Capitulo: XXI

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— Não sobrou nada de você... — soltei um suspiro pesado, sentindo o ar queimar minha garganta. — Nada que eu possa salvar.

Ele permaneceu calado, como fazia todas as vezes. Uma barreira intransponível de silêncio que só aumentava a distância entre nós. Mas, dessa vez, eu não iria parar. Falaria tudo.

— Eu pensei que meu amor fosse capaz de fazer algo por você... — por mais que eu tentasse manter a compostura, as lágrimas escorreram, traindo meu esforço. — Existe tanto amor dentro de mim, mas para quê? Amar sozinha é o mesmo que plantar uma flor no deserto, esperando que ela floresça sem água.

Minha voz se desfez. Era a primeira vez que eu admitia em voz alta, para mim e para ele, que não importava o quanto eu tentasse, algumas batalhas estavam destinadas a serem perdidas.

— Me responda, Sasuke. — Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia, quase como um pedido desesperado. — Existe algo dentro de você que eu seja capaz de mudar? — Meus olhos o encaravam, carregados de mágoa, mas ainda havia uma fagulha de esperança, uma última tentativa de acreditar que ele pudesse me dar a resposta que meu coração tanto desejava. — Existe amor por mim, dentro de você? Responda.

Responda Sasuke.

Ele desviou o olhar. Antes de me responder:

— Peça para Jugo te acompanhar. — Foi tudo o que ele disse, despedaçando todas as minhas expectativas com aquelas palavras frias e indiferentes.

— Era o que eu imaginava.

Quando me virei para sair, eu não tive coragem de olhar para trás. Era como se, com uma única frase, ele tivesse matado o pouco de esperança que ainda restava, deixando claro que tudo até agora havia sido em vão. Nada tinha valido a pena. Que idiota eu fui, ao ponto de acreditar que ele pudesse retribuir ao meu amor. Senti nojo de mim mesma ao perceber que eu só havia sido um objeto que ele usou para saciar seus desejos enquanto alimentava sua vingança. Nada foi sincero, nada foi feito de coração. Isso doía mais do que qualquer ferida física poderia doer.

— Você sempre estraga tudo

Ouvi ele murmurar como se estivesse reclamando. Tentei ignorar o que ele havia dito, mas seu tom ficou mais grave e quando me virei ele estava se levantando caminhando até minha direção.

— Como tudo isso é irritante... — Falou novamente, entrelaçando suas mãos nas minhas e me puxando para mais perto, até que nossos sapatos se tocassem. Com um movimento firme, me guiou para trás, pressionando meu corpo contra a parede.

O choque frio da superfície nas minhas costas me fez prender a respiração, e eu levantei o olhar para ele.

— As coisas não se resolvem assim, Uchiha Sasuke.

— Droga... — Ele grunhiu, enquanto encostava a testa na minha, deixando nossos rostos a centímetros de distância. Sua respiração pesada misturava-se à minha, como se ele estivesse se esforçando para tentar falar. — O que você quer Sakura?

— Eu só... não aguento mais. — abaixei o olhar, tentando reunir um pouco de força para continuar.

— Fique. — Ele me puxou pela cintura, forçando nossos corpos a se colarem, como se isso pudesse impedir o que estava por vir.

Por um breve momento, senti o calor dele contra mim, e foi impossível não suspirar com pesar. Mas eu sabia que precisava me afastar. Me desvencilhei de seu aperto, dando um passo para trás, até que minhas costas voltassem a encontrar a parede fria.

— Nós não temos os mesmos objetivos, Sasuke. — Minha voz tremeu, não de medo, mas de tristeza. Ir embora não seria fácil. Eu já tinha me acostumado com ele, com aquela vida que dividíamos, mesmo que fosse cercada de sombras. — Eu quero te salvar, mas você não quer ser salvo.

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