Capitulo: XXVI

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O corpo de Obito começou a fraquejar de vez. Suas pernas cederam, e ele caiu pesadamente de joelhos antes de desabar no chão frio, arfando com dificuldade. Espasmos violentos percorriam seu corpo, e eu me ajoelhei rapidamente ao seu lado, tentando conter aqueles tremores com as mãos enquanto concentrava meu ninjutsu médico nas feridas mais profundas. Mas, no fundo, eu sabia... ele já havia perdido sangue demais. Tudo o que eu podia fazer naquele momento era tentar aliviar um pouco da sua dor, ainda que por um breve instante.

— Precisamos sair daqui logo — sua voz saiu abafada. — Eu... eu preciso vê-lo uma última vez. Eu preciso pedir perdão para kakashi.

Havia algo em seu tom, em seu olhar distante, que fazia meu coração apertar. Por mais que ele tivesse causado tanto sofrimento, não conseguia evitar sentir compaixão por ele. Era impossível ignorar a vida cheia de arrependimentos que ele escolheu — e o fim solitário que agora enfrentava, perdido nessa escuridão eterna.

— Fique calmo, Obito — pedi, tentando manter minha voz firme enquanto canalizava mais chakra em suas feridas abertas. — Eu preciso fechar esses cortes antes. Você está muito fraco.

Ele apertou os olhos, lutando contra a dor, enquanto o chakra verde brilhava sob minhas mãos, tentando ao menos estabilizar sua condição. Mas, por mais que eu me esforçasse, não havia garantia de que ele sobreviveria. E, enquanto o observava tão quebrado e à beira da morte, um pensamento terrível atravessou minha mente: poderia ter sido Sasuke nessas mesmas condições. Se ele tivesse seguido o mesmo caminho de vingança, estaria caído da mesma forma, à beira de um fim trágico.

— Não vale a pena, Sakura... — Seus olhos cansados encontraram os meus. — Não se esforce tanto... por alguém como eu.

Ignorei sua tentativa de me desencorajar e canalizei ainda mais chakra. Eu precisava ao menos tentar mantê-lo vivo o suficiente para que pudesse ter aquele último momento com Kakashi.

— Eu sou médica... toda vida importa para mim — respondi, sem parar o fluxo, embora uma parte de mim estivesse ciente da ironia. — Você ainda tem uma chance de se redimir.

Hesitei por um segundo, lembrando-me do grito que ele deu para parar Sasuke. Ainda não entendia como ele soube sobre a minha gravidez antes de qualquer um.

— Obito... como você sabia que eu estava grávida? — perguntei, achando uma maneira de desviar sua mente da dor que o consumia.

Ele olhou rapidamente para Sasuke, que estava distante o bastante para não ouvir, e então voltou a encarar meu rosto, sua expressão se suavizou com uma sombra de um sorriso amargo.

— Quando você me pediu para te levar para essa dimensão... — ele começou, com a voz falhando de vez em quando. — Talvez você não tenha percebido, mas... uma de suas mãos descansou sobre sua barriga enquanto explicava o que queria fazer. Naquele momento, eu soube. Foi um gesto pequeno, talvez ninguém tenha percebido... mas para alguém como eu, foi o suficiente.

Típico dos Uchihas, pensei. Sempre atentos aos menores detalhes, observando o que ninguém mais notaria. Era essa perspicácia que os tornava tão formidáveis... e tão perigosos.

— Obrigada, Obito — apenas agradeci segurando em uma de suas mãos, sem saber ao certo se essa era a palavra certa. Talvez fosse gratidão, talvez fosse alívio. — Você nos ajudou mais do que imagina.

Ele suspirou fundo duas vezes.

— Me desculpe Sakura. — Sua voz estava tão fraca que quase não consegui ouvir. — Era você quem deveria ter dito a ele. Mas... eu sei... o quanto é torturante enfrentar um genjutsu. Não queria que você passasse por isso.

Quebrando as regras por você Onde histórias criam vida. Descubra agora