Quebrando as regras por você

Capítulo: XV

Quando abri os olhos, o primeiro impacto foi a dor. Não era apenas uma pontada comum, mas algo que se espalhava como fogo por cada parte do meu corpo, dos meus ombros até as pernas. Tentei mover os dedos dos pés, mas parecia que estavam presos a um peso invisível, me puxando de volta para a cama. Respirei fundo, e até isso fez meu peito arder. Virei a cabeça para o lado e então percebi que Sasuke não estava mais no quarto. O espaço vazio ao meu lado parecia ainda mais frio, fazendo o ar ao meu redor ficar sufocante.

Com um suspiro, tentei mexer as pernas e jogá-las para fora da cama, mas a dormência era implacável. A luta anterior ainda parecia pesar em mim. Sabia que dessa vez levaria mais tempo para andar, e a sensação de impotência crescia junto com a dor.

Ergui a blusa e olhei para o corte no meu abdômen. A cicatriz estava fechando, mas a pele ao redor ainda estava sensível e avermelhada. Tentei concentrar meu chakra para curar a ferida, mas a tontura me atingiu em cheio, me obrigando a parar antes que o quarto começasse a girar.

O som suave da porta rangendo ecoou pelo quarto silencioso quando Sasuke entrou. Seus passos eram tão leves que pareciam flutuar pelo chão. Ele se movia com aquela típica calma dele, quase como se estivesse tentando se misturar com o ar ao redor. Por um momento, pensei que ele não queria me acordar, mas nossos olhares se cruzaram, e percebi que ele já sabia que eu estava desperta.

Ele parou por um instante, me observando em silêncio, como se estivesse medindo a distância entre nós antes de decidir o próximo movimento. Então, sem pressa, caminhou até o lado da cama. O cheiro sutil de chuva que sempre parecia vir com ele preencheu o espaço. Seus olhos, sempre tão profundos e sérios, analisavam cada detalhe, como se estivesse certificando-se de que eu estava bem.

Com um movimento lento, ele puxou a cadeira que estava ao lado da cama para mais perto e se sentou. Não havia necessidade de palavras. Só o fato da sua presença estar ali, ao meu lado, era suficiente para que eu sentisse uma onda de alívio atravessar meu corpo.

— Jugo vai trazer um chá para você — disse ele, num tom baixo. — Como você está se sentindo?

— Ainda fraca, mas a ferida está fechando — levantei a blusa para que ele visse. — Meu corpo está se recuperando aos poucos.

Ele observou a cicatriz por alguns segundos, avaliando-a.

— Era o que eu esperava.

— Sasuke... posso te perguntar uma coisa?

Seus olhos se estreitaram um pouco, em curiosidade, mas ele fez um breve aceno com a cabeça, indicando que eu podia continuar.

— Jugo... ele era um dos experimentos de Orochimaru, não era?

Sasuke assentiu sem hesitar, sem entrar em muitos detalhes, como se aquele fato fosse irrelevante para ele.

— Não quero que você use ele para matar de novo — falei de uma vez, sentindo meu coração acelerar ao ver a expressão dele endurecer por um breve instante. Seus lábios se moveram, como se estivesse prestes a dizer algo, mas ele optou por ficar em silêncio. — Jugo não merece isso.

— Entendo. — Sasuke desviou o olhar por um instante, o que era raro. — Mas Satoshi mereceu.

A menção de Satoshi fez meu estômago revirar, e minhas mãos apertaram o lençol com força. Minhas palavras saíram antes que eu pudesse me conter.

— Você não deu a ele nenhuma chance de se redimir. Todo mundo merece uma chance. Você nem escutou o que ele queria te dizer.

— Uma chance? — Sasuke se levantou de repente, sua voz agora parecia irritada — Olha para você, Sakura. Ele não teria te dado chance nenhuma. Se eu não tivesse chegado a tempo...