho me sentindo fraca. Acho que pode ser pelo cansaço da viagem longa que fiz até aqui.

— Vou levar essa amostra para o laboratório e ver o que está acontecendo — anunciou, colocando o tubo cuidadosamente em uma maleta. — Enquanto isso, vou aplicar uma medicação para aliviar os enjoos.

— Obrigada, Shizune. — Suspirei e me recostei na cadeira enquanto ela aplicava o remédio nas minhas veias, sentindo um alívio imediato.

— Sakura... posso ser um pouco indiscreta? — Ela parecia quase envergonhada ao perguntar.

Eu sorri levemente, com a forma que ela me perguntou, como se não fôssemos próximas.

— Você não precisa pedir permissão, Shizune. Pode falar o que quiser.

— Eu não quero que me interprete mal... — Ela desviou o olhar por um segundo antes de voltar a me encarar. — Mas... sobre você e Sasuke... vocês tiveram algum tipo de relacionamento durante esse tempo?

A pergunta me travou por alguns segundos. Me fazendo pensar; o que fomos? Percebi que até eu mesma não sabia me dar essa resposta.

— Se não quiser responder, eu entendo. — Shizune acrescentou rapidamente, percebendo meu desconforto.

Eu assenti devagar, sentindo meu rosto perder um pouco da cor.

— Nós tínhamos uma relação... acho difícil de explicar. Não posso chamar de namoro, mas havia momentos em que agíamos como se fosse.

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