Capitulo II

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Estava escuro, apenas a fraca chama da vela lançava sombras dançantes pelas paredes frias da câmara. Eu havia adormecido, mergulhada em um sono agitado, sem ter noção de quanto tempo havia se passado. A sensação de dormência em minhas pernas persistia, tornando cada movimento um esforço. Com dificuldade, arrastei-me até a pequena fresta na cápsula, sentindo a textura áspera do metal sob meus dedos trêmulos. Enquanto tentava manipular a fechadura, meus ouvidos captaram os sons de passos se aproximando, ecoando no ar úmido daquele lugar. Não demorou muito para que vozes se juntassem aos passos, criando uma serie de incerteza e apreensão.

Encontrei ela no andar de cima, estava sozinha.

Era a voz da criatura, mas com quem ele falava?

Tentei enxergar pela fraca luz, mas a figura ao lado dele permanecia nas sombras. A criatura, que antes me tratara com brutalidade, agora falava em tom reverente. Era claro que ele respeitava profundamente aquele que estava ao seu lado. Eles trocaram palavras em sussurros, uma conversa a qual eu não conseguia ouvir mas que me deixou ainda mais apreensiva. Então, com um som metálico, ele começou a abrir a cápsula. Meu coração disparou. Estava certa de que ele queria me exibir ao rapaz que estava ao seu lado, aquele a quem ele se referia com tanto respeito. A proximidade deles, o som dos passos e o clique da fechadura aumentaram meu pavor. Eu ainda estava fraca e prestes a enfrentar algo ainda pior, imaginei.

Senti a mão forte me puxar pelos cabelos novamente, como se eu fosse lixo sendo descartado. A dor foi lancinante, mas não tive forças para resmungar; permaneci em silêncio, temendo aborrecê-lo ainda mais. A criatura me arrastou sem esforço, e eu só podia imaginar o que viria a seguir. Não sabia qual jutsu ele havia usado para paralisar minhas pernas, mas estava claro que eu estava em total desvantagem.

Minha mente fervilhava de autocrítica. Tudo isso era minha culpa, por não ser madura o suficiente para lidar com situações assim. Se Kakashi pudesse ver meu estado, estaria profundamente decepcionado. Minha mestra Tsunade ficaria ainda mais. A vergonha queimava quase tanto quanto a dor. Enquanto ele me puxava através daquele lugar sombrio, um pensamento terrível me assombrava: talvez eu morra aqui, e eles nunca mais me encontrem.

Irei morrer sem ter a chance de me defender.

— Me deixe sozinho com ela!

A voz era firme, mas ao mesmo tempo existia um senso de humor nela. Não havia sinais de autoridade, mas foi suficiente para que a criatura lhe obedecesse e saísse sem resmungar. Lembrava um pouco o tom otimista de Guy sensei quando ele queria ordenar algo para o time três mas não demonstrava tanta seriedade.

Me virei para tentar ver quem era o homem, mas a luz fraca me impediu de distinguir seu rosto.

— Levante garota — ele ordenou, mas me mantive na mesma posição.

— Você não ouviu? Disse para você levantar. — Repetiu sem paciência.

Como ele ousa? Será que não percebeu que sou incapaz? pensei.

O som do metal raspando no chão foi familiar, como a ponta de uma katana beijando o solo.

— Vou ter que fazer isso por você? — disse, dessa vez mais alto, claramente irritado.

— Não consigo... — murmurei, olhando para ele, frustrada por não poder ver sua expressão.

— Me diga seu nome — ele perguntou, e percebi seus passos se dirigindo até uma vela que estava em uma escrivaninha.

— Não lhe interessa — respondi friamente.

A luz foi ficando mais forte quando ele se aproximou, e baixei o rosto, esperando que o homem não me visse claramente.

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